Foi em 2009 que recebemos o último Marvel Ultimate Alliance, num mundo pré-MCU e ainda longe do gigantesco sucesso cinematográfico que a Marvel acabaria por construir. Muito mudou nestes 10 anos, tanto dentro como fora dos videojogos, e agora a série regressa com Marvel Ultimate Alliance 3: The Black Order, desta vez como um exclusivo da Switch, onde temos de lutar contra Thanos e impedir que o titã reúna todas as Pedras do Infinito.
Isto parece ser familiar? Bem, é suposto, já que o jogo está claramente a aproveitar o universo cinematográfico da Marvel para construir a sua história. O enredo é muito semelhante ao que vimos nos últimos filmes, com os Guardiões da Galáxia a estarem em grande destaque, tal como Capitão Marvel e Homem-Aranha. Se têm acompanhado os filmes da Marvel, irão sentir-se em casa. Aliás, se viram apenas as séries da Netflix, recentemente canceladas, irão encontrar coisas que reconhecem.
Isto são boas notícias para os fãs dos filmes, mas Ultimate Alliance consegue dar abordagens diferentes às personagens (como o regresso de fato clássicos, como no caso de Wolverine e Cyclops, por exemplo) ao mesmo tempo que adiciona novos heróis à sua campanha. Nós nunca vimos os X-Men e Deadpool a lutar contra Thanos, mas agora é possível, existindo ainda espaço para heróis menos conhecidos, como Psylocke e Scarlet Witch, na equipa.
O jogo abre com os Guardiões da Galáxia a investigarem um estranho surto de energia e a ficarem presos no meio de um conflito com o exército de Thanos, que se encontra em busca das Pedras do Infinito. Depois de um pequeno acidente com uma das pedras, vemo-nos transportados para Raft Prison onde encontramos Nick Fury e outros heróis, com a história a mudar de rumo e a levar-nos numa viagem em busca das pedras para salvarmos o universo. Clássica história de super-heróis.
O primeiro capítulo funciona como um tutorial e ensina-nos as mecânicas principais do jogo, que os fãs da série irão certamente reconhecer. Atacamos rapidamente com o Y, usamos ataques pesados com o X, saltamos com o B e interagimos com os cenários através do botão A, com cada um destes botões a dar-nos acesso a ataques especiais se pressionarmos primeiro o R. Ao segurarmos o botão ZR, no entanto, podemos transformar estes ataques em Synergy Attacks, onde combinamos poderes com os nossos colegas de equipa, e ao pressionarmos o R e o L em simultâneo, quando a barra amarela está no máximo, damos início aos Extreme Attacks para ataques mais poderosos e destrutivos. Essencialmente, a Team Ninja criou um jogo de ação com muita variedade e imenso caos, com o ecrã a encher-se de ataques e habilidades especiais.
À medida que avançamos pela campanha, iremos visitar alguns dos locais mais icónicos do universo Marvel, de Wakanda à Dark Dimension - e não só. Estes saltos constantes não são um problema real no jogo, mas a verdade é que a história acaba por sofrer um pouco com esta mudança regular de cenários e zonas. No entanto, o foco mantém-se bastante claro do princípio ao fim, com Thanos a ser uma presença forte e uma motivação perfeita para avançarmos pela campanha.
Tantos os cenários como os heróis apresentam um estilo mais próximo de um desenho animado, mas sem nunca perderem os seus traços característicos. Com esta aposta, o jogo assume um aspecto muito mais colorido, cheio de efeitos visuais durante os combates, existindo sempre aquela antecipação deliciosa de vermos o que vem a seguir e de explorarmos cada capítulo e cada área à procura de recursos, inimigos e segredos.
Os bosses são um dos elementos mais importantes do jogo e são, sem dúvidas, os protagonistas dos momentos mais memoráveis da campanha. Não só dão à Team Ninja a possibilidade de injectar ainda mais personagens na história, onde se incluem até vilões menos conhecidos, como ajudam a diversificar o próprio sistema de combate, obrigando os jogadores a utilizarem uma variedade de tácticas para os derrotar. O jogo não consegue, no entanto, evitar que alguns destes bosses pareçam ser autênticas esponjas, com barras de energia que parecem não ter fim, obrigando-nos a usar todos os poderes para os deitarmos abaixo.
Estes poderes podem ser melhorados através dos recursos que colecionamos ao longo da campanha e iremos desbloquear novas habilidades à medida que ganhamos novos níveis, com o jogo a injectar constantemente novos ataques e heróis para manter a jogabilidade refrescante. Há sempre algo novo para experimentar e se tivermos em conta que controlamos uma equipa de quatro heróis, há sempre o incentivo de trocarmos constantemente de personagem para vermos as suas novas habilidades. Por exemplo, começámos por usar uma equipa composta por variações do Homem-Aranha, mas à medida que fomos avançando, acabámos por utilizar uma equipa liderada pelo Aranhiço, Black Panther, Storm e Deadpool.
De facto, o sistema de evolução e personalização é muito profundo, e é apresentado gradualmente ao longo da campanha, algo que o torna mais acessível. Para além de melhorarmos os ataques, também podemos dar cubos de experiência aos nossos heróis para que possam evoluir mais rapidamente; visitar o laboratório para melhorar os atributos da equipa; e aplicar e modificar os ISO-8s, que são cristais designados para nos dar vantagens dentro do jogo, mas também certas desvantagens. Há muito para experimentar e irão perder algum tempo nos menus a melhorar a vossa equipa, culminando na sensação reconfortante de vermos os nossos heróis mais competentes em combate.
Estes upgrades irão manter os coleccionadores muito ocupados, mas mesmo depois do final da campanha, têm os Infinity Trials para completar. Estes desafios são apresentados durante a campanha principal e apresentam níveis exclusivos que remisturam algumas das batalhas que encontram na história, como a luta contra o primeiro boss, onde, em vez de usarem os vossos ataques normais, só o conseguem atingir com poderes especiais. Se completarem os desafios, terão acesso a recompensas, como cubos de experiência, com a vossa classificação a determinar o tipo de itens que recebem no final de cada partida. A duração, o número de inimigos e até a forma como os derrotam determinam a vossa prestação nos Infinity Trials.
É impossível falar em Ultimate Alliance sem referir um dos seus elementos principais - a cooperação. Desde a campanha até aos Trials, o jogo pode ser jogado com amigos do princípio ao fim, seja online ou local, funcionando tão bem como há uma década atrás. Podem construir a vossa equipa em conjunto, combinar manualmente os poderes e derrotar Thanos - e apesar de ser, por vezes, um pouco confuso, o modo cooperativo nunca deixa de ser divertido.
O que não é assim tão divertido é a câmara, que acaba por ser um problema ao longo da campanha, especialmente se estiverem a jogar com amigos. Por vezes, apercebemo-nos de que a câmara se movia sozinha ou que ficava presa nos cenários, especialmente em corredores ou salas mais fechadas (como no segundo capítulo), não conseguindo acompanhar a acção.
Marvel Ultimate Alliance 3: The Black Order é uma continuação forte para a série que continua a combinar o divertimento da cooperação com as personagens, locais e histórias da Marvel, especialmente do seu universo cinematográfico. É um jogo muito mais divertido com amigos (ainda que possa ser muito confuso nos modos portátil e tabletop), e há muito para descobrir na sua jogabilidade e sistema de evolução. É praticamente obrigatório para todos os fãs da Marvel e dos filmes lançados durante os últimos 10 anos.