Streets of Rogue tem estado a ser trabalhado em acesso antecipado do Steam há já alguns anos, mas o estúdio entendeu finalmente que estava na hora de o libertar, não só no PC, mas também em PS4, Xbox One, e Switch. Testámos um pouco da versão PC, presumivelmente a versão superior do jogo, mas jogámos a maior parte do jogo na Nintendo Switch por motivos de conveniência.
De certa, Streets of Rogue parece mais adequado para o elemento portátil da Switch, já que inclui vários elementos roguelike, incluindo morte permanente e níveis gerados de forma automática. Isto torna-o ideal para sessões curtas, mas intensas. O único problema que encontrámos nesta versão está na interface, que não foi adaptada da melhor forma ao ecrã da Switch. O mini-mapa é particularmente difícil de seguir na portátil, embora este problema não se coloque se jogarem numa TV ou num monitor.
Streets of Rogue é baseado num futuro distópico, numa cidade governada de forma impiedosa. É uma premissa sombria, mas o jogo mantém sempre um certo estilo cómico, não só no guião, mas também noutros elementos como a escolha de classes. Comédia é algo muito subjetivo, por isso o que podemos dizer é que algumas piadas não nos atingiram. Isto, contudo, não significa que o mesmo irá acontecer com vocês, e se há algo que temos de reconhecer, é que Streets of Rogue é um jogo com muita personalidade.
Lutar pela resistência contra o presidente da câmara que governa a cidade com punho de ferro implica normalmente matar outras pessoas, mas a certo ponto a narrativa torna-se quase irrelevante para a jogabilidade, e o jogo começa a resumir-se a eliminar pessoas sem contexto narrativo. Recebemos ordens para matar doutores, por exemplo, sem qualquer explicação para o porquê, e também tivemos de acionar uma série de botões e alavancas sem existir um real motivo para isso.
Os níveis têm objetivos primários e secundários, mas como já referimos, não têm grande ligação à história, ou pelo menos não do que vimos. Gastámos várias horas com Streets of Rogue, mas como se trata de um roguelike, muitas dessas horas envolveram repetição, o que significa que não conseguimos terminar o jogo. Por outras palavras, não sabemos se a história eventualmente dá uma volta, mas o que podemos dizer é que, ao longo das várias horas que passámos com o jogo, a história não desenvolveu de forma interessante. Por outras palavras, Streets of Rogue é um jogo que não deve ser considerado pela narrativa.
Ao vosso dispor terão um rol de personagens/classes interessantes, como o soldado que é perigo em armas, ou o ladrão, que oferece uma jogabilidade mais furtiva. Outra opção inicial é o hacker, capaz de controlar ou neutralizar aparelhos, mas ao longo do jogo vão desbloqueando novas personagens. Num nível libertámos o "gorila", que se tornou numa personagem jogável. É uma personagem potente, mas que tem uma aversão a cientistas, algo que mais nenhuma personagem tem. Outra figura que podem desbloquear é o canibal, a que terão acesso se matarem 20 inocentes num nível.
Cada classe tem os seus próprios itens iniciais, mas podem conseguir mais ao encontrarem baús e ao derrotarem oponentes. Gostávamos no entanto que o ciclo de jogabilidade de Streets of Rogue oferecesse mais, porque a premissa do mundo é interessante. Algum tipo de interação real com outras personagens, motivos para explorar o mundo além de baús, mas não é isso que vão encontrar. É antes um ciclo de entrar num prédio, matar alguns tipos, e partir para o objetivo seguinte.
O combate em si é sólido, mas não tem nada que o destaque de outros sistemas de combate. Como já referimos, existem vários estilos de jogo associados à classe escolhida, que permitem uma certa abordagem tática ao combate, mas a situação tende a tornar-se caótica com alguma facilidade, o que atira qualquer tipo de estratégia que pudessem ter pela janela. Isto por vezes vai resultar na vossa morte, o que já seria de esperar, mas existe uma outra causa que é bem mais frustrante.
O ambiente por vezes tem perigos ambientes que podem matar o jogador com um só golpe, incluindo lasers e explosivos. O problema é que alguns destes perigos aparecem sem aviso, o que não dá hipótese ao jogador de reagir. Portas que explodem ao serem abertas foi um dos que mais nos irritou, porque pareceu mesmo uma morte injusta que o jogo nos aplicou.
Embora estas situações tenham sido frustrantes, não foram suficientes para estragar por completo a nossa experiência de jogo. O facto de ser possível recomeçar o jogo de rapidamente ajuda a manter o ritmo, e havia sempre o interesse de experimentar uma nova tática ou conhecer outra classe. Dito isto, e apesar de existirem várias personagens, o jogo não é tão profundo como pode parecer no papel. Quanto ao elemento visual, é perfeitamente adequando, ainda que se comece a tornar repetitivo.
Streets of Rogue tem alguns defeitos, mas também tem pontos positivos suficientes para que o possamos recomendar a quem aprecia o género roguelike. Esperávamos que o jogo fizesse muito mais com a premissa interessante do mundo e da história, mas se não considerarem isso, e abordarem Streets of Rogue simplesmente pelo fator roguelike, pela jogabilidade, e pelas várias classes disponíveis, então é provavelmente que consigam retirar alguma diversão deste jogo.