Português
Gamereactor
análises
Furi

Furi

Um jogo que consegue ser fabuloso a espaços, mas não como um todo.

HQ

Já estamos a acompanhar Furi há algum tempo no Gamereactor, e agora que o jogo está finalmente disponível para PC e PS4 (onde é gratuito para membros Plus), podemos partilhar a nossa opinião. Furi foi produzido pela The Game Bakers, uma produtora desconhecida de França, mas contou com uma ajuda preciosa - Takashi Okazaki, criador de Afro Samurai.

A influência do artista japonês é evidente no estilo de Furi, muito próximo da animação japonesa, mas com alguns toques futuristas e psicadélicos. O conceito do jogo é também pouco habitual, limitando-se a batalhas com bosses. Vão enfrentar um inimigo, derrotá-lo, atravessar uma pequena secção aborrecida sem interação e exposição confusa, e depois enfrentar outro boss. No papel pode parecer uma experiência limitada, mas não é, porque a jogabilidade é fantástica e o design dos bosses é estupendo.

Furi joga-se como um misto de shooter estilo Resogun, combinado com os movimentos de ação de Ninja Gaiden. Têm uma arma que permite disparar bolas azuis em rápida sucessão, ou carregar um tiro mais poderoso (sem carregamentos ou munições). A curto alcance podem usar uma espada futurista, que permite atacar ou bloquear ataques inimigos - uma ação que depende muito de timing. De resto, podem fazer um pequeno desvio de alguns metros em qualquer direção.

HQ
Publicidade:

É um sistema simples ao nível dos controlos, mas com grande profundidade de design. O bloqueio, por exemplo, só funciona se carregarem no botão instantes antes do ataque inimigo, e só funciona uma vez. Ou seja, se o inimigo preparar quatro ataques seguidos, terão de bloquear com bom timing quatro vezes. Se conseguirem um bloqueio mesmo em cima do ataque, vão ativar um poderoso contra-ataque.

Cada personagem tem várias barras de saúde, que correspondem às fases do combate. Se retirarem uma barra completa de saúde ao inimigo, vão restaurar a vossa própria barra de saúde e iniciar a fase seguinte, que normalmente acrescenta alguns truques novos ao inimigo e um aumento gradual da dificuldade. Se acontecer o oposto, o boss irá restaurar a sua barra de saúde e a fase do combate começa de novo. Se o inimigo ficar sem saúde, o jogo continua para o boss seguinte, caso contrário recomeçam o combate de início.

Embora existam exceções, cada fase de um boss divide-se normalmente em duas partes - uma mais orientada para ataques à distância com a câmara muito afastada dos lutadores, outra muito mais próxima, com uma área de movimento de poucos metros. Alguns bosses estão mais virados para ataques à distância, enquanto outros preferem combater corpo-a-corpo. O design dos bosses é fantástico e as suas fases imaginativas, mas fica o aviso de que Furi é um jogo desafiante. Será praticamente impossível vencer os bosses à primeira tentativa, porque a essência do jogo reside numa filosofia de tentativa e erro. Têm de memorizar as fases dos bosses, os padrões dos seus ataques, e os timings para defender - e para isso terão de repetir as batalhas em várias ocasiões.

Não temos nada contra uma filosofia de tentativa e erro, e o jogo está polido o suficiente para nunca parecer injusto, mas não deixa de se tornar algo repetitivo e frustrante. O problema é que os bosses têm imensas fases, e mesmo que apenas estejam "encalhados" na quinta fase, terão de passar por todas as outras mais uma vez, e isso torna-se problemático quando algumas fases são mais aborrecidas e demoradas do que exatamente desafiantes. Alguns jogadores vão apreciar este conceito, mas devem considerar seriamente se têm paciência para isso.

Publicidade:
HQ

Outro grande problema de Furi surge nos momentos entre batalhas. São vários minutos sem praticamente qualquer interação, onde vão caminhar de um sítio para outro. É tão básico que basta carregar num botão e a personagem irá deslocar-se sozinha para o destino. O jogo aproveita estes momentos para oferecer alguma exposição narrativa ao jogador, embora a estória possa ser algo obtusa. Também não gostámos da forma como o diálogo usou palavrões, algo que nos pareceu bastante forçado nos contextos em que foram usados.

Uma palavra ainda para a qualidade sonora de Furi. Os sons dos efeitos são excelentes, sobretudo porque têm o efeito prático de informarem o jogador. Vão perceber quando o inimigo está a preparar um ataque, e que tipo de ataque, muitas vezes apenas pelo som (enquanto a visão se concentra em dezenas de bolas velozes que têm de evitar). Quanto à banda sonora, é soberba, empolgando os jogadores com excelente ritmo electrónico que se adequa aos momentos dos combates.

Furi tem alguns momentos muitos bons, e outros mais fracos. As batalhas são excelentes, a jogabilidade está a roçar o perfeito, e o design dos bosses é fantástico. Mas os níveis de dificuldade são péssimos. Se acharem a dificuldade normal muito difícil, a vossa única opção é "fácil", que faz muito mais que reduzir a dificuldade do jogo, subtraindo fases aos bosses. Ou seja, perdem grande parte da experiência se baixarem a dificuldade, o que nos leva a acreditar que falta claramente uma dificuldade intermédia. Mas, se o que procuram é um bom desafio que teste os vossos reflexos e atenção, vão adorar Furi.

HQ
FuriFuriFuri
07 Gamereactor Portugal
7 / 10
+
Excelente sistema de combate. Design magnífico. Alguns bosses soberbos. Banda sonora é fantástica.
-
Estória obstusa. Pode ser bastante frustrante e repetitivo. Devia ter mais níveis de dificuldade. Momentos entre combates não têm jogabilidade.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

Textos relacionados

2
FuriScore

Furi

ANÁLISE. Escrito por Ricardo C. Esteves

Um jogo que consegue ser fabuloso a espaços, mas não como um todo.



A carregar o conteúdo seguinte