The Lego Movie Videogame estará à venda oficialmente em Portugal no dia 27 de fevereiro, para coincidir com a estreia do filme nos cinemas nacionais. Fica ainda o aviso de que o jogo segue a narrativa do filme, pelo que, se querem guardar surpresas, devem guardar o jogo para depois do filme.
A TT Games é sinónimo da licença da Lego, contando com uma série de videojogos ligados a inúmeras licenças. Contudo, nos últimos anos a identidade dos jogos Lego começou a concentrar-se muito mais nas licenças em si e não tanto na construção de objetos com blocos, que é a verdadeira essência de Lego.
De qualquer forma, é difícil apontar defeito à TT Games, já que os jogos apresentaram excelentes opções cooperativas e conseguiram fazer justiça às licenças em que se basearam com grande categoria, apesar da estrutura começar a tornar-se algo repetitiva.
Em Lego City Undercover, para a Wii U, foi a primeira vez em alguns anos que ficámos com a sensação de que a equipa estava a tentar fazer algo novo com Lego. Era uma experiência a solo, com uma história original e sem licenças por trás. Tudo embrulhado num enorme mundo aberto, como começou a ser norma a partir de Lego Batman 2: DC Super Heroes.
Este novo The Lego Movie Videogame, inspirado no filme, é um regresso às origens, onde o foco são os blocos tradicionais, conseguindo reunir várias personagens do universo Lego da TT Games. A produtora ate conseguiu mudar alguns elementos da jogabilidade. A experiência continuará a ser familiar aos jogadores, mas é uma abordagem nova e muito bem-vinda.
O filme, que conta a história de como o construtor Emmet vai tentar impedir que o universo Lego seja destruído pelo Lord Business, tem uma narrativa louca, algo que é replicado no jogo. Tudo sem esquecer a ação cooperativa, a recolha de blocos especiais e as secções de plataformas que são tradicionais na série.
É evidente, logo a partir dos primeiros minutos, que a TT Games tenta contar a mesma história com o filme, embora ao mesmo tempo consiga proporcionar uma experiência alternativa. Não é, contudo, uma réplica simples e dura. A introdução das secções de jogabilidade permitem tornar o jogo numa aventura independente, de tal forma que parece uma versão expandida do filme.
Melhor ainda, este novo mundo Lego é realmente isso, Lego. Os jogos anteriores começaram a transitar para um misto entre personagens Lego em ambientes que não eram Lego, mas não é isso que se passa aqui. As estruturas, os edifícios, as construções - tudo Lego. Tal como no filme.
Neste jogo existe uma maior dedicação à essência da experiência Lego - desmontar e montar blocos - e tudo com um aspeto fantástico, sobretudo na nova geração. E já agora, tudo corre com uma fluidez perfeita, embora não possamos dizer o mesmo das versões para as consolas de "antiga geração."
A primeira vez que vimos uma grua a ser construída à nossa frente, ficámos impressionados. De repente, a construção pára, uma parte brilha e cabe ao jogador encontrar os blocos que faltam. É um pequeno mini-jogo engraçado, e não é o último nem o mais incomum (preparem-se para alguns elementos de ação rítmica).
Existe uma variação surpreendente de desafios e de localizações. O jogo alterna entre missões lineares e um enorme mundo aberto para explorarem. O facto do filme colocar o seu herói em vários ambientes distintos é um fator bem aproveitado no jogo, permitindo que os jogadores visitem uma série de níveis variados e vibrantes.
Para os desafios, já não estamos limitados a lutas, saltos ou ao puzzle ocasional.
Por exemplo, a primeira perseguição automóvel do filme é recontada como uma sequência de corridas, onde têm de disparar sobre os perseguidores e saltar entre carros. Numa corrida mais tardia vão atravessar uma cidade ao estilo do Velho Oeste, que parece mais uma montanha-russa que uma corrida tradicional. Também existem batalhas divertidas com Bosses e um piscar de olho a Pilotwings, a série clássica da Nintendo. Até vão percorrer uma sequência em cima de um comboio, com perspetiva lateral da câmara, a lembrar Sunset Riders.
São momentos com excelente valor nostálgico, embora também revelem alguma simplicidade de processos, já que na realidade vão fazer pouco mais do que pressionar um botão. Para jogadores ocasionais ou mais novos, será suficiente, mas alguns veteranos vão provavelmente aborrecer-se desta simplicidade. Felizmente, o contexto varia imenso, o que ajuda a afastar esses momentos de eventual aborrecimento.
Como em praticamente todos os outros jogos da Lego, existe uma grande lista de personagens para recolher, divididas em categorias, que permitem abordar certos tipos de ações, puzzles e construções de blocos. Se à longevidade razoável da história juntarem o cumprimento de todas estas tarefas secundárias, ganham um jogo para as próximas semanas.
O facto de ser possível alternar entre as várias áreas através de um simples portal, em vez do tradicional menu, é outra vantagem. Menos bom é a inclusão do sistema de saves arcaico, que vos obriga a cumprir um capítulo inteiro, sob pena de terem de recomeçar tudo se decidirem parar a meio para fazerem outra coisa.
Mesmo assim, é difícil ficar chateado com o jogo. Parece uma experiência genuinamente fresca em comparação a outros títulos mais recentes da Lego e é um excelente complemento (ou até alternativa) ao filme. Se são fãs da Lego, não vão ficar desiludidos.