Seria muito complicado encontrar um estúdio mais habilitado a produzir Baldur's Gate III que a Larian Studios. Os seus dois jogos mais recentes, Divinity: Original Sin e a sequela, estão entre os melhores RPG dos últimos anos, sobretudo dentro do estilo mais clássico com perspetiva isométrica e combates por turnos. Mas Baldur's Gate é diferente e tem um dos legados mais importantes do género, o que significa que não basta à Larian Studios transformar Baldur's Gate em Divinity: Original Sin. Felizmente, pelo que vimos durante a transmissão mais recente do estúdio, não parece ser o caso.
Considerando que se passaram 20 anos desde o lançamento de Baldur's Gate II: Shadows of Amn, é natural que a principal diferença - pelo menos à primeira vista -, seja o grafismo. Baldur's Gate III é um tremendo melhoramento em relação ao antecessor, mas não só, também apresenta melhoria relativamente ao título anterior do estúdio, Divinity: Original Sin II. Dito isto, a perspetiva isométrica mantém-se inalterada, embora os diálogos decorram agora através de modelos 3D altamente detalhados, acrescentando maior valor cinemático à experiência.
Um exemplo de como a superior capacidade gráfica afeta a jogabilidade está na forma como as sombras são essenciais para uma personagem furtiva. Existem três condições de furtividade disponíveis: visível, ligeiramente obscuro, e completamente obscuro, e esse estatuto será definido pelas sombras em que o jogador se encontra, projetadas em tempo real tanto em mundo aberto, como em masmorras e outros mapas fechados. Até será possível interagir com fontes de luz para criar novas sombras, como apagar as velas, por exemplo.
Como é típico no género, o jogador irá criar a sua personagem central, mas depois será acompanhado por um grupo de companheiros. No caso desta transmissão, o protagonista era um vampiro High Elven, particularmente sedento de sangue. Num elemento curioso, o grupo de companheiros separou-se a certo ponto da transmissão, e nesse momento o jogador assumiu o controlo de desses parceiros. Isto permitiu verificar o dinamismo do cenário, quando atingiu um pilar que atravessou o chão e abriu um atalho para que os companheiros se voltassem a unir.
Agora, um dos elementos mais controversos: o sistema de combate.
Baldur's Gate costuma funcionar em tempo real, mas o jogador tem a opção de pausar a ação e dar ordens às suas personagens, que serão executadas depois de retomar a ação. Em Baldur's Gate III não será assim. Em vez disso, a Larian Studios implementou um sistema por turnos muito semelhante ao que utilizou na saga Divinity, alternando entre personagens até ser a vez do inimigo. Um pormenor é que antes de cada batalha é rodado um valor para determinar qual dos lados tem a iniciativa.
Aliás, o jogo vai recorrer imenso a esse tipo de mecânicas à base de dados, implicando que a ligação a Dungeons & Dragons está bem viva, como sempre aconteceu no passado. Em termos mais específicos, será baseado numa dificuldade de classe nível 5, que é relativamente baixo. Esse elemento aleatório pode criar situações imprevisíveis durante o jogo, e foi precisamente isso que aconteceu durante a transmissão, onde uma notória falta de sorte resultou em alguns momentos divertidos - para quem estava a ver. Isto não significa que tudo no jogo será à base de sorte, longe disso, mas em algumas situações, será determinante.
Quanto à narrativa, explora uma infestação de Illithids que se abateu sobre a região, parasitas que invadem o cérebro das vítimas e tentam ganhar controlo. A personagem do jogador será uma dessas vítimas, que terá de lutar contra a vontade do parasita... ou sucumbir à corrupção. Independentemente de rejeitar ou abraçar a escuridão, terá como objetivo encontrar alguém que o salve dessa condição, antes que perca todo o controlo para o parasita. Esta é a premissa, de uma aventura que promete ter muito mais para contar ao jogador.
Aliás, Baldur's Gate III será um verdadeiro RPG, no sentido em que tudo será influenciado pelas ações e decisões do jogador. Isso irá moldar os eventos do jogo, que podem ter resultados completamente diferentes dependendo de como está a decorrer à aventura, tal como já acontecia com Divinity: Original Sin e os Baldur's Gate antigos. Como grandes fãs das duas sagas, mal podemos esperar para mergulharmos novamente no mundo de Forgotten Realms.