Call of Duty é uma das sagas mais populares de sempre, mas todo o sucesso que CoD tem conquistado ao longo da última década, parece ter também despertado muito desprezo. São inúmeros os jogadores que se queixam desta abordagem da Activision, de lançar um CoD por ano, e poucos capítulos da saga foram tão criticados como este Infinite Warfare. Enquanto Battlefield 1 impressionava os jogadores com o seu cenário da Primeira Guerra Mundial, as batalhas especiais de Infinite Warfare não deixaram boas impressões nos jogadores, e muitos esperavam ver Call of Duty: Infinite Warfare falhar escandalosamente. Pois bem, não nos parece de todo o caso.
O Gamereactor marcou presença num evento em Londres, para jogar e analisar a versão final de Call of Duty: Infinite Warfare ao longo de vários dias, e fomos conquistados pelo que a Infinity Ward produziu. Comecemos com a campanha de estória, que nos surpreendeu pela positiva. A ação decorre num futuro relativamente próximo, numa era em que os recursos naturais da Terra começaram a desaparecer. A opção é naturalmente ir à procura desses recursos no espaço, mas existe quem queira tomar o controlo desta situação e manter a humanidade sob resgate. Essa facção chama-se SDF e é liderada pelo Almirante Kotch (interpretado por Kit Harington de Game of Thrones), que não teve problemas em lançar um poderoso ataque contra as armadas aliadas que participavam num desfile. As baixas foram tremendas, e uma das vítimas foi o superior do protagonista Reyes. Agora cabe a Reyes assumir as rédeas da nave de guerra Retribution e da sua tripulação.
Isto marca uma mudança muito bem vinda em Call of Duty, no sentido em que não estão a interpretar mais um soldado ou agente especial, mas um líder, uma personagem que tem peso na estrutura e que tem de tomar as decisões difíceis. E é isso mesmo que Reyes terá de fazer enquanto tenta equilibrar as vidas da sua tripulação e a urgência da sua missão para parar os SDF. A qualidade do argumento, das interpretações dos atores, e dos níveis de produção, fizeram-nos assumir rapidamente uma ligação com algumas destas personagens, e ficámos impressionados com o grau de coração desta estória de CoD. O facto do jogo incluir um grafismo de luxo também não prejudicou este elemento da experiência. A nossa maior queixa prende-se com o ritmo da campanha, sempre muito acelerado e sem dar espaço para o jogador respirar. Alguns jogadores preferem as campanhas de Call of Duty assim - curtas e explosivas -, mas gostaríamos de ter tido mais tempo para apreciar as personagens e a estória.
Embora seja uma campanha com ritmo apressado, nota-se que a Infinity Ward tentou aumentar ligeiramente as opções dos jogadores. Embora seja uma estória linear, agora podem tentar cumprir uma série de missões secundárias e opcionais. Algumas missões até aconselham o jogador a agir de forma furtiva e silenciosa, e são uma das formas que o jogo tem de variar a intensidade da ação.
Grande parte das críticas negativas que o jogo recebeu parecem estar relacionadas com a temática de ficção científica. Compreendemos e partilhámos essa preocupação, mas agora que passámos todo este tempo com o jogo, parece-nos que a Infinity Ward nunca foi longe demais. Claro que existem armas e veículos futuristas, mas tudo parece muito baseado em realidade e credibilidade. Isto ainda é Call of Duty, não é Star Wars.
Um excelente contraste à campanha a solo é novamente o modo de zombies. Ao contrário da estória principal, que se leva a sério e é muito credível, o modo zombies é o completo oposto. É colorido, disparatado, e pode ser jogado de forma cooperativa. Tudo se passa como se a audição de quatro atores para um filme, dentro de um cenário de cinema para Zombies in Spaceland que parece ter saído dos anos 80. É uma autêntica maluquice, que pode ser partilhada por quatro jogadores em simultâneo. Quão maluco é isto? Bem, a certo ponto vão encontrar David Hasselhoff (sim, o Michael Knight de O Justiceiro, e o Mitch Buchannon de Marés Vivas). Isso deve ser um bom indicador do que vos espera. Apenas uma palavra para o grafismo deste modo de Zombies, que embora empregue um estilo visual completamente diferente, não mantém a mesma qualidade gráfica que a campanha. Talvez devido ao modo cooperativo para quatro jogadores? Não sabemos, mas fica a nota.
