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Death Stranding

Grande Entrevista com Hideo Kojima

O criador de Metal Gear Solid explicou ao Gamereactor qual foi o conceito para Death Stranding.

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Hideo Kojima é um dos maiores nomes da indústria de videojogos, fruto de tudo o que conseguiu alcançar com a saga de Metal Gear Solid. Embora não seja um produtor perfeito, muitos dos seus jogos incluem toques de génio, mas o facto de estar tão ligado a Metal Gear sempre deixou alguma desconfiança. Seria Hideo Kojima capaz de produzir jogos igualmente geniais, com grandes valores de produção, que não estivessem ligados ao género de ação furtiva e a Metal Gear?

Essa questão será respondida a 8 de novembro, quando chegar o primeiro jogo de Hideo Kojima desde que abandonou a Konami e Metal Gear Solid. É um projeto bizarro, um jogo completamente original que está a suscitar muita curiosidade, e que o produtor aproveitou para revelar com maior detalhe durante o Tokyo Game Show.

O Gamereactor também esteve nesse evento, onde conseguimos uma entrevista com o próprio Hideo Kojima, que agora partilhamos consigo em baixo.

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Durante a sua apresentação de Death Stranding, no palco do Tokyo Game Show, ficámos particularmente intrigados com a batalha contra um dos bosses, que pareceu ter impacto no clima em torno da área. Pode explicar-nos como irá funcionar esse elemento do jogo?
O mundo vai mudar em tempo real durante o jogo. Existe uma criatura, o "Gazer", que vai estar a flutuar pelo mapa, e que irá invocar um "Catcher" quando detetar o jogador.

O efeito que viu, que parecia um tsunami, não era água, mas alcatrão, que ao subir cria mudanças no mundo. Depois de derrotar o Catcher, o alcatrão desce e o mundo volta a ser alterado. Tentámos criar um mundo que realmente evolui e muda em tempo real.

Na apresentação o jogador conseguiu derrotar este inimigo, mas se o catcher conseguir engolir o protagonista Sam Bridges, irá gerar uma enorme explosão que deixará uma cratera no mapa. O jogo não termina nestes momentos, continua, o que significa que não irá repetir a batalha. Em vez disso, Sam irá para outro mundo onde tentará reconquistar o seu corpo. Quando regressar ao local irá ver uma enorme cratera, e quanto mais morrer, mais crateras irá ver pelo mapa.

Pode jogar com outros jogadores, mas apenas o seu mundo será afetado pelo que fizer na sua história. Por exemplo, se estivermos a jogar juntos eu posso ver as explosões, mas elas não serão representadas no meu jogo. O que tinha naquele momento consigo será transportado para o seu mundo, mas não vamos deixar que a interação entre jogadores afete a história.

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Quanto jogadores podem participar numa batalha contra um boss?
Depende de como joga, de quanto 'gostos' deixar noutros jogadores, e de que forma contribui em termos de criações. Vai variar de jogador para jogador, porque alguns vão optar por não interagir com outros jogadores, e irão apenas seguir a história. Se for esse tipo de jogador, os outros jogadores não virão em seu auxílio. Sempre que terminar uma missão vai ver uma lista de estatísticas, que vão permitir perceber o quão ligado está a outros jogadores. Se tiver uma forte ligação, vai ser beneficiado, porque esse é o tópico do jogo.

Sam parece ter capacidades sobrenaturais ou extra-humanas. O que é ele, afinal?
Bem, ele é um ser humano, mas o que o torna especial é que ele tem habilidades que lhe permitem ir até ao outro mundo, 'arranjá-lo', e regressar. Ele é uma pessoa que não pode morrer, capaz de ir até à praia que fica entre o mundo real e o mundo dos mortos, mas terá de jogar para compreenderem melhor.

