Embora a série Guilty Gear não tenha o reconhecimento popular de outros nomes do género, como Mortal Kombat, Street Fighter, e Tekken, quem é fã mais sério de jogos de luta sabe que a Arc System Works é uma das melhores a trabalhar o género. Eis que entra em cena este Guilty Gear: Strive, um jogo que tenta tornar esta série tipicamente conhecida pelos sistemas complexos e profundos, em algo um pouco mais acessível para novatos. Mas há mais. A Arc System Works também revelou planos ambiciosos para revolucionar jogabilidade online, através de um 'netcode' mais eficaz. Mas terá conseguido? Bem, com uma semana de jogo em cima, podemos dizer que o resultado é misto.
O principal objetivo de Strive parece ser o de simplificar a experiência nuclear de Guilty Gear, sem abdicar do combate veloz e intenso que sempre caracterizou a série. No lançamento existem 15 lutadores por onde escolher, todos com as suas características, peculiaridades, e excentricidades. Em ação, Guilty Gear Strive parece quase um filme de animação japonesa, um bailado colorido e frenético de saltos, combinações de golpes, e movimento rápido. Se já jogou qualquer outro jogo de luta, será capaz de pegar no comando e em qualquer personagem, e lutar, mas entre conseguir executar alguns golpes quase ao calhas, e dominar todos os aspetos de um lutador, há um mundo de distância. Em parte isso deve-se à diferença entre personagens, cada uma tão trabalhada e única, que por vezes nem parecem pertencer ao mesmo jogo. Embora diferentes, as personagens parecem estar bem equilibradas, já que a maioria das lutas em que participámos pareceram sempre consistentes, e o verdadeiro diferencial parece estar na habilidade individual do jogador, não da personagem.
O jogo oferece um tutorial para aprender as bases do sistema de combate, mas é muito básico, e não explica as mecânicas mais complexas. Para isso existe o modo de missões, que consideramos essencial para que novatos entendam precisamente como funciona Guilty Gear. É preciso ter um entendimento de mecânicas que estão de regresso, como Faultless Defence, ou o renovado Roman Cancelling, que permite gastar a barra de energia para cancelar qualquer movimento adversário. Depois, claro, também deve ter um entendimento básico de cada personagem, e dominar combinações e golpes. Só depois pode dar azo a alguma criatividade na forma como explora todos os sistemas ao seu dispor.
Se pretende jogar a solo, terá dois modos à escolha: o tradicional modo arcade, e o modo história. Este modo história é bizarro, porque não inclui jogabilidade entre as sequências de animação, e para sermos honestos, é tudo um grande disparate. Também existe uma enciclopédia a detalhar todos os pormenores, caso deseje mergulhar realmente no universo de Guilty Gear. Tudo considerado, parece que o conteúdo para jogadores solitários é escasso, e o modo história de algo como Mortal Kombat é muito superior.
O foco de Guilty Gear: Strive está no confronto entre jogadores, seja offline, ou online. Aqui é preciso realmente destacar a capacidade da experiência online. Não é perfeita, porque isso é impossível, mas a esmagadora maioria dos combates decorreu sem qualquer tipo de problemas de fluidez ou latência. É realmente impressionante, e provavelmente o jogo com ligação mais sólida entre todos os jogos de luta. Pena que o sistema de lobbies não esteja ao mesmo nível. Depois de criar o seu avatar online, terá de começar a partir do nível mais baixo. A ideia passa por ir trepando uma espécie de torre virtual, conforme sobe de classificação, mas a implementação não funciona lá muito bem. È que depois o jogador deve colocar-se junto de uma máquina arcade, e esperar que surja um oponente, mas isto nem sempre resulta, e o jogo também não explica o que correu mau. É uma pena que, apesar da jogabilidade online ser fantástica, o método de emparelhamento seja tão confuso e ineficaz.
Para concluir, Guilty Gear Strive é uma experiência de jogo de luta excelente - uma das melhores do gênero -, infelizmente atrapalhada por ausência de conteúdo a solo, e lobbies online terríveis. Só podemos esperar que a Arc System Works possa remediar esta situação ao longo das próximas semanas, mas a verdade é que mesmo com os problemas, Guilty Gear: Strive é essencial para fãs do género de luta. A experiência online não tem rival, o grafismo de animação é soberbo, e o sistema de combate é dos mais afinados e profundos. Pode não ter um nome tão popular, mas Guilty Gear continua a ser dos melhores.