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The Walking Dead: Michonne

The Walking Dead: Michonne - Série completa

Análise aos três episódios e ao somatório de toda a experiência.

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Episódio 1: In Too Deep

A Telltale deixou bem vincada a sua marca na indústria em 2012, com o lançamento da sua própria versão de The Walking Dead. A sua estrutura de narrativa episódica disparou ao nível da qualidade, optando por um estilo de aventura mais preocupado com as escolhas dos jogadores do que com a resolução de puzzles. A chegada da segunda temporada não teve o mesmo impacto, mas voltou a apresentar uma qualidade acima da média. Agora vão experimentar nova mudança na fórmula, com o lançamento de uma mini-série de três episódios inspirada numa das personagens mais populares da banda desenhada e da série televisiva, Michonne. Esta história de três episódios relata os eventos que aconteceram entre as edições 126 e 139 da banda desenhada, altura em que Michonne e Rick estiveram separados.

A saga principal da Telltale segue o seu próprio percurso e personagens, e embora já tenha contado com a participação ocasional de alguns elementos da banda desenhada, nunca lhes ofereceu o controlo. Nesta mini-série a situação inverte-se. Vão controlar uma das personagens mais interessantes da história original, enquanto interagem com várias figuras criadas pela Telltale. Michonne pareceu-nos a escolha perfeita para este novo formato, já que a personagem consegue mostrar vários tipos de emoções. Embora seja capaz de transmitir compaixão, Michonne tem a capacidade de ser fria e impiedosa quando é necessário. Que tipo de reações terá às situações do jogo, cabe ao jogador decidir.

The Walking Dead: MichonneThe Walking Dead: Michonne
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A fórmula deste The Walking: Michonne segue de perto o que a Telltale tem feito nos últimos anos, embora com algumas mudanças menores. Gostámos bastante do estilo visual, que parece ter bebido da inspiração de Tales from the Borderlands, também criado pela Telltale. Contudo, não esperem o mesmo tipo de boa disposição, porque a julgar por este primeiro episódio, The Walking Dead: Michonne será uma história muito sombria. Os jogadores também terão a oportunidade de explorarem o passado da personagem, e de perceber melhor como os eventos traumáticos que já enfrentou podem influencia-la no futuro.

Pouco depois do jogo arrancar, Michonne vai juntar-se a um grupo de sobreviventes que estão a viajar ao longo da costa num barco chamado The Companion. O grupo é liderado pelo capitão Pete, que pareceu ser o único que conseguiu manter intacto o seu optimismo e humanidade. Pete e Michonne vão partir juntos à procura de recursos, mas acabam por responder a um pedido de ajuda... que no típico espírito de The Walking Dead, acaba por correr mal.

Para evitarmos estragar a história, não nos podemos alongar sobre os eventos seguintes, precisamente porque descobrir e influenciar a narrativa é o grande ponte forte de toda a experiência. Como The Walking Dead já nos ensinou vezes sem conta, as pessoas tendem a mentir sobre o que fizeram no passado, para passarem melhor imagem. O jogador, tal como Michonne, terá de reagir em várias ocasiões por instinto, normalmente de forma acelerada. Muitas das escolhas que tomámos durante todo o episódio foram limitadas por tempo, o que acrescentou à tensão.

Este episódio inaugural ocupou-nos durante pouco mais de duas horas, o que é a duração normal para cada capítulo da Telltale Games. Notámos, contudo, que o jogo é bastante linear e cinemático, com ambientes cada vez mais controlados. É um formato que serve bem o propósito narrativo da experiência, mas também teria sido agradável ter a oportunidade de explorar um pouco de contexto secundário, como permitem outros jogos do género (Life is Strange, por exemplo).

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The Walking Dead: Michonne beneficia claramente de bons valores de produção, dotando-se de animações faciais de qualidade, ângulos de câmara cinemáticos, e excelentes interpretações dos atores. O nosso maior problema, sobretudo ao nível técnico, prendeu-se com a duração prolongada dos tempos de carregamento. Não se trata de um grande portento técnico, ou de um expansivo mundo aberto, por isso exigiam-se tempos de carregamento quase instantâneos. Merece ser referido que, quem tiver essa curiosidade, pode ainda comparar as suas escolhas com a maioria dos outros jogadores.

