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Deadly Premonition: Origins

Jogos Que Marcaram Gerações - Deadly Premonition

Recordamos um dos jogos mais bizarros, mas também intrigantes, da última década.

Hidetaka Suehiro, também conhecido como Swery65, é um produtor de videojogos conceituado no Japão, que recentemente anunciou uma parceria com Goichi Suda (Suda51), para a produção de Hotel Barcelona, um jogo de terror e mistério inspirado na série Twin Peaks. Mas, para percebermos até onde pode ir este Hotel Barcelona, é preciso recordar outro jogo, Deadly Premonition, o título que catapultou Swery65 para o estatuto de produtor de culto.

Deadly Premonition foi originalmente lançado em 2010, mas a Nintendo Switch recebeu recentemente a sua própria versão, denominada de Origins, uma versão que terminámos, e que nos permite agora olhar com ainda mais detalhe para o jogo. E já agora, convém lembrar que Deadly Premonition vai receber uma sequela em 2020, na forma de A Blessing in Disguise.

Deadly Premonition: OriginsDeadly Premonition: Origins
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Se Deadly Premonition é um bom ou mau jogo, depende muito de quem perguntar, mas quase todos serão pelo menos unânimes em admitir que se trata de um jogo único. Nunca jogámos nada exatamente como este Deadly Premonition, nem antes, nem depois do seu lançamento original. É fácil olhar para Deadly Premonition e classificá-lo como um jogo feio e confuso, a lembrar os piores filmes de terror de série B, do que um thriller supernatural, mas existe muito para lá desta superfície admitidamente trapalhona.

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A verdade é que, mesmo quando saiu em 2010, Deadly Premoniton já não era um jogo particularmente impressionante de uma perspetiva gráfica, e a idade não foi simpática para o visual do jogo. As animações são estranhas, os movimentos faciais não batem certo, e até as vozes dos atores apresentam incoerência. Mais do que ser mau, é estranho, e para os fãs, isso é parte do encanto do jogo. É uma abordagem muito original, que acaba por bater certo com o mundo bizarro de Greenvale.

Deadly Premonition será mais facilmente categorizado como um jogo de terror, mas não é necessariamente acerca de sustos. Uma grande parte da experiência de jogo envolve explorar a cidade e conversar com os seus habitantes, tudo na tentativa de resolver um caso de homicídio. Pelo caminho, contudo, será sugado para o dia-a-dia dessa cidade. Terá de comer, dormir, conduzir pela cidade, e até ajudar as pessoas, e eventualmente vai começar a sentir que faz parte dessa comunidade tão peculiar.

É a outra metade do jogo que envolve o elemento de terror, com o protagonista Francis York Morgan (prefere que o tratem por York) a caminhar para um verdadeiro pesadelo com mortos-vivos e outras criaturas macabras. Tudo isto enquanto resolve puzzles e tenta encontrar pistas que possam avançar o enredo. Quando isto acaba, contudo, o mundo regressa ao normal, como se nada tivesse acontecido.

Esses elementos de terror são um dos pontos mais fortes do jogo, que atingem o seu ponto mais alto quando aparece o misterioso assassino da gabardine, momentos em que o jogador tem de acertar numa sequências de botões para escapar. Em algumas secções tem também de procurar esconderijos, enquanto o assassino navega pelo mapa à procura do jogador, sempre equipado com o seu enorme machado.

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De certa forma é também um Survival Horror, já que os recursos são limitados, obrigando o jogador a explorar o mapa para encontrar comida, armas, munições, saúde, e outros itens. York tem também uma curta barra de energia, usada para correr e para aguentar a respiração quando o assassino está à procura.

Deadly Premonition: Origins
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No centro deste bizarro e charmoso jogo de terror está o próprio York, que só pode ser classificado como excêntrico - e estamos a ser simpáticos. As suas interações sociais são normalmente bastante estranhas e inapropriadas, e ainda mais bizarro é o facto de comunicar constantemente com Zach, que vive no seu pensamento. York utiliza Zach como o seu confidente, um pouco à semelhança do que Cooper fazia com Diane em Twin Peaks.

Ele é também um fumador assíduo, tem um tique em que está sempre a tocar na gravata, e gosta de fazer previsões dependendo do café que está a beber. Como referimos, é no mínimo excêntrico, e isso vale também para muitos dos habitantes da cidade, longe de serem as personalidades que tipicamente encontrariam numa pequena aldeia com esta.

É difícil explicar porque Deadly Premonition é um jogo tão adorado pelos seus fãs, mas esperamos que este artigo tenha ajudado a esclarecer o mistério. Tem, como referimos, muitas falhas de design e até técnicas, sobretudo quando analisadas de forma isolada, mas em conjunto formam uma experiência que estranhamente resulta, e que dificilmente deixa indiferente quem a terminou. É também por isso que uma colaboração entre Swery65 e Suda51 nos deixa muito curiosos.

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