A forma como a Nintendo continua a dominar o género das plataformas está quase a tornar-se um cliché. Se fizermos uma pesquisa pelos melhores exemplos do género, todos eles têm a mesma proveniência. Um dos clássicos da categoria é Super Mario World 2: Yoshi's Island, de 1995. Na altura, este título provou que a Nintendo não tinha receio de introduzir novas ideias nas sequelas de Mario, criando um jogo com visuais diferentes e uma grande variedade nas mecânicas. Para muitos jogadores de SNES, este título superiorizou-se até a Super Mario World.
Em 2015, Yoshi faz 20 anos. Para marcar o seu aniversário, a melhor prenda está reservada aos fãs que possuam uma Wii U: Yoshi's Woolly World. Aqui encontramos todos os principais traços distintivos do seu antepassado: um jogo de plataformas da velha guarda com aquele estilo único e caloroso da Nintendo.
Um dos motivos que ajuda esta experiência a não parecer estagnada é a estética "felpuda" do jogo. Tal como acontecia em Kirby's Epic Yarn, é algo que tem impacto não só no aspeto do mundo, mas também na nossa interação com o mesmo. Engolir e cuspir Shy Guys produz novelos de lã ao invés de ovos. Se os dispararmos às Piranha Plants, os novelos enrolam-se em torno das suas bocas, o que as deixa indefesas perante um ataque em salto. Se virmos um fio solto na parede, podemos puxá-lo para desfiar o tecido e revelar uma área secreta. Esta lógica é aplicada a tudo e mantém os mundos consistentes.
Estes mundos são tremendamente variados. Não só de uma perspetiva visual (os níveis incluem florestas, praias, fogo, gelo, nuvens e paisagens submarinas), mas também em termos da jogabilidade. Nunca sabemos o que vamos encontrar de nível para nível. Correr da esquerda para a direita, ascender do fundo de um mapa até ao topo, explorar uma área retirada de um Metroidvania em busca de interruptores, bolas de neve (perdão, de lã) a rebolar... Yoshi's Woolly World é um campo fértil ondem nascem novas ideias a cada minuto. Contém 50 níveis e todos eles têm as suas particularidades e desafios.
Sim, desafio. A grande preocupação do jogo antes de começarmos a jogar passava pela dificuldade. Apesar da imensa atenção ao detalhe, o jogo mostra-se como sendo potencialmente tão fácil quanto Epic Yarn.
E sim, é verdade que existe um modo "relaxado" que pode ser ativado a qualquer altura. A dificuldade é reduzida e Yoshi ganha um par de asas. Esta é uma adição tradicional aos jogos da Nintendo hoje em dia. Mas se dispensarmos estes mecanismos auxiliares, o verdadeiro jogo apresenta uma grande gama de desafios elegantes. Em cada nível podemos procurar por cinco flores, cinco pacotes de lã (para tricotar o Yoshi desse mesmo nível) e vinte joias escondidas. As suas localizações estão longe de ser óbvias, e explorar todos os recantos de cada nível para descobrir os seus segredos - ao mesmo tempo que em simultâneo evitamos perder vidas - torna o jogo mais apelativo. Ou podemos simplesmente correr até ao final de cada etapa.
A ideia passa por oferecer algo a todos os jogadores, independentemente do seu nível de habilidade. O trio de camadas da produtora Good-Feel é uma boa abordagem, tendo como base numa jogabilidade de plataformas certa e segura.
O modo para dois jogadores está bem implementado e também suporta diferentes níveis de habilidade. Em secções mais difíceis, um Yoshi pode comer o outro e assim transportá-lo até um local seguro. Quando um deles morre, surge na forma de um ovo alado pronto para regressar ao jogo.
Apesar de a princípio se mostrar encantador, Kirby's Epic Yarn acabou por dececionar. Já Yoshi não só encanta, como fá-lo através dos seus visuais fantásticos e de uma dificuldade flexível que o torna obrigatório para todos os fãs do género, sejam eles casuais ou mais dedicados.