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Civilization: Beyond Earth

Civilization: Beyond Earth

O Gamereactor foi até à Firaxis e esteve entre os primeiros jornalistas a experimentarem a fundo o novo Civ.

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Espaço. A última fronteira, segundo o Star Trek. Tem sido uma presença comum na série de Civilization desde o primeiro jogo e é uma das formas mais pacíficas de chegar à vitória. Basta disparar uma nave para o espaço e encontrar um planeta habitável numa galáxia longínqua. É o tipo de viagem que dura anos e anos, mas ganhavam o jogo assim que a nave aterrasse. Nunca era preciso lidar com o que acontecia depois da chegada... até agora.

A situação não está boa no planeta Terra. A humanidade está próxima da extinção depois do que é apelidado do Grande Erro. Numa tentativa desesperada de assegurar a sobrevivência, várias nações do planeta decidiram enviar naves para o espaço à procura de uma esperança. O jogador vai assumir o papel do capitão, assim que a nave encontre um misterioso novo planeta.

A partir desse ponto torna-se bem clara a missão inicial: estabelecer uma base, garantir a sobrevivência dos colonos e descobrir os segredos e os recursos do planeta. Com um pouco de sorte e muita habilidade, até podem conseguir criar um futuro melhor para a humanidade.

É um conceito que a Firaxis já explorou no passado, quando ainda não tinham os direitos de Civilization e fizeram Alpha Centauri. O jogo acabou por se tornar num clássico e é considerando um dos melhores do género de estratégia. De tal forma que há muito tempo que é pedida uma sequela. Alpha Centauri é, obviamente, uma grande inspiração para Civilization: Beyond Earth, mas os dois Lead Designers, David McDonough e Will Miller, apontam rapidamente para o facto de que não se trata de uma sequela.

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Civilization: Beyond EarthCivilization: Beyond Earth

"Alpha Centauri foi uma influência massiva. Nós jogámos bastante a esse jogo e até fizemos o Beyond Earth para os fãs desse jogo", afirmou Miller. "Dito isto, Beyond Earth não é o Alpha Centauri, não é uma sequela nem uma prequela, é um jogo novo. É Civilization no espaço, um pouco como Alpha Centauri também era, mas fizemos-lo de forma a que possa aguentar-se independentemente. É a nossa versão dessa ideia."

À primeira vista Beyond Earth parece exatamente o Civilization de que nos lembramos, de tal forma que os jogadores de Civ V vão sentir-se de imediato em casa. A interface, os atalhos das teclas, o botão "End Turn" no canto inferior direito... tudo é reconhecível, mas existem diferenças. O terreno é obviamente estranho, formado por grandes crateras e vales. Observamos planícies e desertos, mas também alguns segmentos envoltos num misterioso nevoeiro verde, rochas suspensas no ar e até algumas criaturas alienígenas.

Mesmo antes de aterrarmos no planeta tivemos de fazer algumas escolhas. Primeiro devem definir o patrocinador - a nação terrestre que vos irá apoiar durante esta viagem pelo espaço. Nações fictícias como Franco-Iberia, African Union, Polystralia, Brazilia, Pan-Asian Cooperative e American Reclamation Corporation, indicam as muitas mudanças que ocorreram na Terra. Como sempre, cada nação oferece vantagens distintas.

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De seguida devem escolher o tipo de tripulação que vos irá acompanhar na nave, o que irá definir algumas especialidades, como produção, economia, ciência e força militar. A próxima escolha é a nave em si, que pode oferecer diferentes vantagens, como a percepção de todos os continentes, as formas de vida mais próximas ou até servir como uma bateria de energia - o mais próximo de Beyond Earth a dinheiro.

Por último devem escolher a vossa posição. Nós acabámos por escolher um especialista de armas, o que nos garantiu uma unidade de soldados mal aterrámos. Até agora, tudo bom, por isso decidimos partir à exploração.

Ordenámos à unidade para explorar a oeste, longe dos alienígenas no mapa, mas acabámos por encontrar um ninho cheio de criaturas semelhantes a insetos, que nos atacou de imediato. Felizmente, os soldados são resistentes e com a ajuda dos mísseis na base, limpámos a oposição em poucos turnos.

