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Need for Speed Payback

Need for Speed Payback

Quando uma boa base é prejudicada por design duvidoso.

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Longe dos tempos áureos, Need for Speed é hoje uma série perdida, sem saber muito bem que direção tomar. O foco permanece em corridas de rua, tunning, e condução arcade, mas além desses pilares, pouco é capaz de se manter consistente no mundo de Need for Speed. Em 2015 a EA tentou dar um novo início à série, e a verdade é que o jogo em si era competente, ainda que limitado. Agora, com Need for Speed Payback, a EA voltou a mudar o foco, para uma experiência claramente inspirada pelos filmes Velocidade Furiosa, uma estória de ação ao estilo de Hollywood, mas seria mesmo isso que Need for Speed precisava?

Na campanha vão controlar três personagens, e todas partilham um desejo de vingança contra a The House, um gangue que comanda as ruas de Fortune Valley (mundo de jogo inspirado em Las Vegas). O trio de protagonistas é formado pelo fanático de velocidade Tyler Morgan, o condutor todo-terreno Mac, e a condutora de fugas Jess. São três personalidades muito vincadas, que criam uma dinâmica interessante nas sequências de vídeo da estória. Nota que, ao contrário dos vídeos filmados com câmaras normais para o jogo anterior, Payback utiliza o método mais tradicional com o motor gráfico.

Existem cinco tipos de eventos: Drift, Drag, Off-road, Race, e Runner. Ao longo da campanha vão aceitar desafios e missões de cada tipo, com categorias divididas entre os três protagonistas. Uma das novidades são as novas missões de assaltos, onde têm de navegar vários momentos pre-definidos de jogo, com grande ação e perseguições intensas. Nestas missões têm de variar a jogabilidade entre os três protagonistas, numa iniciativa que acaba por funcionar bem. É tudo muito espetacular, mas como um filme, já que os melhores momentos acontecem durante as sequências de vídeo e não tanto na jogabilidade. As perseguições em si até se tornam algo repetitivas com o tempo.

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Fora das missões de estória, Need for Speed Payback lembra-nos de Forza Horizon, com vários tipos de atividades e desafios. Limites de velocidade, saltos, derrapagens, e até colecionáveis temáticos, são alguns dos extras que vos esperam, e que podem valer algum dinheiro extra. Outra semelhança são as peças de carros raros espalhadas pelo cenário, que podem tentar encontrar para desbloquearem viaturas novas. Embora familiares, estas atividades são divertidas - mais ainda se nunca jogaram Forza Horizon.

Outra forma de ganhar dinheiro extra é através de apostas práticas. Basicamente apostam que são capazes de cumprir um objetivo, como permanecer em primeiro lugar numa corrida, ou destruir determinado número de itens num certo tempo. Quanto mais dinheiro apostarem, mais vão ganhar se tiverem sucesso, mas também arriscam perder tudo. São uma opção interessante para quem gosta de testar as suas capacidades de forma arriscada.

Mas é preciso falar do grande pecado de Need for Speed Payback - as Speed Cards. Em qualquer outro jogo da saga podiam comprar peças para melhorar os carros, mas desta vez vão usar estas "Speed Cards" que representam diferentes componentes dos veículos. Várias missões e objetivos exigem uma pontuação mínima do carro, obtida pela mistura do valor do carro, com as Speed Cards em vigor. Ou seja, o conteúdo está bloqueado, de forma gradual, pela qualidade e quantidade de Speed Cards que têm. É um processo que exige mais tempo e repetição de eventos do que é normal, mas que pode obviamente ser ultrapassado comprando cartas com dinheiro real. Nós não o fizemos, e jogámos sem gastar dinheiro, mas parece-nos óbvio que o design do jogo sofreu com estas mudanças, e que foi desenhado para incentivar jogadores a gastarem dinheiro em vez de tempo.

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Need for Speed Payback inclui 78 carros de raiz, desde clássicos a bombas modernas. Existem para muitos gostos, mas mais importante ainda é que a condução é bastante boa, e distinta entre categorias de veículos. É uma fórmula que não foge muito ao que tem sido Need for Speed, uma jogabilidade tipicamente arcade onde a velocidade, as derrapagens, e o espetáculo são mais importantes que o realismo.

Uma das maiores queixas do jogo anterior prendia-se com a cidade onde se passava, sem grande personalidade e vida. Isso não acontece com Fortune Valley. É uma vasta área de jogo, que inclui desertos, áreas urbanas, e enormes luzes florescentes junto dos casinos. Até existe um ciclo de noite e dia, e um sistema dinâmico de clima - o anterior passava-se sempre à noite. O jogo é bonito, beneficiando da excelente capacidade gráfica do motor, e ainda vem acompanhado de uma banda sonora energética, onde se incluem nomes como Queens of Stone Age, Stormzy, e Gorillaz.

Uma queixa prende-se com a limitação da fluidez de jogo, bloqueada a um máximo de 30 frames por segundo. Dentro dessa limitação, o jogo é bastante estável e fluído, mas os 60 frames costumam fazer a diferença nos jogos de condução. Outra desilusão prende-se com a ausência de polícias no mundo aberto. Desta vez só serão perseguidos em missões específicas, nunca enquanto circulam livremente.

Continuando no tópico das desilusões, há que mencionar a escasses de opções online. O sistema funciona bem, e encontrámos com quem competir com facilidade, mas só podem participar em corridas contra outros sete pilotos. Não existem desafios de derrapagens, ou competições mais variadas como até vimos na campanha. Parece-nos uma experiência online demasiado seca, embora à partida este lado possa eventualmente ser reforçado com atualizações.

Mas a maior queixa prende-se naturalmente com as Speed Cards, uma decisão de design que prejudica o ritmo de progressão do jogo, atrasando-o deliberadamente. É uma pena, mas na nossa opinião estas falhas que referimos em cima acabam por prejudicar demasiado o que até é uma experiência divertida no seu núcleo. Numa altura em que a concorrência na área de condução está mais feroz que nunca, e em que se pedia um regresso em força de Need for Speed, acabou por acontecer um pouco o oposto.

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06 Gamereactor Portugal
6 / 10
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Mundo de jogo variado e bonito. Missões de assaltos são interessantes. Boa seleção de veículos e respetiva condução.
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Modo online podia ser mais elaborado. Sistema de cartas é um retrocesso. Faltam polícias ao mundo aberto.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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