Imagine um mundo mergulhado no caos, onde magia e traição se entrelaçam para criar uma cúpula mágica impenetrável em meio a uma guerra sem fim. Você é um prisioneiro jogado nas minas de Khorinis, uma terra invadida por hordas de orcs e guardada pela cúpula mágica criada por King Rhobar II.
Imagine que esta cúpula não apenas o prende em uma mina vasta e perigosa, mas também impede qualquer fuga de sua prisão escura. Os magos responsáveis por erguer a barreira cometeram um erro crítico, fazendo com que a magia saísse do controle e transformasse a área em uma terra selvagem e hostil.
Imagine que os prisioneiros, uma vez subjugados, assumiram o controle, e agora as minas são governadas por facções violentas travadas em constante conflito. King Rhobar II é forçado a negociar com esses novos líderes enquanto as tensões aumentam entre os grupos que disputam o poder. Imagine tudo isso. Mas, acima de tudo, imagine o que ninguém previu. Imagine a chegada de um prisioneiro desconhecido. Imagine aquele prisioneiro. Esse prisioneiro é você. E você pode ser o único a mudar o curso da história.
Este é o cenário apresentado pelo remake Gothic, um projeto publicado pela THQ Nordic que visa repintar a velha tela mágica de um RPG clássico com novas cores. Durante a Gamescom 2024, tivemos a chance de mergulhar no universo renovado de Gothic, e hoje estamos cobrindo todos os detalhes sobre o jogo.
Pedimos desculpas antecipadamente se mergulharmos mais fundo do que o normal na narrativa do jogo, mas acreditamos que é um aspecto crucial para entender completamente o remake. E se há uma coisa a destacar, é essa. É a história. É a chance de jogar um RPG que faz todo o sentido.
Então, de onde veio essa ideia? Durante a Gamescom 2024, perguntamos aos desenvolvedores, e eles explicaram que a criação da cúpula mágica e do cenário da colônia prisional é inspirada em elementos da cultura pop e do design dos jogos anteriores. A barreira, influenciada pelo filme Escape from New York (1981), serve como uma solução criativa para conter efetivamente o mundo do jogo. Esse conceito inovador permitiu que os desenvolvedores criassem um ecossistema fechado e dinâmico onde os jogadores podem explorar e enfrentar desafios únicos. Isso me lembra Under The Dome de Stephen King. Mas, independentemente do que isso te lembra, é claro que é um conceito brilhante para um RPG.
Outra característica de destaque do remake são seus gráficos. Os desenvolvedores nos explicaram a transição que tiveram que fazer de Unreal Engine 4 para Unreal Engine 5 - e os desafios que vieram com isso.
O resultado é impressionante: iluminação realista, texturas detalhadas e ambientes imersivos que aprimoram a experiência visual. Além disso, eles não dependem de pinturas foscas, então o resultado é um mundo verdadeiramente imersivo, onde nenhuma pedra é deixada de lado, permitindo que você interaja com os mínimos detalhes.
Dito isso (como em tudo na vida), nem tudo é sol e rosas. Embora a tecnologia avançada seja clara, alguns jogadores podem achar que o design artístico do remake se esforça para equilibrar a modernização com a fidelidade ao estilo visual original. O uso excessivo de efeitos de pós-processamento pode fazer com que o ambiente pareça artificial, prejudicando a clareza e o realismo.
Quanto à narração, a dublagem é excelente e não encontramos nenhum problema quando jogamos o jogo na Gamescom. No entanto, uma vez em casa, longe da emoção do evento, um problema começa a surgir. À medida que você avança no jogo, um problema bastante desagradável começa a aparecer.
A abordagem narrativa do remake introduz comentários constantes do protagonista, uma mudança significativa em relação ao tom mais sutil do jogo original. Isso prejudica a técnica narrativa 'mostre, não conte'. Resumindo: o protagonista não para de falar alto.
Embora a narração em primeira pessoa tenha como objetivo aumentar a imersão, às vezes pode interrompê-la e reduzir o apelo do protagonista. O jogo original foi conhecido por sua atmosfera imersiva e narrativa sutil, o que contribuiu para uma experiência profunda e envolvente. Essa nova abordagem pode diluir essa atmosfera, afastando os jogadores da experiência imersiva que definiu o jogo clássico.
O sistema de combate do remake foi modernizado e pode ser comparado a jogos como For Honor. Pessoalmente, gostei do que vi. No entanto, os fãs do jogo original podem achá-lo rígido e limitado em comparação com a mecânica clássica. Embora o combate ofereça profundidade e uma variedade de armas e magia, alguns jogadores podem achar menos flexível do que gostariam.
Outro aspecto positivo do remake é seu ambiente realista, com NPCs seguindo rotinas diárias e um mundo que reage dinamicamente às ações do jogador. Isso promete uma experiência imersiva e vibrante.
Além disso, o jogo mantém a liberdade de exploração característica do original, permitindo que os jogadores investiguem o mundo e façam escolhas que impactam a história. Portanto, a oportunidade de explorar e tomar decisões significativas continua sendo um dos pontos fortes do remake.
E isso encerra por hoje: temos um remake que preserva a essência central de Gothic enquanto introduz recursos inovadores que podem dividir os fãs.
Se você é fã do clássico de 2001 e deseja aproveitar ao máximo este remake, recomendo manter a mente aberta e apreciar as novas direções que o jogo tomou. Aqueles dispostos a explorar essa nova interpretação encontrarão elementos novos e emocionantes que celebram tanto o legado do original quanto sua evolução moderna.
Pessoalmente, fui levado pela história e, apesar de alguns aspectos que acho que precisam de refinamento (especialmente o fato de que o narrador comenta sobre o que está acontecendo mesmo quando alguém está recebendo uma adaga enfiada no peito), estou ansiosamente antecipando seu lançamento e ansioso para passar algum tempo com um RPG que faz todo o sentido.