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Total War Saga: Thrones of Britannia

Total War Saga: Thrones of Britannia

A Creative Assembly levou-nos para o século IX, no Total War mais detalhado e pessoal da saga.

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A saga Total War está a ficar fracturada. Até há relativamente pouco tempo, Total War era uma sucessão de títulos baseados em vários períodos históricos, misturando o passado sem uma ordem específica. Pelo caminho a Creative Assembly afinou a tecnologia e a experiência de jogo, embora a fórmula tenha permanecido de certa forma idêntica: os jogadores movem exércitos através de uma região, pausando a ação em tempo real para ordenarem as suas forças. Há uns anos, contudo, a saga começou a expandir-se, virando-se para a licença Warhammer, invadindo as plataformas móveis, e até apresentado alternativas free-to-play dedicadas ao multijogador.

Thrones of Britannia foi categorizado como "Saga", uma nova categoria de Total War que reúne jogos mais focados em períodos específicos da história. Por exemplo, o já anunciado Total War: Three Kingdoms, que será baseado num mapa muito maior e num período muito mais largo, não pertence a esta série Saga. Já Thrones of Britannia é bem mais específico, começando no ano de 878 - pouco depois de Alfredo de Wessex ter combatido com o grande exército Viking no sudoeste da Britânia. Quando o jogo arranca, os Anglo-saxões estão no sul, enquanto que os Vikings estão no norte e no leste. É aqui que começa uma guerra que eventualmente irá resultar na formação da Inglaterra, e na identidade do povo inglês.

A ligação e o interesse a este período histórico vai naturalmente influenciar a vossa experiência com o jogo. Por exemplo, o nosso colega que analisou o jogo é inglês, e como tal, tinha interesse particular neste período histórico. Fãs da série Vikings, do canal História, também podem ter interesse neste período, já que a nova temporada arranca perto de onde começa também o jogo. A forma como a Creative Assembly utilizou algumas características desta era como mecânicas de jogabilidade é também interessante. Por exemplo, a fação de Alfredo tem acesso ao Witan, um conselho que se reúne para discutir assunto de estado. Se usar esta função, o jogador pode ordenar decretos que vão influenciar a sua campanha, como diminuir ou aumentar impostos. Outro exemplo é a capacidade para o recrutamento de novos generais e governadores, algo que só é possível com dinheiro suficiente para os aliciar. A hierarquia Anglo-saxã funcionava muito à base de oferendas, e se querem assegurar a vitória, têm de estar preparados para alguns sacrifícios. Era um período de mercenários, e se não os mantiverem contentes, arriscam motins.

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Esta abordagem mais focada permitiu à Creative Assembly implementar um nível de detalhe que é raro em Total War, e nós apreciámos a mudanças. O mapa, embora bastante menor, é extremamente detalhado, ainda que seja grande o suficiente o propósito do jogo. Comparámos a Britânia de Rome II com a de Thrones of Britannia, e a diferença é gritante. O nível de detalhe deste jogo é consideravelmente superior, com a inclusão de todos os reinos maiores. Todas as cidades maiores são suportadas por estabelecimentos menores, e o mapa em si parece assim mais dinâmico e mais rico.

Como é típico na saga, vão ganhar dinheiro através dos edifícios que estão nas aldeias, e mais uma vez, têm de criar um equilíbrio entre a produtividade das aldeias, e a criação e gestão de um exército. Com a exceção da exclusão de unidades mais poderosas, esta parte do jogo surge de forma semelhante ao que já conhecemos de outros Total War. O mesmo é verdade para o combate, que continua a funcionar como uma versão mais complexa do jogo pedra-papel-tesoura. Continua a ser extremamente eficaz, mas esperávamos algo um pouco diferente e mais corajoso em termos de combate. Já o sistema de progress e de políticas foi melhorado, e isso ajudou a tornar Thrones of Britannia num dos Total War mais imersivos dos últimos anos.

Apreciámos a maior personalidade dos indivíduos com que interágimos, que têm motivações mais credíveis. Um foco em habilidades e características individuais ajudaram algumas personagens a destacarem-se, e a assumirem protagonismo na própria estória, em vez de parecerem ferramentas para a jogabilidade. Não é nenhuma revolução, mas como aconteceu com a maior parte do resto do jogo, a Creative Assembly conseguiu pegar em certos elementos da experiência e expandiu-os com maior detalhe e trabalho.

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Todo este lado de interação e política está mais acessível e interessante, e criar este equilíbrio entre entre as necessidades gerais do reino, e as diretrizes do exército, é um dos fatores mais satisfatórios do jogo. Conforme avançam na campanha, vão percebendo melhor como todas as estatísticas e habilidades estão a contribuir como um todo, e como as características das personagens têm influência nos eventos. A interação com outras personagens nunca foi um dos pontos fortes de Total War, mas essa vertente da experiência está bem mais interessante e empolgante em Thrones of Britannia. Até existem pequenas narrativas secundárias que surgem entre as batalhas maiores, para quem estiver interessado em segui-las.

A interface como um todo foi alvo de melhoramentos subtis, mas eficazes, que em conjunto forma uma experiência mais clara e acessível. Também gostámos de ver os retratos 3D das personagens alterados por retratos 2D, embora seja um pormenor menor. No geral existem mais informações vitais em disposição, mas apresentadas de forma clara e eficaz, permitindo que o jogo esteja sempre bem informado do que é importante, sem ter de navegar menus confusos.

Existem algumas áreas que, no geral, gostaríamos de ver melhorados na série, como o sistema de diplomacia. Gostaríamos de ter mais opções na interação com os inimigos, e mais controlo sobre os reinos adjacentes. Podem sugerir aos aliados que ataquem um adversário específico, mas essa sugestão raramente surtiu efeito. Esse elemento roubou-nos a sensação de estarmos a controlar o rei dos reis, e sentimos falta de mais opções para castigarmos ou recompensarmos os nossos aliados. Esperemos que o próximo Total War já possa apresentar mais novidades nesse sentido.

Algo que os fãs de Total War deve também ponderar é uma eventual fadiga da série. Nos últimos anos apareceram vários jogos da série, ainda que em contextos muito diferentes. Se têm acompanhado esses jogos, e respetivas expansões, são certamente fãs de Total War, mas também podem estar algo cansados da fórmula, e podem começar a desejar mudanças mais profundas. Esse são dois elementos determinantes para o quanto podem desfrutar de Total War Saga: Thrones of Britannia: a vossa eventual fadiga da série, e o interesse (ou falta dele) no período que é aqui representado.

Mais uma vez, gostámos desta abordagem mais focada e detalhada, e na maior personalidade das personagens com que interagem. Parece-nos que Total War Saga: Thrones of Britannia conseguiu atingir o objetivo a que se propôs, o de oferecer uma experiência Total War condensada num mapa mais pequeno, e num período menor, mas com maior detalhe e interação. Agora cabe da vossa parte perceber se esse objetivo coincide com o que querem de um jogo de estatégia, e em específico, de Total War.

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08 Gamereactor Portugal
8 / 10
+
Mais personalidade nas camadas estratégicas. Interface eficaz. Boa atenção ao detalhe. Foco num período específico encaixa bem.
-
Alguns elementos começa a pedir maior inovação. Diplomacia podia ter maior nuance.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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