De vez em quando, existe uma equipa que se quer desviar dos géneros estabelecidos e experimentar algo novo. De acordo com o estúdio polaco Tate Multimedia, é exatamente isso que a sua equipa está a fazer com o seu novo jogo, Steel Rats. O Gamereactor foi recentemente convidado a visitar Varsóvia para jogar este jogo de plataformas e ação de estilo arcade em 2.5D e onde os ingredientes fortes são as motos e os robôs.
Steel Rats tem lugar numa versão fictícia dos anos 1940 e numa cidade retrofuturista americana que, de acordo com os criadores, tem como inspiração a Gotham City da série de animação de Batman. Enquanto jogávamos, sentimos que os carros antigos, a arte dos posters e a arquitetura dos edifícios de facto conseguem de facto criar uma atmosfera similarmente sombria. Os gráficos e os níveis a correr com o motor Unreal 4 parecem bem aperfeiçoados, com imensos detalhes nas motos 2.5D e nos robôs, assim como várias camadas de fundo que mostram pontes a arder, florestas assustadoras e robôs voadores enormes. Na verdade, oferece uma atmosfera muito séria e sombria, embora os criadores possam adicionar um toque de humor mais tarde, para atenuar um pouco. A Tate Multimedia contratou um designer de áudio que anteriormente trabalhou em jogos como Layers of Fear e que irá adicionar uma banda sonora à base de sons de sintetizador inspirada nos anos 80, um pouco ao género de Stranger Things, para acentuar ainda mais o ambiente.
Os três níveis que jogámos (de um eventual total de 30) apresentavam pessoas a correrem em pânico enquanto os robôs invadiam a cidade e zepelins em chamas a despenharem-se ao fundo. O enredo gira em torno de um grupo de quatro motociclistas que buscam um amigo desaparecido misteriosamente. Enquanto se preparam para o procurar, a cidade começa a ser atacada por robôs malvados. A história do que aconteceu ao seu amigo desaparecido e quem são os robôs e o porquê de estarem a atacar a cidade será desvendada gradualmente enquanto jogamos.
O jogo tem quatro personagens jogáveis: um motoqueiro de longo alcance que dispara mísseis; uma motoqueira veloz que dispara chamas da parte de trás da moto; uma espécie de "tanque" que pisoteia e colide com os inimigos; e finalmente um punk focado em ataques corpo a corpo com uma espécie de laço verde que usa para se aproximar dos inimigos. Todos eles conduzem motos ao estilo das Harley Davidson e cada uma tem o seu ataque especial. Estes ataques exigem energia que apenas é carregada através de itens que os inimigos derrotados deixam para trás. É possível alternar entre as personagens e os desafios do jogo exigem que escolhamos o motociclista mais adequado para cada momento em particular.
Que tipo de desafios vamos encontrar no jogo? A Tate Multimedia é também a criadora da série Urban Trial, que se focava na condução cuidadosa de uma moto através de vários cenários, com o objetivo de completar os níveis o mais rapidamente possível (bem ao jeito de Trials, da Redlynx). Steel Rats requer alguma destreza, mas está a tentar encontrar um equilíbrio entre conduzir e saltar com a moto através de plataformas e atacar os inimigos robóticos. São exigidos muitos saltos, assim como reflexos rápidos, e precisamos de nos desviar de comboios vindos de direções diferentes, por exemplo. A maneira mais direta de eliminar os robôs é com a serra incandescente da roda dianteira, mas também podemos refletir disparos ou usar uma grande variedade de ataques especiais. Existem também caixas de armas que deixam cair de tudo, desde metralhadoras a dinamite. Para melhorar as personagens, temos de recolher sucata e usá-la para comprar alterações cosméticas ou novas habilidades. A sucata é recolhida ao eliminar robôs grandes, mas há também um grande número de robôs pequenos que podem ser eliminados com facilidade. Como explica o diretor de programação, Krzysztof Siewiorek, a sucata existe porque a equipa queria adicionar um elemento arcade, mas sem nos dar simples moedas ao estilo de Mario sem qualquer tipo de esforço.
