Mas que ano de estreia teve a Nintendo Switch, com pelo menos um lançamento exclusivo todos os meses, e alguns grandes jogos já nas suas fileiras. Pois agora podem acrescentar mais um, Xenoblade Chronicles 2, uma aventura que deve ser considerada por qualquer fã da variante japonesa dos RPG. É uma estória de fantasia, massiva, que apresenta orgulhosamente as suas raízes nipónicas através de largas dezenas de horas.
Xenoblade Chronicles 2 é uma experiência mais virada para a narrativa do que foi Chronicles X, desta vez seguindo Rex. Este jovem teimoso vai unir forças com Pyra, numa viagem através de várias localizações memoráveis, onde vão interagir com um leque de personagens interessantes. Sim, também é um jogo com inúmeros clichés, mas não é isso que o define. Toda as personagens têm oportunidade para crescer, e para se expandirem além da impressão inicial. O ponto de partida é uma busca por Elysium, tendo Drivers, Blades, e a Tree of Life como pilares principais da narrativa.
Os Drivers são indivíduos que têm a capacidade de se ligarem à Tree of Life, enquanto que as Blades são peças vitais do combate. Cada membro da equipa pode carregar até três Blades, e neles podem ligar armas para usarem, além de conseguirem aceder a "Artes" específicas de cada Blade. Quase todas as personagens usam este sistema de Blades, salvo uma ou outra exceção que utiliza sistemas próprios. Cada Blade pode ainda carregar parte do inventário da personagem, que também tem o seu próprio saco e habilidades. As Blades também surgem com vários estilos e formas, acrescentando alguma variedade ao jogo - já que as personagens em si mantêm o mesmo aspeto ao longo da aventura.
É uma opção de design interessante, a de pegar nas características que determinam a personagem, e torná-las numa entidade que as acompanha. É uma função que desempenha um papel determinante em combate e na forma como interagem com o ambiente. Podem, por exemplo, combinar as habilidades das Blades para formarem Competences, um sistema que permite ações especiais como derreter portas ou executar grandes saltos por exemplo - basicamente habilidades que permitem aceder a locais secretos.
Por falar no mundo de jogo, é preciso notar que em termos de escala, Chronicles 2 não é tão ambicioso quanto Chronicles X, que era massivo. O mundo está dividido em Titãs, ao contrário do antecessor que era um mapa enorme, e embora seja fácil navegar de um Titã para outro, o mundo acaba por não manter a mesma coesão que em Chronicles X. Disto isto, o design de ambientes de Chronicles 2 é claramente superior, não só em termos de variedade, mas de dinamismo, incluindo clima. Ao completarem missões podem estar a contribuir para a evolução de uma aldeia, por exemplo, algo que ajuda a manter a ilusão de um mundo vivo em que o jogador pode interferir. É também um mundo onde os inimigos têm níveis fixos, o que significa que podem encontrar vários oponentes com níveis superiores. À medida que avançam no jogo, não têm apenas de se preocupar com o nível dos inimigos, mas também com a sua complexidade acrescida - até podem chamar por ajuda.
Apesar deste sistema solto de níveis, o jogo tem uma curva de aprendizagem e de dificuldade equilibrada. Não sentimos necessidade de fazer "grind", ou seja, de repetir monstros discriminadamente apenas para subir de nível. O facto de ser possível colocar as personagens em repouso, aumentando o multiplicador de pontos de experiência, é outro pormenor que ajuda a acelerar o progresso.
O sistema de combate divide-se entre ataques automáticos, ataques com Blades, e ataques de grupo. Podem tentar combinar ataques de blades diferentes da equipa, criando ataques devastadores, e existem várias sinergias para explorar. É um sistema que será familiar aos fãs de Xenoblade, e embora inicialmente possa exigir algum esforço dos novatos, vale a pena persistir, porque eventualmente vão habituar-se a sistema que se torna gradualmente mais satisfatório.
Em termos visuais, não existe uma grande diferença entre Xenoblade Chronicles 2 e os títulos anteriores. Se esperavam uma evolução gráfica notória, ela não existe, mas isso não retira brilho ao lado artístico do jogo. O ambiente em particular é impressionante, com algumas vistas que nos obrigaram a parar durante alguns segundos. Quanto ao departamento sonoro, gostaríamos que os atores ingleses tivessem feito um trabalho mais competente, ou talvez que tivessem sido dirigidos de outra forma, mas pelo menos podemos elogiar a banda sonora do jogo.
Continuando o nosso raciocínio inicial, Xenoblade Chronicles 2 é mais uma gema para a Nintendo Switch, um jogo que vos pode ocupar durante muitas dezenas de horas. Se apreciaram os anteriores, é uma recomendação fácil, e se apreciam este género, não vemos motivos para o deixarem escapar. É uma aventura massiva, viciante, um verdadeiro Titã que é ainda mais imponente ao perto, do que nos parecia à distância.