A Image & Form consegui alcançar algo de especial com a licença SteamWorld. O primeiro jogo, SteamWorld Dig, agarrou-nos de princípio ao fim, e quando o acabámos, recomeçamos a aventura sem pensar duas vezes. SteamWorld Dig 2 fez tudo o que se pede a uma sequela, melhorando e expandido o conceito original. O próprio SteamWorld Heist, já um bocado diferente, manteve a fasquia elevada através de várias plataformas. Ou seja, SteamWorld é uma série que, até agora, sempre apresentou humor, design, e jogabilidade, de qualidade.
Em vez de repetir a fórmula, a Imagem & Form está a tentar apresentar algo novo com SteamWorld Quest: Hand of Gilgamech, que agora é baseado num género de fantasia. E pelo que jogámos no escritório do estúdio, é mais uma expansão maravilhosa do universo de SteamWorld. Hand of Gilgamech funciona como um RPG por turnos, mas com um sistema de cartas à mistura. Uma espécie de JRPG com mecânicas de Hearthstone embutidas. Não vão jogar em tabuleiros, nada disso, mas as habilidades das personagens estão ligadas a cartas, e construir um bom baralho é essencial para o sucesso.
O combate lembrou-nos um pouco de Paper Mario, embora seja mais subtil, e não tenha as particularidades culturais dos jogos japoneses. O sistema de cartas parece oferecer grande profundidade, mas o que jogámos não foi suficiente para perceber até que ponto, já que apenas jogámos uma pequena porção. O jogo vai incluir mais de 100 cartas, que não só devem permitir várias estratégias, mas também devem apresentar várias habilidades engraçadas.
As batalhas por turno são divididas entre as três personagens que escolheram para o vosso grupo, as suas cartas específicas, e os inimigos que estão a enfrentar. Existem cartas dedicadas ao ataque, à defesa, e ao melhoramento do grupo, e durante as batalhas é fundamental escolher a carta que melhor se ajusta à situação - se o inimigo está a preparar um grande ataque, talvez seja mais eficaz jogar à defesa, por exemplo. Na demo que jogámos, não tivemos a possibilidade de escolher as cartas, e as três personagens funcionavam essencialmente como os arquétipos básicos dos RPG: guerreiro, ágil, mago.
Não são obrigados a jogar uma carta de cada personagem, podem escolher jogar três cartas do mago, por exemplo, e se fizerem isso, podem receber um bónus que acrescenta uma carta extra ao turno. Nas raras ocasiões que conseguimos isto, recebemos uma versão melhorada de uma carta que já tínhamos - por exemplo, se uma carta levanta um escudo para uma personagem, a versão melhorada vai levantar para as três. O sistema parece funcionar bastante bem, e apresentou um bom ritmo mesmo considerando a escolha por turnos.
A ideia de passar os Steambots para um mundo de fantasia, combates por turnos, e habilidades à base de cartas, é estranha, mas também interessante. É a prova da flexibilidade da Imagem & Form enquanto estúdio, e da licença que criaram. Os cenários de fundo, desenhados à mão, casam na perfeição com o design das personagens, e como aconteceu com os outros títulos, ficámos presos ao nível de detalhe colocado em cada cena. E claro, o humor. Esta demo foi suficiente para percebemos referências crípticas, algumas 'bocas' engraçadas, e situações divertidas, mas tudo adaptado ao género de fantasia.
A Image & Form habituou-nos a esperar o melhor de SteamWorld, e nada do que vimos em Hand of Gilgamech nos leva a pensar o contrário para o novo jogo. É algo completamente diferente do que o estúdio fez no passado, mas sem perder a sua identidade, humor, e qualidade de design. Além disso, mantém-se acessível e familiar. SteamWorld Dig 3 seria a aposta segura, mas o estúdio decidiu arriscar, e nós estamos prontos para confirmar que o risco valeu a pena.