Português
Gamereactor
antevisões
Dark Souls III

Dark Souls III

Quanto mais nos magoa, mais gostamos dele.

HQ

Lentamente subimos uma escadaria amarela, ao som de notas sombrias vindas de órgão no andar de baixo e vozes à distância. Ao subirmos a escadaria, encontrámos uma mensagem escrita na pedras: "Tesouro à frente!" Provavelmente é uma piada, por isso continuamos a subir, até que nos deparámos com uma enorme porta de madeira e nova mensagem: "Preparem-se para o Boss!". Respirámos fundo e atravessámos a porta, para o andar superior da igreja. Nos bancos de madeira descansavam cadáveres e esqueletos, num cenário arrepiante digno de Dark Souls. Por trás de nós, uma voz informa-nos: "dentro de momentos Miyazaki estará pronto para a entrevista." Sim, não estamos a falar de Dark Soul III, mas do local onde a Bandai Namco realizou o último evento.

Viajámos até Hamburgo para morrer, morrer e morrer. E depois de termos morrido mais vezes do que gostaríamos, morremos mais um pouco. Antes disso, num autocarro cheio de jornalistas, já se falava da possibilidade do evento ser numa igreja assustadora, e assim foi. A editora esmerou-se para recriar um ambiente digno da saga, recheando o local com figurantes, estatuetas, efeitos e tochas a arder. Um cenário medieval que só era interrompido por ecrãs, onde mais tarde teríamos a possibilidade de voltar a jogar Dark Souls III. Antes disso, um novo trailer, ao som de uma versão sinistra de True Colors. Se ainda não o viram, podem fazê-lo em baixo. Seguiram-se aplausos, que se intensificaram quanto o criador Hidetaka Miyazaki subiu ao palco para falar do jogo. Um mundo maior, um sistema de combate melhorado, um modo online mais elaborado e bosses mais dinâmicos, foram alguns dos pontos de destaque.

HQ

Os mundos de Dark Souls sempre foram grandes, mas com o poder de PS4 e Xbox One, a From Software conseguiu criar zonas labirínticas ainda mais complexas, com vários caminhos, atalhos e segredos. Um mimo para quem adora explorar locais novos. Foi essa a experiência que tivemos quando finalmente pegámos no comando. Dark Souls III parece-se exatamente com o que esperaríamos de um jogo da saga, mas com melhores gráficos. Tudo está mais detalhado, os efeitos de luz são superiores, e a ação decorre de forma mais fluída. Tem bom aspeto, sem dúvida, mas não esperem uma grande revolução comparando com os jogos anteriores, até porque o impacto de Dark Souls nunca foi técnico, mas artístico. A atmosfera, a originalidade, e os ambientes medievais/góticos sempre foram imagens de marca da série, e esses elementos parecem mais fortes que nunca. A nossa maior queixa? Tudo parece meio plástico, mas esse é um problema que desde sempre assombrou este motor de jogo.

Publicidade:

Desta vez vamos viajar para a terra de Luthric, na pele de um "Unkindled", uma pessoa que está transformada há tanto tempo num morto-vivo, que já nem se lembra do seu nome. Antes de morrer, o seu objetivo era o de matar todos os Lordes, e mesmo tendo falhado, agora em morte pretende continuar esse objetivo. A história, como sempre foi, é algo de muito abstrato, que não é facilmente evidente para os jogadores. Isso não significa que os cenários, os monstros e as situações não contem as suas próprias histórias. Existe uma melancolia e uma solidão inerente a cada local, a cada criatura. Esta é uma história sinistra, mas não é totalmente privada de esperança. Apenas têm de procurar muito bem para a encontrar.

A primeira abordagem da From Software à atual geração de consolas não foi com Dark Souls, mas com Bloodborne, o exclusivo PS4. Durante a produção desse jogo, aproveitaram para reconsiderar alguns dos pontos de Dark Souls, e beneficiaram de alguns lições que aprenderam com Bloodborne. A quantidade de itens que podem carregar foi reduzida, e o combate foi ligeiramente alterado (está mais veloz e responde melhor), por exemplo. Dois elementos resultantes da experiência com Bloodborne, mas a essência mantém-se. Mesmo com as diferenças, isto ainda é claramente um jogo de Dark Souls, e os veteranos vão sentir-se imediatamente em casa. Em pouco tempo terão dominado todas as mudanças.

Entre as alterações está a adição de novos golpes ou efeitos especiais nas armas. Existem vários tipos de armas que podem carregar, e cada tipo terá uma descrição e um papel específico. Por exemplo, a Longsword permite ativar uma postura de ataque especial, a partir da qual podem executar golpes mais poderosos. Alguns destes golpes já existiam no passado, mas agora estão devidamente categorizados e foram acrescentados mais efeitos. As vossas estratégias de combate terão obrigatoriamente ligadas às funções da arma que escolhem usar.