Os níveis adicionais irão oferecer uma variedade de desafios. Os níveis que jogamos incluíam derrotar bosses fortes a meio e no final dos níveis, mas outros poderão girar em torno de desafios completamente diferentes.
Por exemplo, existirão níveis onde somos perseguidos por vários perigos como pedras rolantes e níveis que exigem que completemos uma corrida dentro de um certo período de tempo. A condução vertical é outro elemento que necessita sobretudo de perícia na condução ao invés de habilidades de luta. Michal Azarwicz, o responsável pelas relações pública do estúdio, disse-nos que querem oferecer uma grande diversidade em termos de desafios, ritmo do jogo e configurações para os diferentes níveis. Esperamos que a versão final ofereça muita variedade, caso contrário, matar robôs poderá tornar-se um pouco repetitivo.
Os controlos do jogo pareceram bem concebidos. Na mesma onda dos jogos de luta como Killer Instinct, precisamos de pressionar botões em simultâneo para realizar ataques especiais e finais. Começámos a nossa sessão de jogo no PC com algumas dificuldades, mas cedo apanhámos o jeito aos controlos.
Infelizmente, a versão pré-alfa que testámos ainda apresentava muitos bugs e falhas que esperamos que não estejam na versão final (o jogo ainda está em fase de desenvolvimento). Por exemplo, durante a nossa sessão de captura de imagens tentámos por três vezes terminar um boss final: da primeira vez, ele voou para fora do mapa; da segunda vez, o ecrã ficou completamente cinzento; da terceira vez, conseguimos derrotá-lo, mas o nosso motociclista ficou de alguma forma preso ao seu cadáver.
Siewiorek explicou que a maioria dos bugs foram causados pelo facto da equipa ter optado por fazer de todos os robôs (e motoqueiros) objetos físicos. Os motociclistas têm 43 pontos modelados que interagem com a física do jogo (uma moto em GTA V tem apenas três, de acordo com a Tate) pois a equipa queria que os movimentos das motos fossem realistas e ao mesmo tempo desafiadores. De facto, as motos movem-se muito realisticamente pelo mapa, por exemplo, ao fazer curvas apertadas e ao embater em carros ou robôs. Outro elemento que nos agradou é a forma como a moto aparentemente se move livremente dentro do mundo 2.5D. Podemos conduzir para cima e para baixo enquanto nos movemos para a esquerda ou para a direita. O diretor de design da Tate Multimedia disse-nos mais tarde que o jogo tem dois caminhos entre os quais podemos alternar, mas que adicionaram subcaminhos que permitem esquivar-nos de objetos. Se não nos tivessem revelado isso, estaríamos convencidos de que tínhamos liberdade total de movimentos.
Os criadores vão adicionar classificações multijogador para que os jogadores possam voltar a jogar os níveis de forma a acabá-los com a pontuação mais alta, com base na velocidade e também nos pontos ganhos ao fazer saltos espetaculares e usando ataques mais variados. Está também planeado um modo multijogador (embora ainda não confirmado), algo que realmente combina com o jogo, na nossa opinião. Já um editor de mapas será algo dificilmente incluído devido aos complexos sistemas físicos do jogo. No total, os criadores pretendem fornecer pelo menos entre seis a oito horas de jogo simplesmente ao terminar os níveis, com os segredos e os desafios de velocidade a aumentarem o tempo.
Concluindo, Steel Rats é um jogo pequeno que aponta a uma alta qualidade e uma experiência completa. A Tate espera lançar o jogo algures durante o outono de 2018 para PC, PlayStation 4 e Xbox One, com uma versão para Nintendo Switch na calha se o jogo for um sucesso nas outras plataformas. Se procuram um jogo de motos casual, mas ainda assim desafiador e atmosférico (embora com um toque especial), coloquem-no no vosso radar, em especial se o modo multijogador for incluído e os níveis forem tão diversos quanto os criadores prometem.