Quando chegou em 2006, o Dead Rising original revolucionou o género de terror nos videojogos, trocando o arrepiante pelo cómico, e oferecendo ao jogador mil e uma formas de despachar inimigos. Foi um tributo da Capcom ao clássico de George A Romero, Madrugada dos Mortos, colocando num ambiente aberto para o jogador explorar. Entretanto foram lançadas duas sequelas, com meio jogo pelo meio, e é parcialmente isso que vão encontrar aqui.
Este pacote triplo inclui Dead Rising, Dead Rising 2, e Dead Rising 2: Off the Record, todos com uma resolução de 1080p e jogabilidade a 60 frames por segundo. O pacote também inclui várias armas e peças de vestuário que estavam previamente bloqueados por DLC, embora existam algumas ausências notórias nesse campo. Case Zero e Case West, duas mini-expansões importantes, não estão presentes aqui.
Começando pelo original, é fácil perceber porque Dead Rising conquistou tantos fãs em 2006, mas a verdade e que o jogo não envelheceu muito bem. A mecânica de disparo é terrível, navegar o mapa é uma tortura devido à ausência de referências, e o grafismo - embora melhorado -, permanece datado. Estas falhas tornam-se ainda mais evidentes se já jogaram as sequelas, que melhoraram vários aspetos da experiência. Ainda assim, mesmo que seja um jogo com falhas muito evidentes, esta versão de Dead Rising tem o apelo extra de estar disponível pela primeira vez para jogadores PlayStation, que podem finalmente experienciar o original.
O defeito mais vezes apontado a Dead Rising não é mecânico ou técnico, mas antes uma escolha de design. Todos os jogos da saga colocam limites de tempo ao jogador, que se não cumprir, resultam na perca de sobreviventes ou até no final do jogo. É uma opção que choca com a estrutura do próprio jogo, aberta e a incentivar à exploração. Dead Rising diz basicamente isto ao jogador: "tens aqui um mundo enorme com segredos para descobrir, mas espera, porque não tens tempo para o fazeres." Não faz sentido, e é bom saber que Dead Rising 4 vai livrar-se dessa característica, mas isso não invalida o quão irritante é nos jogos anteriores.
Para Dead Rising 2, foi seguida a mesma fórmula do jogo original, embora tenham sido implementados alguns melhoramentos. A interface foi revista, os controlos apurados, e as mecânicas de jogo refinadas. Dead Rising 2 também acrescentou a possibilidade de criação de armas, ao combinarem dois itens num só. O resultado foi também ridículo quanto fantástico, como combinar um colar de pérolas e uma lanterna para criar um Lightsaber. O tom do jogo, contudo, não foi o melhor. Enquanto a estória se manteve absurda e exagerada, tal como o mundo de jogo, o novo protagonista era um pai viúvo com uma filha a lutar pela sobrevivência. Houve uma mistura muito bizarra de tons que não resultou bem, e Chuck Greene acabou por não conseguir estar à altura do herói anterior, Frank West.
Dead Rising 2 teve ainda o condão de acrescentar jogabilidade cooperativa à série, e a verdade é que funcionava bem. Ter um parceiro com quem massacrar zombies e rir às gargalhadas foi uma experiência fantástica, mas infelizmente o jogo não guarda o progresso do jogador quando está a jogar cooperativamente. Outra novidade foi o modo Terror Is Reality, um programa de televisão absurdo onde os participantes tentam matar o maior número de zombies enquanto conduzem uma mota com moto-serras montadas, ou uma espécie de bola de hamsters para humanos. O objetivo é atingir a melhor pontuação possível.
O terceiro "jogo" do pacote é Dead Rising 2: Off The Record, que é na verdade o segundo jogo com algumas mudanças. A grande novidade é que aqui vão jogar com Frank West, o protagonista original, e não Chuck Greene. A maioria dos fãs parece concordar que Off The Record é a versão superior de Dead Rising 2, até porque inclui mais quests, mais combinações de armas, e claro, o regresso de Frank. Embora a campanha seja semelhante, Off The Record brilha mais é depois da campanha de Dead Rising 2, com o modo de exploração livre. Existem vários desafios que podem tentar, com classificações de bronze, prata, e outro, que vos irão incentivar a matar zombies de formas criativas.
Embora esta coleção reúna muito e bom conteúdo, sobretudo para quem aprecia rebentar com zombies de várias maneiras e feitios, o pacote podia ser melhor. Mesmo com o melhor desempenho e a resolução aumentada, Dead Rising Triple Pack não consegue disfarçar a idade do seu grafismo e das mecânicas de jogo. De qualquer forma, se apreciam o género - e sobretudo se perderam o original porque não têm uma Xbox 360 -, vale a pena ponderar a compra. Cada jogo pode ser comprado individualmente por € 19.99, ou em pacote por € 49.99.