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Serviços de Subscrição nos Videojogos

O futuro da indústria ou uma moda passageira?

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A Microsoft anunciou há pouco tempo que o seu serviço de subscrição para videojogos, Game Pass, passará a incluir todos os exclusivos de Xbox One a partir do dia de lançamento. Isto significa que grandes nomes como Gears of War, Sea of Thieves, Halo, Força, e Crackdown, vão estar disponíveis para assinantes sem qualquer encargo adicional além dos € 9.99 mensais do serviço. Com esta decisão a Microsoft tomou uma decisão arrojada, que não só disparou o potencial do Game Pass, como pode ter abrido uma porta até ao momento inexplorada nos videojogos - mas nem todos ficaram contentes com a decisão.

O retalho, ou as lojas se preferirem, são uma peça vital do negócio, particularmente importantes para a venda de consolas. Com esta decisão a Microsoft está naturalmente a tirar interesse na compra de cópias físicas de videojogos, algo que deixou vários membros do retalho norte-americano indignados. Se ao crescimento do mercado digital de videojogos acrescentarmos estes serviços de subscrição, é fácil perceber porque lojas como a Gamestop não estão nada satisfeitas com este tipo de abordagens.

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O Game Pass é um serviço que permite descarregar jogos da sua biblioteca para a consola, algo que o distingue de outros serviços de subscrição que vieram antes. O OnLive, por exemplo, foi um serviço que atraiu algumas atenções há uns anos, ao disponibilizar uma biblioteca de jogos para os seus assinantes. O método de acesso ao jogos, contudo, era diferente. No caso do OnLive a disponibilização dos videojogos era através de Cloudgaming, ou seja, os jogos corriam nos servidores da empresa, e depois eram transmitidos para o dispositivo do jogador. Isto permitia jogar títulos sem preocupações de requisitos, desde que a ligação fosse boa - se não fosse, a qualidade de imagem podia sofrer imenso, para não falar de problemas de latência.

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O OnLive acabou por ser comprado pela Sony em 2015, que decidiu usar essa tecnologia para melhorar o PS Now. Este serviço nasceu originalmente como uma extensão do Gaikai (comprado pela Sony em 2013), e permite jogar títulos PS3 e PS4 através de Cloudgaming, ou seja, os jogos correm nas consolas locais da Sony e são transmitidos para a PS4 ou para o PC, dependendo de onde preferem jogar. Tal como o Game Pass da Microsoft, também o PS Now dispõe de uma vasta biblioteca de títulos, embora custa o dobro - a subscrição é de € 19.99 por mês. O PS Now tem no entanto alguns problemas que não estão associados ao Game Pass. Como o serviço da Microsoft permite descarregar os jogos, não existem problemas de ligação que afetem a experiência de jogabilidade. E enquanto o Game Pass está disponível em vários países, incluindo Portugal, o PS Now só está disponível nos EUA e numa seleção muito curta de países europeus - onde Portugal não está incluído.

Uma tentativa de ocupar o espaço deixado pelo OnLive é o Utomik, um serviço que já tem uma biblioteca de videojogos, mas que funciona como um misto do OnLive e do Game Pass. Aqui o jogo é totalmente descarregado para o computador do utilizador, mas de forma dinâmica. Apenas descarregam os ficheiros essenciais para começarem a jogar, enquanto que o resto é descarregado enquanto jogam. O Utomik está de momento em fase beta aberta ao público, e tem uma mensalidade de € 5.99 por mês para um único utilizador, ou € 9.99 até quatro utilizadores.

Depois existem outros serviços alternativos, como o Humble Monthly. Aqui gastam € 11.99 por mês para terem direito a uma seleção aleatória de jogos todos os meses. Um pouco como os serviços PS Plus da Sony e Xbox Live Gold da Microsoft, por exemplo.

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A própria Electronic Arts tem o seu serviço de subscrição - EA Access na Xbox One e Origin Access no PC. Por € 3.99 podem descarregar jogos da coleção Vault, que inclui títulos como Dead Space, Mass Effect, Titantall, e Dragon Age, por exemplo. Enquanto tiverem a subscrição ativa, podem descarregar e jogar estes títulos sem encargos adicionais. O serviço dá ainda acesso a descontos especiais em jogos da Electronic Arts, além de um período de experimentação de 10 horas para cada jogo, normalmente disponibilizado vários dias antes do lançamento dos títulos em questão.

Esta estrutura de serviços de subscrição não está apenas disponível em consolas e PC. A snakebyte lançou recentemente GameStore para dispositivos Android, permitindo aceder a centenas de jogos por € 7.99 por mês.

A grande questão destes serviços é que, embora incluam dezenas e alguns casos centenas de jogos, raramente incluem novidades. É por isso que a decisão da Microsoft de acrescentar os exclusivos no dia de lançamento é tão importante. Até ao momento, apenas jogos com alguns anos de lançamento eram considerados para o serviço, o que naturalmente limitava imenso o interesse dos jogadores. Se começarem a incluir novidades, estes serviços podem começar a ganhar muito mais importância - mas não acreditamos que se isso acontecer se fiquem pelos € 9.99 por mês.

Um dos problemas em relação à Microsoft é que, de momento, não existem muitos exclusivos a caminho da consola. Imaginem, contudo, que a Sony lançava o seu próprio Game Pass, com acesso a jogos como God of War, Days Gone, Detroit: Become Human, e Spider-Man. Certamente que o interesse iria disparar.

Um serviço deste tipo só se torna rentável caso existem vários milhões de assinantes, mas para isso seria necessário um grande investimento por parte das editoras. É isso que acontece no espaço da televisão, com o Netflix, o NOS Play, e o Amazon Prime. O investimento destas companhias é cada vez maior, não só na tentativa de conseguirem exclusivos de outras cadeias de televisão, mas na produção das suas próprias séries e filmes. Algo semelhante teria de acontecer nos videojogos para que um serviço 'tipo Netflix' fosse realmente viável na indústria.

Ainda assim, a Microsoft deu um passo importante em direção a essa possibilidade. Agora resta esperar como a relação com o retalho pode determinar o futuro dessa decisão, e de que forma as outras editoras vão responder.

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