Metal Gear Solid V: Ground Zeroes custa € 19.99 em versão digital para PS3 e Xbox 360 ou € 29.99 em formato físico. As versões PS4 e Xbox One custam € 29.99, em formato físico e digital. O jogo estará disponível a 21 de março.
Metal Gear Solid V: Ground Zeroes tem estado envolto em alguma polémica desde que o preço foi anunciado (ver em cima). Jogadores e imprensa questionaram, "será mais que uma demo?" "O preço justifica-se?". Pois bem, na nossa opinião, a resposta à primeira pergunta é "pouco mais", e à segunda é um claro "não", sobretudo considerando os € 29.99.
Dito isto, não nos interpretem mal. Em termos de jogabilidade, história e grafismo, Metal Gear Solid V: Ground Zeroes é praticamente tudo o que podíamos desejar e deixa excelentes indicações para o que será o verdadeiro Metal Gear Solid V - Phantom Pain. Mas o que Ground Zeroes oferece enquanto produto independente é escasso. Acabámos a missão principal, que serve de prelúdio a Phantom Pain, em exatamente 54 minutos, segundo o próprio contador do jogo.
Mas o pior não é a duração de Metal Gear Solid V: Ground Zeroes. Para completarem o conteúdo a 100% terão de gastar uma valetes horas. A nossa maior queixa em relação a Ground Zeroes é que não se trata verdadeiramente de um "jogo". Ground Zeroes na sua essência, ou seja, na missão principal que forma a história, não é mais do que o início de Phantom Pain. É uma simples missão, que seria fantástica como demonstração jogável, mas que é difícil de aceitar enquanto produto independente que custa entre 20 e 30 euros.
Dito isto, vejamos o que tem então Ground Zeroes para oferecer. O jogo arranca depois dos eventos de Metal Gear Solid: Peace Walker, que são importantíssimos para a história. Se não sabem o que aconteceu, ou se querem refrescar a memória, podem ler alguns textos e ouvir alguns ficheiros de áudio (na forma de cassetes) que explicam praticamente tudo o que precisam de saber. Até existe uma mini-sequência em banda desenhada.
Em resumo, Chico e Ortega Paz foram capturados e cabe a Snake (também conhecido como Big Boss), encontrá-los e resgatá-los, antes que denunciem o facto da "nação" Militaires Sans Frontières incluir armamento nuclear. A missão, portanto, é essa. Devem infiltrar a base, descobrir a localização de ambos (se estiverem vivos) e resgatá-los.
O jogo arranca com uma cutscene que a maior parte dos jogadores já devem ter visto em trailers oficiais, mas termina com uma sequência impressionante, que mostra bem a nova tendência de Hideo Kojima para Metal Gear Solid V. Esperem imagens de grande violência e alguns temas chocantes, incluindo violação (embora não seja visível).
Terminada a missão principal, vão desbloquear algumas missões extra, todas elas baseadas na mesma base, embora em alturas diferentes do dia. Uma das missões promove a eliminação de dois alvos específicos, outra requer que invadam a base a bordo de helicóptero, enquanto disparam para inimigos no solo, de forma a proteger um agente infiltrado muito especial. Noutra missão devem encontrar outro agente, descobrir a localização de uma cassete e escapar. A última missão requer que destruam três armas anti-aéreas. Existe uma missão adicional, que varia conforme as plataformas. Na PS3 e PS4 vão encontrar um regresso ao passado, que permite recriar alguns momentos do Metal Gear Solid clássico. Na Xbox 360 e Xbox One vão controlar Raiden, embora com uma jogabilidade idêntica à de Big Boss.
Ao terminarem uma missão desbloqueiam a dificuldade "Difícil" da mesma, que na nossa opinião devia estar desbloqueada de início, como sempre o foi nos outros títulos Metal Gear. Além dos objetivos principais, estão incluidos objetivos secretos para cada missão, que podem descobrir através dos Troféus ou Achievements. Para terminar, existem colecionáveis para recolher e classificações para alcançar, já que serão classificados no final de cada missão, de acordo com a vossa prestação.
A Konami afirma que Ground Zeroes também é útil para os jogadores se habituarem à nova jogabilidade de Metal Gear Solid V e nesse aspeto, concordamos. Ground Zeroes é um salto tremendo desde Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots.
A principal novidade é a transição, de um design relativamente linear dos níveis, para um mundo aberto à exploração (embora seja obviamente curto em Ground Zeroes, já que tudo se passa numa única base). Isto oferece uma grande liberdade de movimentos e de escolha aos jogadores, embora também implique riscos maiores, já que têm de estar preocupados com tudo o que vos rodeia.
Talvez por isso, Hideo Kojima tenha incluído algumas novidades na jogabilidade que provavelmente vão dividir os fãs. O primeiro é o novo "Reflex Mode", que se ativa quando Snake é visto por um inimigo. Isto abranda a ação durante alguns segundos, permitindo-vos eliminar o guarda antes que este dê o alarme. A outra novidade "batoteira" é a possibilidade de marcar os inimigos com os binóculos. Isto permite ver as suas silhuetas mesmo através de paredes, desde que estejam parados.
Em termos de jogabilidade pura, Snake está consideravelmente mais atlético. Pode andar agachado para não fazer barulho ou deitar-se completamente no chão, tal como fazia em MGS4, mas agora também consegue trepar ou saltar por cima de objetos com grande facilidade. A novidade mais peculiar, contudo, será a possibilidade de conduzir veículos, que funciona bastante bem. Outra introdução relevante é o iDroid, um dispositivo que funciona como rádio, mapa dinâmico e que ainda permite ouvir cassetes. Agora já não existe mini-mapa, por isso terão de utilizar o iDroid para compreender o espaço que vos rodeia.
De resto, vão encontrar o habitual. As mecânicas de tiroteio funcionam exatamente como é esperado num jogo de ação na terceira pessoa e continua a ser possível agarrar nos inimigos, utilizando o estilo de combate CQC. Aqui podem interrogá-los (não percebemos porque não foram gravadas vozes para estes momentos), adormecê-los ou matá-los. Existem, contudo, algumas ausências notórias, como as caixas de cartão que são parte do ADN da série e batidas na parede para atrair guardas. Pelo menos podem atirar cartuchos de munição vazios para fazer barulho.
Outro salto evidente de Ground Zeroes está no grafismo. O jogo tem excelente aspeto na PlayStation 4 (versão testada) e corre que é uma maravilha. Existem alguns elementos que oscilam em qualidade, talvez porque o jogo também está na geração anterior (PS3 e Xbox 360), mas de forma geral, Ground Zeroes tem excelente aspeto. O mesmo pode ser dito da qualidade da sonoplastia, desde a banda sonora aos efeitos das armas e às vozes... embora ainda seja difícil aceitar Kiefer Sutherland no lugar de David Hayter.
Metal Gear Solid V: Ground Zeroes é um produto difícil de classificar. Por um lado, a qualidade do grafismo, da jogabilidade e da (pouca) história é fantástica. O nível de produção, em particular, é fenomenal. Mas é difícil ter isso em conta quando a experiência acaba em 54 minutos, e tudo o que nos resta são algumas missões secundárias. Pior que a duração é o facto de que não se trata realmente de uma experiência independente, de um jogo verdadeiro, mas antes de um pequeno excerto que foi arrancado de Metal Gear Solid V. Se custasse algo como 15 euros, parecia-nos aceitável, mas pelos 30 euros pedidos em loja, é muito difícil recomendá-lo.