"As criaturas que vão encontrar não são extremamente inteligentes, não são um outra civilização, mas também não são meros animais," explicou-nos David McDonough. "Estão algures no meio e tomam atenção aos movimentos do jogador. Tudo, desde a forma como tratam a terra, ou até como abordam os seus ninhos, vai provocar uma reação. Se forem agressivos, eles vão responder em conformidade, mas se os deixarem em paz tornar-se-ão gradualmente mais neutros."

No nosso caso específico, o ninho estava muito próximo da base e poderia representar uma ameaça se não fosse eliminado. Eventualmente acabámos por encontrar mais ninhos, mas desta vez decidimos deixá-los em paz. Como prometido, as criaturas não nos atacaram.

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De volta à base, aproveitamos a energia extra proporcionada pela nave para criar uma unidade de construção. Primeiro, uma quinta, numa das planícies à volta, para alimentar a tripulação e permitir que a cidade cresça. De seguida decidirmos investigar o nevoeiro verde, mas depressa aprendemos que se chama miasma e é venenoso. Se deixarem unidades no nevoeiro perdem saúde em cada turno. Não é particularmente agressivo, mas não convém deixar unidades por perto durante muito tempo. Aliás, se percorrerem todo o nevoeiro num único turno, nem chegam a perder saúde. Já algumas formas alienígenas recebem vantagens quando estão no miasma e até regeneram a saúde, algo que não pode ser ignorado.

Decidimos colocar os cientistas a trabalharem em novas tecnologias e descobrimos que existem algumas mudanças nesta área. Tradicionalmente, Civilization usa uma árvore tecnológica que poderão evoluir gradualmente, mas em Beyond Earth assume a forma de uma rede tecnológica. Começam no centro e partir daí devem decidir em que direção vão continuar a evoluir. Muitas tecnologias estão interligadas, o que implica que existem vários caminhos possíveis, mas não as conseguirão desbloquear a todas num só jogo:

"Desenhámos a rede para que fosse maior que o próprio jogo, por isso é impossível apanhá-las todas. E desenhámo-la para ser diversa, por isso, caso se concentrem em robótica ou genética, terão experiências completamente diferentes", afirmou McDonough.

Decidimos começar a pesquisar ecologia, sobretudo porque nos dá acesso a um novo edifício, o Repeller Screen, que afasta os alienígenas da cidade. Ao olharmos mais atentamente para a rede descobrimos que existem tecnologias mais pequenas coladas às tecnologias mais importantes. Estas ficam disponíveis conforme avançam pela rede e podem ser pesquisadas em pouco tempo, garantido vantagens concretas. Também oferecem pontos noutro dos conceitos principais de Beyond Earth - afinidade.

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Civilization: Beyond Earth não é apenas um jogo sobre uma civilização que viaja pelo espaço à procura de um novo planeta, também retrata as influências de nova tecnologia e de alienígenas na humanidade e no seu destino. "O arco do jogo é que começam como um tipo num fato espacial, mas acabam como algo muito diferente, embora ainda vagamente humano," afirmou Miller.

Existem várias afinidades que podem reforçar. A primeira chama-se Purity e é essencialmente sobre manter a raça humana "pura", ficando longe da manipulação genética ou o reforço do corpo via tecnologia. A segunda é Harmony, que é sobre adotar a biologia do novo planeta. Isso implica explorar a tecnologia genética com a fauna e a flora locais. Com Harmony podem, entre outros elementos, evoluir o suficiente para retirar benefícios do miasma, por exemplo. Por último existe a Supremacy, que é sobretudo sobre robótica e armas avançada. Ciborgues, implantes cibernéticos e outas tecnologias semelhantes. A fusão entre homem e máquina.

Qualquer uma das três afinidades terá um tremendo impacto no desenvolvimento da civilização, das unidades e do tipo de recursos que terão de procurar, entre outros elementos. Por outras palavras, permite chegar à vitória utilizando vários tipos de meios diferentes, cada um com a sua identidade. O tipo de unidades disponível também está dependente da afinidade. Todos têm acesso a unidades básicas como os soldados, mas existe uma grande variedade de unidades com diferenças drásticas.

Por exemplo, Purity concentra-se em unidades grandes, com muitas armas. As unidades de Harmony são mais ágeis e utilizam o ambiente eficazmente - eventualmente até permite recriar alienígenas para utilizar em combate. Supremacy tem as unidades mais fracas individualmente, mas ganham várias vantagens quanto estão acompanhados e permitem algumas combinações poderosas.