Gostámos deste arranque forte de The Walking Dead: Michone. Como se trata de uma mini-série de três episódios, o ritmo narrativo é um pouco diferente do habitual, e depressa vão entrar em contacto com o grosso das personagens mais importantes, mas acreditamos que ainda vão existir muitas surpresas nos dois episódios que faltam.

O trabalho de Samira Wiley na voz de Michonne também é digno de menção particular, e se são fãs da série de TV, vão perceber que a sua voz é próxima o suficiente da atriz Danai Gurira para que não estranhem demasiado a sua prestação. Michonne é uma personagem fantástica, e o jogo sabe que os fãs de Walking Dead a adoram, por isso a Telltale não teve de perder muito tempo a apresentá-la aos jogadores, permitindo acelerar todo o processo narrativo. The Walking Dead: Michonne custa € 14.99 pelo pacote completo dos três episódios, e segundo a Telltale, os dois capítulos restantes chegam em março e abril. Ainda bem, porque mal podemos esperar para ver como tudo se desenrola.

Classificação do Episódio 1: 8/10

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Episódio 2: Give No Shelter

Neste segundo episódio, Michonne tem de escapar dos seus captores juntamente com uma rapariga, e é essa rapariga e a sua família que são o centro deste capítulo. Um evento que vai reforçar ainda mais as alucinações de Michonne com a sua criança. Como é um episódio em movimento, acaba por ser mais linear do que é habitual com a Telltale, e terão de ligar com mais eventos QTE do que necessariamente com opções de diálogo.

A situação só muda quando encontram a família da rapariga, tornando-se ainda mais sombria e carregada. É um episódio intenso, mais até que o primeiro, mas também é mais curto - pouco mais que uma hora de jogo. As duas temporadas de The Walking Dead conquistaram os jogadores porque gastavam tempo a desenvolver as personagens. Haviam pausas para o jogador respirar um pouco e absorver o que se estava a passar. Aqui tudo decorre muito rápido, e são despejados quase de morte em morte.

Ainda assim, não há como negar que Michonne é uma personagem fantástica, e o contexto é brilhante. Durante este segundo episódio vão ter de tomar algumas escolhas muito complicadas, e existe uma decisão em particular que está associada a um momento de grande intensidade. De tal forma que foi um dos raros momentos de um jogo deste estilo em que não pensámos nas consequências, e simplesmente respondemos com base nas emoções. O que jogámos foi bom, embora um pouco linear, mas não conseguimos afastar a ideia de que se tratou de meio episódio, e não um capítulo completo.

Classificação do Episódio 2: 6/10

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Episódio 3: What We Deserve

Depois de um segundo episódio curto e algo desapontante, o terceiro e último capítulo arranca com estrondo, e terão de enfrentar algumas das decisões que tomaram anteriormente. Existe mais contexto para a história, e o ritmo da aventura melhorou significativamente. Em termos de longevidade, não é tão curto como o segundo episódio, mas continua a ser mais curto que a maioria. No total, The Walking Dead: Michonne dura menos que cinco horas.

A narrativa continua a ser linear, mas existem alguns momentos emocionais que vão valer a pena para quem já investiu tempo nesta aventura. E podemos confirmar que algumas decisões mudam realmente os acontecimentos. Além de Michonne, que é uma personagem fortíssima, existem outras figuras que gostaríamos de ter conhecido melhor, e o jogo falha em apresentar essas personagens com a mesma eficácia que outros títulos da Telltale.

Classificação do Episódio 3: 7/10

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Conclusão

Como um todo, esta mini-série é uma experiência algo bizarra que foi relativamente bem sucedida. A narrativa explora alguns tópicos interessantes, e como sempre, The Walking Dead é o cenário perfeito para ver pessoas boas cometerem actos duvidosos. Se gostam de The Walking Dead e gostariam de experimentar uma versão mais condensada dos jogos da Telltale, devem considerar a mini-série dedicada a Michonne. Gostámos desta aventura com essa perspetiva, mas o jogo nunca nos agarrou como as duas temporadas completas que a Telltale já lançou.

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07 Gamereactor Portugal
7 / 10
+
Michonne é a personagem perfeita para uma mini-série. Personagens secundárias e contexto interessantes. Narrativa com bom ritmo.
-
Fórmula da Telltale já começa a cansar. Tempos de carregamentos mais longos do que deveriam. Pouca exploração.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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