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Life is Strange

Life is Strange - Episódio 1

Twin Peaks misturado com a fórmula da Telltale, num novo jogo dos criadores de Remember Me.

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Life is Strange é uma aventura contemporânea sobre uma adolescente chamada Max,que volta à cidade onde nasceu para estudar fotografia. Max regressa depois de ter passado cinco anos em Seattle, e está a atravessar uma fase típica da adolescência, enquanto tenta conviver com amizade, raparigas emocionalmente frágeis, bullies, desportistas e professores convencidos. Isto tudo enquanto tenta reestabelecer uma ligação com a sua melhor amiga de há cinco anos, Chloe. Durante o período em que Max esteve ausente, o pai de Chloe morreu e a jovem tornou-se numa rapariga rebelde, que passa mais tempo a fumar erva que a estudar e que não se preocupa muito com nada. Enquanto Max cresceu para ser tímida e introvertida, Chloe tornou-se rebelde e agressiva.

Existe um tópico que interessa a Chloe, e esse tópico chama-se Rachel. Rachel tornou-se a melhor amiga de Chloe depois de Max ter partido para Seattle, mas há seis meses que está desaparecida. A polícia e a opinião pública acreditam que a rapariga simplesmente decidiu sair da cidade, mas Chloe acredita que algo mais sinistro aconteceu à sua amiga. Este é o primeiro epísódio de uma série de cinco, e apresenta a história, as personagens e as mecânicas de jogo. Torna-se também aparente que o desaparecimento de Rachel é o fio condutor da saga. Se viram Twin Peaks, podem considerar Rachel como a Laura Palmer de Life is Strange, já que toda a gente parece ter uma ligação com a rapariga, de uma forma ou outra.

Life is Strange

Life is Strange dispensa a ação do outro jogo da Dontnod - Remember Me - optando antes por uma estrutura mais em linha com os jogos da Telltale Games (The Walking Dead, The Wolf Among Us). Em vez de se concentrar nos puzzles e itens das aventuras clássicas, Life is Strange vive mais do argumento, das decisões do jogador e de mecânicas de jogabilidade.

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Nesse aspeto, Life is Strange destaca-se dos jogos da Telltale, no sentido em que tem uma mecânica central à jogabilidade que é bastante peculiar. Serão apresentados a essa mecânica no início do episódio, quando Max testemunha um confronto na casa de banho que se desenrola para o pior cenário possível. Este evento traumático acaba por desbloquear uma habilidade em Max, que lhe permite recuar no tempo, dando-lhe a oportunidade de mudar os acontecimentos que acabou de testemunhar. Depois desse evento, Max consegue recuar um pouco o tempo sempre que desejar, permitindo-lhe experimentar com as consequências a curto prazo das suas decisões. Em alguns momentos também pode ser usada para resolver os poucos puzzles do jogo. Se por um lado é fácil perceber as consequências a curto prazo e mudar a decisão, não é tão evidente os tipos de efeitos que isso pode ter a longo prazo. E aí já será impossível voltar atrás.

Perdoem-nos o pequeno 'spoiler', mas vamos dar um exemplo de como isto funciona. A certo ponto, Max está na garagem de Chloe, à procura de ferramentas para consertar a sua máquina Polaroid. Isso também lhe dá a oportunidade perfeita para vasculhar a garagem e tentar descobrir algo sobre a sua amiga. Depois disso podem tomar uma decisão: deixar tudo como está, o que provavelmente dará indicações ao padrasto de Chloe de que alguém esteve lá a bisbilhotar, ou recuam no tempo e deixam tudo como estava. Uma das regras da habilidade de Max é que Max e qualquer objeto que segure, são inafetados pelo recuo no tempo. A excepção são as próprias fotos, que não podem mostrar eventos que não aconteceram. É curioso que, como Bill Murray em O Feitiço do Tempo, vão sentir que estão a fazer batota, ao recuarem uma conversa para darem a resposta "perfeita".

Life is Strange

Este primeiro episódio decorre como um prelúdio para a história, e deixa obviamente muito por resolver para os capítulos seguintes. Parece-nos que uma grande parte do que é decidido e feito neste episódio inicial só terá consequências reais nos capítulos seguintes. O que isso significa é que falta carga emocional real a este primeiro episódio. Outra pequena falha a apontar é que, embora o jogo tenha muitas referências - sobretudo a Twin Peaks -, a maioria surge na forma de texto. Não nos incomodou, mas alguns jogadores poderiam preferir de outra forma. Um sinal claramente negativo está relacionado com a sincronização entre os lábios e o áudio. Felizmente, não é nada que prejudique muito a experiência, que por sinal beneficia de um excelente argumento e de um casting perfeito.

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Life is Strange tem algumas personagens memoráveis, e apresenta algumas dinâmicas interessantes, como a relação entre Max e Chloe. Até agora, o único elemento sobrenatural do jogo parece ser a habilidade que Max possui, e embora seja uma mecânica importante, não é o que governa a história do jogo. A história é sobretudo sobre o que esconde esta aparentemente pacata e normal cidade de Oregon nos EUA.

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Life is Strange oferece algo diferente e incomum para os videojogos. Não existem muitos jogos que se concentrem numa adolescente e na sua amizade com uma amiga problemática. Embora seja atípico como tema para um jogo, são tópicos universais, com os quais a maioria facilmente conseguirá relacionar-se. Um primeiro episódio que, sem grande carga emocional ou consequência, deixa tudo em aberto para o que promete ser uma saga muito interessante.

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08 Gamereactor Portugal
8 / 10
+
Conceito e tópico relevantes. Personagens interessantes. Muitas referências a Twin Peaks. Mecânica para recuar no tempo funciona bem.
-
Primeiro episódio é algo lento, e acaba por apenas preparar a ação para os próximos episódios. Sincronização do áudio e lábios podia estar melhor.
overall score
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