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Depois existe o modo online, o prato principal de qualquer Call of Duty. Continuando com o passado recente da série, podem contar com habilidades para correr nas paredes, armas super-poderosas, e outros elementos futuristas que passaram da campanha para o online. Vários destas características pareceram-nos mais sólidas e equilibradas que nos jogos anteriores, o que retira alguma confusão à ação. Não podemos garantir que vão gostar deste modo online, sobretudo se não gostaram dos CoD anteriores, mas existe uma melhoria clara.
Agora existe seis classes, que aqui são apelidadas de Rigs. Cada Rig tem três características passivas únicas e três habilidades que podem desbloquear e selecionar. Quando começarem a jogar vão ter acesso a três Rigs: Warfighter que é o mais básico, o robusto Merc para táticas defensivas, e Synaptic, que parece ser o mais equilibrado. Conforme evoluem pelo modo online, vão desbloqueando outros três Rigs - FTL, Stryker, e Phantom -, cada um direcionado para um estilo de jogo distinto. Com várias combinações de Rigs, características, e habilidades, vão certamente encontrar algo que se encaixe na vossa forma de jogar.
Outra forma de personalização chega com o sistema de criação de armas. No fim de cada ronda online vão receber uma caixa de Salvage, que podem usar para melhorar várias armas. Além de elevarem os atributos das armas, o Salvage também acrescenta características especiais chamadas Gun Perks. Outra forma de melhorar as armas é através das Supply Drops, o que nos leva ao nosso maior receio relativamente a Call of Duty: Infinite Warfare. Os jogadores podem comprar Supply Drops com dinheiro real, e durante o evento, a Activision ofereceu-nos vários Supply Drops, mas não os usámos. Conclusão? Fomos trucidados por vários jornalistas com armas superiores, o que não foi engraçado. Claro que têm sempre a opção de continuar a jogar para conseguirem melhorar o armamento a pouco e pouco, mas esta aceleração via dinheiro real está perigosamente próximo de tornar Infinite Warfare num "pay-to-win". Teremos de verificar melhor como evoluiu o modo online em condições reais, ou se o matchmaking distingue os jogadores de alguma forma.
Apesar desse nosso receio, é inegável que Infinite Warfare oferece muitos 'brinquedos' aos jogadores. Desde granadas que perseguem os jogadores, a aparelhos que criam mini-buracos negros, existe muito para explorar neste modo online. De notar também que os Scorestreaks estão de volta, embora os bónus que oferecem não nos tenham impressionado. Uma forma de melhorar armas e acessórios é através de missões de equipa, e existem quatro ao todo. Estas missões servem sobretudo para testarem novos tipos de jogo e cumprirem desafios.
Quanto a modos de jogo, nada de extravagante, mas existem muitas opções. Praticamente todos os modos clássicos, como Team Deathmatch, Capture the Flag, Kill Confirmed, e muitos outros, estão presentes no jogo, mas também existem novidades. Defender parece-se imenso com Uplink, no sentido em que terão de ganhar controlo de um drone e manter esse controlo durante o tempo exigido. Frontline é uma variação de Team Deathmatch, onde só podem matar inimigos nas zonas designadas do mapa. Por falar em mapas, quase todos foram desenhados para promover um estilo de jogo frenético. Existem corredores apertados, áreas abertas, pontos de vantagem, e praticamente tudo o que podem desejar num mapa equilibrado. Gostámos do design dos mapas, mas visualmente não deixaram grande impressão.
Call of Duty: Infinite Warfare é um pacote completo, mas mais importante que isso, é um jogo de ação frenético, com controlos excelentes, bom design, e jogabilidade fluída. Se queriam uma revolução de Call of Duty como a DICE fez com Battlefield, não vão encontrar isso aqui. Vão encontrar exatamente o mesmo molde que a Activision e as várias produtoras têm usado nos últimos anos, embora com melhorias em diversos sectores. A campanha é profunda e espetacular, o modo de zombies é divertido e louco, e o modo online pareceu-nos expansivo, equilibrado, e com grande ritmo. Resta apenas verificar o impacto das micro-transações.