Civilization: Beyond EarthCivilization: Beyond Earth

Entretanto os nossos exploradores encontraram algumas ruínas misteriosas, com sinais evidentes de que já existiram formas de vida inteligentes no planeta. Esta descoberta é recompensada com energia e materiais de construção, e também dá início à primeira Quest, outra das novidades de Beyond Earth.

Os dois Lead Designers com que conversámos realçam rapidamente que as Quests de Beyond Earth não são como as Quests dos RPG. Não existem Quests para matar 20 inimigos do mesmo tipo, por exemplo. São antes objetivos extra que oferecem recompensas interessantes, mas que também permite explorar e descobrir várias possibilidades com os sistemas do jogo.

Existem cinco formas de 'vencer' Civilization: Beyond Earth. A primeira é bastante linear, onde só têm de derrubar a capital dos inimigos. A outra passa por descobrir o mistério dessa raça inteligente que já habitou o planeta. As outras três estão relacionadas diretamente com a vossa afinidade.

Em Purity vão ganhar o jogo depois de construírem um portal para a Terra, transportarem alguns sobrevivente e os protegerem até que se estabeleçam, salvando a humanidade no processo. Com Harmony o objetivo passa por descobrir um segredo relacionado com o próprio planeta em si. Em Supremacy existe o objetivo oposto de Purity. Também devem abrir um portal para a Terra, mas desta vez eliminando toda a vida de forma a criar uma nova era de máquinas (o início de Matrix?).

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A certo ponto deixaram-nos experimentar um Save Game bem mais avançado, para descobrirmos outras novidades e mecânicas de jogo. Aqui encontrámos outra cidade, bem mais ativa e dinâmica que nos outros Civilization. À exceção da primeira cidade, que é basicamente onde aterram a nave, as cidades não começam como cidades, mas antes como postos, com crescimento lento. Estes postos não têm defesas, a sua população não cresce e devem ser protegidos com cuidado. Rotas de comércio eficazes ajudam a acelerar o processo, mas também essas rotas necessitam de proteção.

Assim decidimos enviar alguns soldados para criarem um perímetro de defesa, mas acabam esmagados por uma enorme criatura. Existe muita vida alienígena agressiva e terão de ter mais cuidado em Beyond Earth do que teriam noutros jogos de Civ. Os jogadores terão de ter um comportamento mais dinâmico e um envolvimento mais direto com o jogo.

Eventualmente encontrámos um estabelecimento abandonado, outrora ocupado por uma forma de vida inteligente. Este estabelecimento tem muito mais conhecimento a oferecer do que as ruínas que tínhamos encontrado antes, por isso decidimos criar uma expedição para extrair o máximo de informação possível. O mesmo pode ser aplicado a algumas criaturas. Se dedicarem recursos ao seu estudo, podem descobrir mais sobre as suas origens e até formas mais eficazes de as matar.

Civilization: Beyond EarthCivilization: Beyond Earth

Este Save Game mostra também que já não somos os únicos humanos no planeta. Outras nações já conseguiram chegar e montar bases. Ao contrário de outros Civ, nem todas as civilizações chegam ao mesmo tempo ou com o mesmo nível de tecnologia. Os locais onde aterram e as tecnologias ao seu dispôr criam uma assimetria que não é comum em Civ. Seja como for, mal chegam ao planeta as novas civilizações vão tentar iniciar contacto diplomático.

As outras civilizações serão consideravelmente mais dinâmicas e reativas do que eram nos jogos anteriores. Vão ter algo a dizer sobre as Quests que fizeram, o posicionamento dos satélites, a abordagem perante as formas de vida alienígenas e claro, estarão muito interessados na vossa afinidade.

Eventualmente o nosso tempo como o jogo acaba, mas estamos sinceramente fascinados com o que jogámos. Tal como Civ V, Beyond Earth parece colocar muitas escolhas interessantes aos jogadores, mas como já não existem as limitações históricas, existe espaço para algumas escolhas de design genuinamente interessantes. A adição dos sistemas de afinidade e da rede tecnológica são elementos que reforçam a ideia de que estamos a construir uma civilização genuinamente nossa.

A série Civilization é uma das mais antigas dos videojogos e também uma das que mais elogios tem recebido ao longo dos anos, mas é bom ver que a Firaxis não está a descansar sobre os louros alcançados. Beyond Earth parece um passo genuinamente corajoso e significativo para a série e tem um potencial tremendo. Tornou-se rapidamente num dos jogos que mais queremos explorar no outono.

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