Devido às diferenças entre o lançamento japonês e europeu dos jogos Yo-Kai Watch, a chegada do original e da sequela ao nosso mercado acabou separada por meros meses. As semelhanças entre Yo-Kai Watch e Pokémon são óbvias, mas também existem diferenças entre as duas sagas. Infelizmente, comparando o primeiro Yo-Kai Watch com esta sequela, já não encontrámos muitas diferenças relevantes.
Como no anterior podem encontrar, treinar, e enfrentar várias criaturas que habitam o mundo de jogo. Ao contrário dos pokémons, estas criaturas não se parecem muito com animais, salvo algumas exceções. Como são espíritos, o seu design tende a ser bem mais estranho e peculiar. Isto também se deve à capacidade de objetos inanimados se transformarem em Yokais, mas existem algumas criaturas verdadeiramente estranhas. Um dos primeiros Yokais que encontrámos tinha o corpo de um cão e a cabeça de um idoso, algo que como podem adivinhar, é muito bizarro de presencar. Estes Yokais têm a capacidade para falar, o que também ajuda a diferenciar esta saga de Pokémon. Por último, convém referir que Yo-Kai Watch 2 está disponível em duas versões (Fleshy Souls e Bony Spirits). A experiência é exatamente a mesma em termos de estória e jogabilidade, mas cada versão inclui os seus próprios Yokais exclusivos.
Embora toque em alguns assuntos sérios, como a morte e a perca associada, Yo-Kai Watch parece-nos um pouco mais indicado para um público jovem que Pokémon. Para terem uma ideia, a narrativa principal gira em torno de uma discussão acerca de algo parecido com donuts. Cabe ao jogador tentar encontrar uma solução para estes problemas e restaurar a paz ao mundo de Yokai. É uma premissa ridícula, mas divertida, sobretudo para os mais jovens.
O maior problema de Yo-Kai Watch 2 é o facto de ser tão parecido com o antecessor - até usa o mesmo mundo e personagens. Um evento no início do jogo vai causar a perda de memória do protagonista (que pode ser masculino ou feminino). Isto implica que a personagem esqueceu tudo o que sabia sobre Yokais, o seu mundo, e os eventos do jogo anterior. Em resumo, é um recomeço completo, o que pode ter as suas vantagens para quem é estreante na saga, mas torna-se repetitivo para quem já jogou o antecessor - o que é agravado pela proximidade dos lançamentos.
Embora a ação se passe novamente em Springdale, existem algumas áreas novas para explorarem e um sistema de comboios para percorrem o mapa mais rápido. O problema é que andar de comboio em Yo-Kai Watch 2 pode ser quase tão aborrecido como andar de comboio na vida real. Um transporte instantâneo não seria tão realista, mas seria muito mais vantajoso para o jogador.
Ao contrário de Pokémon, aqui não vão capturar as criaturas, mas antes convertê-las para o vosso lado. O relógio serve para detetar as criaturas, e o estilete da portátil permite pesquisar as áreas onde se encontram. Depois de encontrarem um Yokai, podem tentar ganhar a sua amizade com aperitivos, ou simplesmente conversando com eles. Contudo, o método mais eficaz de conquistar um Yokai é precisamente derrotá-lo em combate, altura em que podem tentar recrutá-lo. Quando um Yokai é derrotado vai oferece uma medalha ao jogador, e essa medalha depois permite invocar a criatura em questão. Podem invocar até seis Yokais de uma vez, mas em vez de estarem presos numa bola ou algo do género, os Yokais ficam a caminhar livres até serem invocados.
O sistema de combate é essencialmente o mesmo do jogo anterior. Ao contrário dos Pokémons, os Yokais não obedecem aos comandos do jogador, preferindo agir de forma independente. O máximo que podem fazer é melhorar as suas hipóteses de vitória carregando no botão "Soultimate", o que eventualmente desbloqueia todo o poder do Yokai em questão. Quando estão a usar o Soultimate, terão de realizar alguns mini-jogos, como rebentar bolhas, e embora estes mini-jogos não incomodem, é comum que as batalhas terminem antes de completarem um mini-jogo. Pode dizer-se que é um sistema de combate peculiar, mas isso não significa que seja divertido. Seria muito mais interessante ter comando sobre as criaturas do que meramente observar o combate.
Uma das novidades de Yo-Kai Watch 2 é a capacidade para viajar no tempo, que em conjunto com o argumento divertido, consegue tornar a experiência menos aborrecida. Esta sequela também inclui uma opção multijogador, mas estas batalhas acabam por apresentar o mesmo problema que a campanha online, ou seja, o combate é demasiado passivo.
O jogo e a série têm elementos interessantes e cativantes: o humor dos diálogos, as criaturas bizarras, e a divertida cidade de Springdale, formam uma base grande potencial. É por isso uma pena o sistema de combate passivo, o aborrecido meio de transporte, e a campanha que termina rápido, impeçam Yo-Kai Watch 2 de cumprir esse potencial. Talvez Yo-Kai Watch 3, que será lançado no Japão em dezembro, apresente uma real evolução na série, porque não foi isso que esta sequela apresentou.