Uncharted: The Nathan Drake Collection

É impressionante a quantidade de jogos da última década que estão a ser adaptados e remasterizados para a nova geração. Alguns jogadores apreciam a ideia, outros acham que é uma perca de tempo e um aproveitamento das editoras. Independentemente da opinião, se realmente é para continuar esta tendência, a série Uncharted teria obrigatoriamente de ser uma das séries escolhidas. Não existiram muitos jogos melhores na última geração, e muitos dos jogadores de PS4 transitaram de outras consolas, o que significa que um novo público terá a possibilidade de desfrutar das aventuras de Nathan Drake.

O timing não é inocente, considerando que em março chega o próximo capítulo da saga, Uncharted 4: A Thief's End. Um dos atrativos extra desta coleção passa precisamente pelo convite garantido para a versão beta desse jogo, que irá decorrer em dezembro. Com três jogos, esta coleção recua quase oito anos, data de lançamento para Uncharted: Drake's Fortune. Na altura poucos podiam imaginar que os criadores de Jax & Daxter estavam a trabalhar no que viria a ser uma das sagas mais importantes dos videojogos nos anos seguintes.

Além do jogo original, esta coleção também inclui Uncharted 2: Among Thieves e Uncharted 3: Drake's Deception. São três aventuras de grande qualidade, remasterizadas para a nova geração, mas o pacote podia ter ficado ainda mais composto. É uma pena que Uncharted: Golden Abyss, para a PS Vita, tenha ficado de fora desta coleção. O facto de não ser um jogo da Naughty Dog, mas da Sony Bend, também pode ter influenciado a sua ausência, mas The Nathan Drake Collection não pode uma coleção definitiva sem esse jogo. Também há que referir a ausência dos modos multijogador de Uncharted 2 e 3. A coleção é dedicada em exclusivo às aventuras a solo, deixando a componente online de fora.

São duas ausências que têm de ser referidas e que são lamentáveis, mas que não são cruciais para a coleção. O que mais importava em todo este processo era a trilogia que a Naughty Dog criou, e essas aventuras estão presentes na íntegra. Quem tomou conta da adaptação foi a Bluepoint Games, que já têm prática neste tipo de operações. God of War Collection e Ico & Shadow of the Colossus Collection são dois exemplos do seu currículo, mas não deixa de ser relevante que esta foi a primeira remasterização que trabalharam para a PlayStation 4. Felizmente tratou-se de uma adaptação maioritariamente positiva. Os três jogos estão a correr com uma resolução de 1080p e a 60 frames por segundo. Só este dado isolado já implica que as novas versões têm melhor grafismo e uma fluidez superior. A banda sonora e os efeitos de som também foram trabalhados, passando a suportar surround de 7.1.

O melhoramento da qualidade gráfica dos três jogos vai no entanto muito além de um aumento na resolução. Os modelos das personagens foram reforçados e os sistemas de iluminação, sombras e efeitos de partículas foram todos melhorados. A nova consola também permitiu um alcance superior da visão, melhores efeitos de profundidade e a introdução de um novo sistema de desfoco de movimento. Dos três jogos, Uncharted: Drake's Fortune foi seguramente o que beneficiou mais das novas técnicas. Por ser o primeiro jogo, e por tido um orçamento mais reduzido, Drake's Fortune não incluía algumas das técnicas gráficas mais avançadas que foram usadas em Uncharted 2 e 3, mas a remasterização colocou o original a um nível mais próximo das sequelas.

Este ajustamento e reequilíbrio entre os três jogos não é apenas gráfico. A jogabilidade foi toda refinada para se manter ainda mais coerente ao longo de toda a saga, com esquemas de controlos e opções semelhantes. O primeiro Uncharted, por exemplo, utilizava o sensor de movimentos para algumas ações, ao contrário das sequelas, mas esses controlos foram reajustados na coleção para utilizarem controlos tradicionais. O comportamento das armas e da mira é também agora uniforme ao longo dos três jogos, bem como o movimento de Drake. Tal como aconteceu no departamento gráfico, estas mudanças são particularmente evidentes no primeiro jogo.

Outra novidade surge com dois novos níveis de dificuldade: um mais fácil para quem gosta de explorar o cenário e apreciar a história, e outro mais difícil, para quem quer testar as suas capacidades contra uma inteligência artificial perigosa. A Bluepoint Games também introduziu um novo modo de jogo, Speed Run, que contabiliza o tempo que gastaram em cada capítulo das três aventuras - uma ferramenta perfeita para quem gosta de testar a sua rapidez nos jogos. Em cima de tudo isso, surge também um modo de fotografia e alguns fatos novos para as personagens.

É bom ver que a Sony se esforçou para incluir tantos melhoramentos na coleção, mas não deixam de oferecer uma experiência praticamente idêntica ao que vimos na PS3. Passou-se o mesmo com The Last of Us, jogo que já era fabuloso na geração anterior, e que o continua a ser na PS4, mas que oferece maioritariamente a mesma experiência. Convém ainda notar que a coleção apresentou alguns problemas gráficos, falhas que nos distraíram em determinados momentos. De qualquer forma, a Bluepoint Games já está a trabalhar numa grande atualização para a coleção.

Entre muitas melhorias, algumas ausências e o erro ocasional, o que convém retirar desta coleção é o facto de reunir uma das maiores trilogias de ação dos videojogos. Certamente que vários fãs vão gostar de revisitar os três Uncharted na sua melhor forma de sempre, enquanto que outros jogadores que até agora não tiveram a oportunidade de os jogar, podem finalmente embarcar em três aventuras fantásticas. Não nos lembramos de melhor forma de suavizar a espera pela chegada de Uncharted 4: A Thief's End em março.