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The Last Guardian

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Foi uma longa espera, mas The Last Guardian está finalmente de volta.

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A última vez que alguém fora da Sony viu The Last Guardian, antes da nova revelação na passada E3, tinha sido em 2010. Por essa altura, Fumito Ueda - criador de Ico e Shadow of the Colossus - estava confiante que o jogo seria lançado no Natal de 2011, para a PlayStation 3. Como todos sabemos, isso nunca aconteceu. Cinco anos depois The Last Guardian voltou a ressurgir, agora com lançamento marcado para 2016 e em exclusivo para a PlayStation 4.

Muito se passou nestes cinco anos. Fumito Ueda acabou por deixar a Sony Japão e criou um novo estúdio, Gen Design, que continua a colaborar com a produção de The Last Guardian. A ligação do produtor ao projeto tornou-se bem evidente durante a E3, quando narrou ele próprio a demonstração exclusiva a que tivemos acesso. Antes disso já tínhamos tido a oportunidade de conversar com Shuhei Yoshida, Presidente da Sony Worldwide Studios, que partilhou alguns detalhes sobre a produção.

Não deixámos de transmitir a Yoshida a surpresa de ver o jogo ainda tão fiel ao conceito e à visão originais, algo que não é comum em projetos que são adiados repetidamente como foi o caso de The Last Guardian. Yoshida explicou-nos que isso tinha a ver com o processo criativo de Fumito Ueda. Ainda cedo no projeto, o produtor decidiu produzir um vídeo com a sua visão para o jogo, que partilhou depois com a sua equipa. Aparentemente já o tinha feito com Ico e Shadow of the Colossus.

Trailer PS4 - E3 2015

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No fundo, The Last Guardian é um jogo sobre um rapaz e o seu cão. Sim, nós sabemos que Trico não é realmente um cão, e Ueda referiu que foi buscar inspiração a muitos animais, mas é óbvio que o comportamento base da criatura se assemelha à de um cão. Os sons que faz, a forma como se coça, as interações que tem com o rapaz, e a sua (des)obediência às ordens - mesmo que se mantenha independente - informam muito sobre a postura da criatura. Trico é muito mais poderoso e imponente que o rapaz, mas requer direção, paciência e companheirismo por parte do jovem.

A demonstração que mostraram na E3 decorre a cerca de um terço da aventura. Neste ponto, Trico e o rapaz já estabeleceram um bom laço de confiança e a criatura é mais obediente. A certo ponto o rapaz sobe para as costas de Trico, para retirar algumas lanças que estão cravadas nas suas costas. Isto mostra a atenção ao pormenor que fez a diferença em jogos como Ico e Shadow of the Colossus, uma ligação entre contexto e controlos que não é comum noutros jogos. A ação para tirar as lanças parece simples, e provavelmente seria acionada com um simples botão noutros jogos, mas The Last Guardian não é "outros jogos". Na verdade têm de segurar dois botões e utilizar o analógico a preceito, numa ação contextual que acrescenta mais esforço à experiência. Em suma, estão a segurar-se à criatura, a agarrar a lança, e a puxá-la, três ações em simultâneo.

Ao puxar a lança, caem penas da criatura no chão, numa cena que é visualmente impressionante pela maior parte, mas que tem ligeiras falhas. A decisão de cobrir a criatura de penas mostra uma atenção tremenda ao detalhe, mas é uma escolha de design que pode ter custado à imersão do jogador, já que as penas atravessam o rapaz. Não é nada muito grave, mas considerando a forma orgânica e realista como tudo decorre em The Last Guardian, é um pormenor que pode distrair o jogador durante alguns momentos. Também notámos que o jogo utiliza um excelente sistema de efeitos para partículas (e borboletas), e que a iluminação melhorou bastante desde a versão PS3. Na verdade, esse foi o motivo que levou ao adiamento do jogo e à passagem para a PlayStation 4 - a visão original para The Last Guardian não podia ter sido cumprida na geração anterior devido a limitações técnicas.

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Trico tem olhos enormes que garantem tremenda expressão à criatura. Existe uma vontade imediata para cuidar de Trico, de alimentar uma relação que irá certamente crescer com a aventura. Conhecendo o passado de Ueda, um jornalista afirma o seguinte: "Vocês sabem que ele vai morrer no fim, certo? Que se vai sacrificar para salvar o rapaz e que vai ser terrível." Não fazemos ideia se será mesmo assim, mas acreditamos que de uma forma ou de outra, a viagem é o que mais importa em The Last Guardian.

A ligação entre Trico e o rapaz exige naturalmente muita atenção, mas são apenas uma parte do puzzle. Como em qualquer jogo de Famito Ueda, as localizações e o cenário serão igualmente importantes, misteriosos e majestosos. Ueda mencionou que a verticalidade e a escala foram dois elementos essenciais para o design do mundo de The Last Guardian. Durante a demonstração verificámos que o jogo transmite uma fantástica sensação de perigo, enquanto pontes abanam e o rapaz se esforça para cumprir alguns saltos impressionantes. Segundo Ueda, tudo isto ajuda a acrescentar ao "stress psicológico" que pretende passar ao jogador, e que também cumpre o propósito de reforçar a relação de Trico com o rapaz.

Trailer PS3 - TGS 2010

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Os produtores também fizeram questão de referir que toda a demonstração, incluindo a que vimos na conferência da Sony, está a correr em tempo real. O jogador pode não conseguir apanhar a cauda de Trico quando a ponte está a cair, e alguns puzzles podem ser resolvidos de várias formas. Na demonstração, o rapaz espera que Trico passe por uma enorme fenda e depois salta na esperança que a criatura o agarre, mas existem outras maneiras. O jogador podia simplesmente ter saltado para as costas de Trico para saltarem os dois ao mesmo tempo - mas se largarem as suas costas, podem cair.

Um botão tem como função chamar Trico, ou se estiverem perto o suficiente, podem fazer-lhe festinhas. Outro botão pede à criatura para parar de fazer a sua ação naquele preciso momento. A chave de toda a experiência é que nunca estão realmente a controlar Trico, apenas podem fazer sugestões. A criatura é totalmente independente e será a confiança e a cumplicidade do duo que vai permitir colaborações progressivamente mais arriscadas.

Foi uma longa travessia no deserto para The Last Guardian, um processo de produção que durou uma geração inteira (PS3) e que ainda não acabou. O conceito original conseguiu permanecer intacto apesar de todos os problemas e continua a ser uma experiência que aparenta ser tão única e especial agora, como o era há cinco anos. Esperemos que 2016 seja finalmente o ano de The Last Guardian.

Trailer PS3 - E3 2009

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