Essa praia é o local que vimos logo no primeiro trailer do jogo, com os peixes e as baleias mortas?
Sim, isso era a praia. Sempre que morrerem vão parar a essa praia, porque fica entre dois mundos. Depois terão de encontrar o vosso corpo para regressarem ao mundo real. Sam é especial porque tem essa habilidade, e os fluídos do seu corpo também são importantes para combater os monstros do outro lado. Ele é um pouco mais resistente que os outros seres humanos, mas não é super-humano.

Ok, é bom finalmente conseguirmos fazer algum sentido daquele primeiro trailer.
Espero que escreva isto, porque muitas pessoas não ficam convencidas até que eu basicamente diga tudo. Eu disse que era em mundo aberto, e que podem usar tudo. Isso não é um spoiler, e cabe ao jogador decidir o que fazer. Não é um jogo linear com um caminho a seguir. Só não quero dizer nada sobre a história, e foi por isso que eu disse que terá de jogar para compreender Sam, e o que ele é.

Muito do jogo parece estar centrado em exploração. Será algo tão vital como em jogos como Journey ou No Man's Sky?
Sim, é um sistema de mundo de jogo especial. Existe muita informação, muita terminologia que pode confundir os jogador, mas não se preocupe, porque vamos demorar o nosso tempo a guiá-lo no início do jogo. A história avança de forma muito lenta, sobretudo ao início, e pode sentir-se perdido, mas não se preocupe que eventualmente irá encaixar.

Algumas pessoas dizem-me que lembra o filme Alien: O Oitavo Passageiro, no sentido em que vão gradualmente descobrindo detalhes sobre esse mundo. Diria que talvez se torne muito divertido a partir dos 50% de jogo. Os jogadores, em jogos de ação na primeira pessoa ou algo do género, partem para o jogo já com uma ideia das regras e de como irá funcionar. Eu não queria que isso acontecesse com Death Stranding, quero que os jogadores comecem realmente do zero, que não consigam pegar no jogo e começar a jogar facilmente. Muito do que viu pode deixá-lo confuso, mas tudo fará sentido depois de jogar.

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Como é algo realmente novo, mesmo que tenha visto vídeos de gameplay terá de jogar para realmente perceber Death Stranding e a sua sensação. É o que eu digo a toda a gente, que têm de o jogar para realmente ficarem com uma boa noção do que é. A minha equipa ao início não estava a perceber o conceito, ou oponha-se à ideia, mas isso já mudou, e muitos admitem que é divertido explorar o mundo. Agora até dizem que é o jogo em mundo aberto que sempre quiseram fazer. Não vamos metê-lo num mundo aberto para depois indicar-lhe o que fazer. Eu não tinha qualquer opinião formada sobre o que o jogo devia ser, apenas queria construir este mundo.

Na última cena da apresentação que fizemos no palco da Sony pode ver a Knox City e o jogador a descer as montanhas. Pode não perceber isso apenas a ver o vídeo, mas a jogar vai ter uma sensação completamente diferente. Algumas pessoas choram nessa cena enquanto estão a jogar, mas quem vê o vídeo não percebe porquê. É algo que só vão sentir e perceber a jogar.

O jogo parece ter vários elementos de sobrevivência, incluindo pormenores como os pés incharem se Sam não usar boas botas. É possível morrer de exaustão, por exemplo?
Não pode morrer de fadiga, mas pode morrer ao cair de um sítio alto. Ou melhor, como já referi, não é exatamente morrer. O jogo não termina, continua, e depois tem de encontrar o seu corpo. Não é 'game over', porque isso é um conceito com quase 40 anos criado para os jogos arcade, onde os jogadores tinham de pagar para continuarem a jogar. O meu jogo é diferente, e quando morrer, não morre verdadeiramente. Vai simplesmente flutuar com a sua alma até encontrar o seu corpo. Claro que se falhar uma missão, pode recomeça-la para tentar de novo e avançar a história. Fora isso, não existe game over. Pode morrer, mas o jogo não termina.

Death Stranding será lançado a 8 de novembro em exclusivo para PlayStation 4.

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