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A Harmonix revisitou um clássico de culto, mas valeu a pena ressuscitá-lo, ou devia ter permanecido na memória dos jogadores?

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A Harmonix, equipa dos criadores de Guitar Hero, é um grupo particularmente criativo na forma como mistura música e videojogos, mas Guitar Hero não foi o seu trabalho mais criativo. Antes disso, em 2003, lançaram Amplitude para a PlayStation 2, um jogo que envolvia ação rítmica e espaços psicadélicos.

Amplitude foi sobejamente elogiado, mas como todos os outros jogos musicais, sofreu com a saturação do género durante os últimos anos. Esse efeito sentiu-se sobretudo quando a Harmonix tentou encontrar uma editora para ressuscitar o jogo, uma missão falhada em toda a escala. Como aconteceu noutros casos semelhantes, a produtora teve de virar baterias para o financiamento público, e conseguiu o objetivo. Ainda existe claramente um nicho de mercado interessado neste tipo de experiências.

Se tiveram a felicidade de jogar o Amplitude original, de 2003, então já sabem o que esperar da nova versão, porque não existem muitas diferenças nucleares. Este Amplitude é uma espécie de tributo ao original, com melhoramentos principalmente superficiais, e não uma tentativa de modernizar a experiência ou o género.

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Se não apreciam Guitar Hero devido à necessidade de compra de uma guitarra especial, vão gostar de saber que Amplitude não requer qualquer tipo de periféfico específico, basta o comando tradicional. Vão controlar uma espécie de nave, que navega vários carris coloridos, cada um correspondente a elemento musical diferente: vocais, bateria, baixo... Disparar contra os nódulos dos carris na sequência certa permite acrescentar esse elemento musical à faixa atual. Cria a ilusão de que é o esforço do jogador que está a criar a música, e não apenas a facilita-la. É um conceito simples, mas a perceção de ritmo, timing e destreza necessários fazem que o jogo seja um desafio que vai muito além dos controlos.

Amplitude permite um certo grau de criatividade na forma como os jogadores escolhem a ordem com que acrescentam elementos musicais às faixas, dependendo dos carris em que se concentram. Se destruírem segmentos suficientes de um carril, vão provocar a sua explosão num ataque de cores. Isto faz com que Amplitude seja um jogo particularmente interessante para quem tem uma apreciação profunda por música.

Apesar desse foco no departamento sonoro, Amplitude não ignora o facto de que é um videojogo. Se introduzirem os botões errados ou fora de tempo, vão atrapalhar a música e perder energia para a nave. Se errarem vezes suficientes, vão perder o jogo. Por outro lado, se conseguirem terminar sequências perfeitas vão multiplicar os pontos, o que é uma prática obrigatória para quem pretende deixar o nome associado a algumas pontuações interessantes.

O jogo divide-se entre uma campanha e jogabilidade livre, mas a história é praticamente inexistente. A única razão para ultrapassar a campanha passa pela necessidade de desbloquear músicas novas, mas é provável que não lá voltem mais. Isto não é importante, porque num jogo deste tipo, a história ocupa um papel muito secundário e dispensável. Mais importante é a seleção de músicas, e é aqui que o orçamento reduzido do jogo é mais notório.

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Como não conseguiram licenciar faixas, a Harmoniz contratou músicos para comporem algumas das suas músicas, e chegou a compor 10 das 30 faixas incluídas no jogo. Isso significa que existe uma gritante falta de variedade nesta seleção, que será perfeitamente indiferente a quem não apreciar música eletrónica. A quantidade de trabalho necessária para desbloquear todas as músicas também nos parece exagerado, exigindo repetições de outras faixas por vezes durante 50 vezes. Obviamente que se torna maçudo.

Um pouco à semelhança de Guitar Hero, os níveis de dificuldade mais elevados apresentam um bom desafio aos jogadores mais dedicados, que ainda podem experimentar o modo online. Aqui podem competir ou colaborar com outros jogadores, e até funciona bastante bem. Bloquear o caminho do adversário ou usar os power-ups na altura certa, permitiu criar alguns momentos de diversão. É um excelente jogo para partilhar com amigos durante uma festa.

Infelizmente, não podemos ignorar o facto das músicas serem pouco variadas e desconhecidas, o que retira algum impacto ao jogo. Se Guitar Hero Live é a banda que enche concertos e esgota estádios, Amplitude acaba por ser o grupo que tocas às quartas-feiras no bar local, acima de tudo devido à sua seleção musical. Mesmo com essas falhas, Ampliture irá levar-vos através de uma jornada que é igualmente desafiadora, satisfatória e hipnótica.

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07 Gamereactor Portugal
7 / 10
+
Experiência viciante e satisfatória. Jogo fácil de começar e difícil de dominar. Espetacular explosão de cores. Multijogador e tabelas acrescentam longevidade.
-
O orçamento reduzido significa que não existem músicas licenciadas. Algumas faixas exigem um esforço demasiado grande. Falta diversidade musical.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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