Artigo escrito numa perspetiva pessoal de Gillen McAllister
Algumas porque simplesmente não gostamos, outras porque criámos um preconceito precipitado. Por exemplo, não me vão encontrar a jogar títulos de desporto (não aprecio o género) ou MMOs (não tenho tempo). Mas depois existem outras situações, em que aceitamos com normalidade que algo simplesmente não é para nós, mas na verdade não sabemos quando, como e porque chegamos a essa conclusão.
Para mim, os MOBA entram nessa categoria. Como parte do meu trabalho sou obrigado a saber o que são MOBAs, mas não os conheço realmente. É um género que passou por mim. Contudo, sou um grande fã de banda desenhada, o que faz de mim parte do público alvo que a Turbine quer atrair com o seu MOBA, integrando o universo da DC em Infinite Crisis.
Se estão numa situação semelhante à minha, continuem a ler. Para os aficionados do género, sei que vão vasculhar o texto à procura da informação, e não da minha pequena experiência, por isso prefiro resumir tudo num só parágrafo para que possam continuar com o vosso dia:
O jogo baseia-se num confronto entre equipas, onde os papéis das classes são representados por personagens da DC. A versão beta aberta ao público arranca a 14 de março com três mapas e 27 personagens, baseadas nos vários universos da DC. Uma nova personagem será introduzida a cada três semanas depois disso, e novos fatos serão introduzidos a cada semana. Os três mapas são Gotham Heights, Coast City e Gotham Divided.
Apanharam tudo? Fantástico. Agora voltemos à forma como fui humilhado em Infinite Crisis.
Sentei-me numa fila com cinco outros indivíduos. O que temos em comum é que todos levantaram a mão quando perguntaram quem não tinha experiência com MOBAs. É um sentimento estranho quando isto acontece em eventos deste género: um desconforto de saber que não estamos familiarizados com o tópico em questão. A nossa expetativa em relação ao género é que não é particularmente amigável com novos jogadores, mas os representantes da Turbine fizeram um bom trabalho de nos tranquilizar.
Enquanto os jornalistas da frente, mais experientes em MOBAs, falam de estratégias, o nosso grupo tentar perceber os comandos básicos. Com o rato apontam para onde devem caminhar, enquanto que os ataques e as habilidades estão entregues ao teclado. Essas habilidades são desbloqueadas e melhoradas conforme vão ganhando pontos de experiência. Como nos MMO, existem tempos de espera quando uma habilidade é utilizada, até que possa ser usada de novo. Quando regressamos à base, a saúde é regenerada (uma habilidade com grande tempo de espera permite regressar à base a partir de qualquer ponto no mapa). Existem torres para destruir e personagens controladas pela IA para enfrentar ou ignorar. Para ter sucesso é preciso trabalhar em equipa e acima de tudo, é preciso perceber que isto é uma maratona, não um sprint.
Indicam-me que as personagens de combate corpo-a-corpo - Doomsday em particular - são as melhores escolhas para principiantes. Os ataques diretos são fáceis de executar e as suas habilidades especiais aumentam a força e a defesa. Algo fácil de entender para quem está habituado a RPGs de ação.
Eventualmente somos derrotados pelo Lanterna Verde - e pelos próximos minutos não faço outra coisa senão procurar o herói esmeralda em busca de vingança. Quando o encontramos, somos obrigados a recuar (algo que o Doomsday verdadeiro nunca faria), já que vem acompanhado de vários amigos.
O jogo parece ser feito de vários avanços e recuos no mapa por parte das equipas. O mapa é dividido em metades iguais e os dois lados têm igual número de torres defensivas. Os buracos no chão indicam o alcance máximo dos disparos das torres. Normalmente existe um confronto neutro, mas a equipa em apuros regressa para a torre de forma a reagrupar-se. Parece-nos que em poucos segundos e fácil perceber se é possível continuar a pressionar o adversário ou não.
A ideia é tentar atacar uma torre que esteja rodeada de poucos inimigos controlados pela IA e ainda menos jogadores. Mesmo assim, o dano da torre é significativo. Quando eventualmente derrubarem a torre, concentram energias na próxima, com o objetivo final de abrir caminho para a base inimiga e ganhar a partida.
Por vezes fui surpreendido pelos eventos no ecrã, sobretudo em combates mais intensos, uma experiência que já tinha vivido nos modos PvP dos MMO. O ecrã fica preenchido de números de várias cores, enquanto tento perceber se estou a acertar em alguém. Pelos comentários dos produtores, estava, mas aprender a ler estes números requer uma curva de aprendizagem à parte.
Mas existiram momentos, por escassos que fossem, onde a força bruta e uma estratégia simples renderam frutos, onde circulamos a batalha para atacar o inimigo por trás. A habilidade básica de Doomsday é um ataque de três fases que culmina com um forte impacto no chão. O seu alcance é surpreendentemente decente e permite apanhar um jogador que tente fugir, como aconteceu ao Lanterna Verde que tentava alcançar os seus camaradas, a meros passos de distância. Fui imediatamente massacrado nos momentos a seguir, mas valeu a pena.
Melhor ainda é o seu movimento de investida. Desta forma Doomsday inicia uma corrida furiosa em direção ao inimigo, agarrando-o e atirando-o contra uma parede próxima. Parece um movimento bruto, mas na verdade tem grande potencial tático, já que é excelente para afastar um inimigo específico do seu grupo. Como fizemos ao Super-Homem, no que parecia uma reedição da Morte do Super-Homem.
A partida acabou, sem grande surpresa, com a nossa derrota. Mas não fiquei desiludo. Com um total de seis inimigos eliminados, pareceu uma espécie de vitória pessoal. E mais surpreendente ainda, gostei bastante da experiência. Ao falar com um colega que é grande fã de MOBAs, ele explicou-me que agora raramente joga outro tipo de jogos. Em parte porque gosta do género, mas também para não deixar que o seu jeito com o jogo enferruje.
Isso é um investimento considerável. Um que eu certamente não posso fazer. A verdade é que tenho consciência de que apenas vi a superfície do jogo nesta pequena sessão, mas pelo menos já não olho para os MOBA como um mistério assustador. E quem sabe, se calhar até posso começar a ver algumas partidas no Twitch, porque pelo menos agora, já sei o que se passa.