A demonstração que jogámos não pareceu estar muito longe de concluída, e permitiu-nos começar logo a partir do início, da mesma forma que vão iniciar a vossa aventura na versão final. Definimos uma personagem, escolhemos uma classe (Knight neste caso), e erguemos-nos dos mortos depois de uma pequena introdução. Acordámos no Cemetery of Ash, povoado por vários esqueletos fracos. Uma forma dos jogadores desenferrujarem as suas capacidades com inimigos débeis. A nossa confiança aumentou (um erro crasso em qualquer Dark Souls) e perseguimos pela colina, até encontramos uma vista fantástica com um castelo no horizonte. Esse é dos pontos que sempre nos atraiu em Dark Souls, o facto destes locais existirem dentro do jogo, e não estarem presentes apenas para enfeitarem o cenário. Sabemos que eventualmente vamos parar a esse mosteiro, e que lá dentro iremos provavelmente enfrentar horrores indescritíveis.

Publicidade:

Depois de avançarmos mais um pouco, encontramos um pátio com uma enorme estátua no meio. Aos seus pés está um enorme machado, e no seu peito uma espada encravada. Decidimos retirá-la para a guardar no inventário, mas essa ganância acionou de imediato o poderoso inimigo. Já é uma tradição na série, a de ter de enfrentar um oponente relativamente duro ainda durante a zona de tutorial. Neste caso trata-se de Ludex Gundyr, que tem um alcance arrepiante com o seu machado demolidor. O seu ataque é fortíssimo, por isso tentámos evitá-lo, utilizando a tatica mais velha de Dark Souls - circular o oponente com o escudo bem levantando. Durante algum tempo, funcionou, mas um pequeno erro levou-nos até ao chão, e um segundo golpe enquanto a personagem ainda se levantava, causou a nossa morte imediata.

HQ

Acordámos na fogueira mais próxima e decidimos tentar outra vez, mas sem sorte. O alcance absurdo do machado esmaga-nos rapidamente, antes de conseguirmos reagir. "À terceira é de vez", certo? Não em Dark Souls. A confiança começa rapidamente a dar lugar à ansiedade e à frustração, sentimentos comuns sempre que exploramos um dos mundos criados por Miyazaki. Algumas tentativas depois, conseguimos atinar com o seu estilo de combate, e facilmente reduzimos a sua energia para metade. É nesse momento que enormes tentáculos saem do corpo, seguidos de um arrepiante monstro que salta da sua boca. É uma visão aterradora, não só pelo aspeto macabro, mas porque sabemos que estamos lixados. Miyakazi falou disto durante a apresentação, um momento em que todas as batalhas de bosses vão passar para um nível mais complicado (Bloodborne já usou bastante essa tática). Depois disso, precisámos de mais quatro ou cinco tentativas para vencermos a forma demoníaca do Boss, e lembrámos-nos porque Dark Souls é algo especial. É um jogo difícil e frustrante, sim, mas apenas para quem não é suficientemente bom. E se não forem suficientemente bons, podem aprender conforme tentam. Somos recompensados, genuinamente recompensados, pelas nossas capacidades enquanto jogadores, e cada passo dado em Dark Souls é sinal de que aprendemos algo mais.

Depois do nosso encontro com este primeiro Boss, chegámos a um castelo, que percorremos até nos depararmos com uma enorme sala de trono. Aí estavam cinco tronos, quatro deles vazios, e aparentemente era o local de onde reinavam os cinco Lordes de Cinder, mas já não moram aqui. Agora cabe-nos a honra dúbia de caçar estes lordes, e a missão não promete ser fácil. Este será o grande objetivo geral da campanha, mas também existe um modo online, que funciona em grande parte como no passado, embora agora suporte até seis jogadores em simultâneo. Uma novidade que estamos curiosos para experimentar na versão final.

Dark Souls III será lançado a 12 de abril, mas parece estar já num estado praticamente concluído de produção. Não reparámos em problemas técnicos ou falhas gritantes que a From Software precise de emendar antes do lançamento, o que é um alívio tremendo, sobretudo depois de Dark Souls II aparecer numa forma abaixo do exigível na PS3 e Xbox 360. Estas horas com o jogo deixaram a certeza de Dark Souls III será fiel ao seu legado, mesmo que isso também signifique que, embora melhor tecnicamente, não será muito diferente. Parece tratar-se claramente de uma evolução, não de uma revolução, e se são fãs de Dark Souls, isso bastará. A frustração, a dificuldade e o ambiente estão lá, acompanhados por uma sensação recompensadora e um mundo mágico para explorar. E isso é o mais importante.

HQ
Dark Souls IIIDark Souls IIIDark Souls III
Dark Souls IIIDark Souls IIIDark Souls III
Dark Souls IIIDark Souls IIIDark Souls III

Textos relacionados



A carregar o conteúdo seguinte