Hades

As famílias podem ser complicadas, sobretudo as relações entre pai e filho. Agora imaginem que o vosso pai é Hades, o senhor do Inferno da mitologia grega. É precisamente esse o conceito do novo jogo da Supergiant Games, os criadores de Bastion, Transistor, e Pyre. Hades não se interessa muito pelo seu irmão, Zeus, preferindo ficar sentado junto do seu cão de três cabeças, Cerberus.

O jogador vai assumir o papel de Zagreus, que eventualmente decide que uma vida no Inferno não é exatamente o que procura. O problema é que sair do Inferno não é assim tão fácil, nem para o filho de Zeus, o que significa que terão de enfrentar uma série de desafios para cumprirem o vosso objetivo.

Em termos práticos, tudo isto traduz-se num RPG de ação com elementos de Roguelike. Quando morrem, vão regressar à área central entre zonas, onde podem aprofundar o vosso conhecimento da história, explorar mecânicas de jogo, e desbloquear melhoramentos. Até podem conversar com Hades e com os seus servos, e até com um dos vossos melhores amigos, Achilles. Depois, é tentar novamente chegar o mais longe possível.

Cada tentativa é diferente, já que o layout dos mapas é alterado sempre que recomeçam uma aventura. Conforme avança pelo mapa vão enfrentar inimigos poderosos, bosses assustadores, e tomar decisões em relação ao tipo de recompensas querem tentar obter. Embora o mapa seja alterado, existem alguns momentos pré-definidos, incluindo encontros com personagens. É desta forma que a narrativa de Hades se desenrola, apesar da estrutura roguelike.

Em cada uma das tentativas, podem ganhar o favor de vários deuses do Olimpo, o que acrescenta ainda mais variedade à jogabilidade. Zeus, por exemplo, acrescenta efeitos de relâmpagos aos ataques de Zagreus, que saltam entre inimigos. Já Aphrodite, diminuiu a velocidade do nosso desvio rápido, mas acrescentou-lhe a capacidade de danificar em quem acertar. Estas habilidades permitem direcionar a jogabilidade para um determinado estilo de jogo, acrescentando alguma profundidade tática.

Hades está neste momento em acesso antecipado, na Epic Store, com um preço de € 17.49. Inicialmente começamos a jogar com rato e teclado, mas eventualmente mudámos para o comando porque gostámos mais do movimento direto. Seja qual for a opção a nível de input, Hades funciona bem dentro da sua simplicidade. Têm um ataque básico, a habilidade especial, o desvio, e um ataque de longo alcance. Com o avançar do tempo vão desbloqueando armas (o arco foi dos nossos favoritos), o que permite afinar ainda mais o estilo da jogabilidade.

A Supergiant Games tem fama de apresentar jogos de grande qualidade ao nível do estilo visual e da banda sonora, e Hades não é exceção. Através de uma perspetiva isométrica, Hades apresenta cenários altamente detalhados e personagens cheias de estilo, com animações fluídas. Essa fluidez foi ocasionalmente prejudica por algumas redução nos frames por segundo, mas como já referimos, o jogo ainda está em acesso antecipado. Aliás, considerando isso mesmo, Hades apresenta-se já num estado bastante sólido, tanto a nível de conteúdo, como de polimento. Ainda assim, é esperado que o estúdio continue a acrescentar conteúdo e a afinar sistemas antes do lançamento definitivo.

O estilo da arte é fantástico, a estrutura parece bem pensada e executada, e a jogabilidade é rápida e satisfatória. À medida que a Supergiant Games for reforçando o jogo, esperamos ver um acréscimo de possibilidade em termos de táticas e combate, e será essa variedade - e o equilíbrio entre todos os elementos - que acabará por eventualmente determinar se Hades é um dos melhores do género ou não. Como está, Hades é um jogo altamente promissor, já perfeitamente jogável e divertido. Se são fãs do género, vale a pena manter este debaixo de olho.