Português
Gamereactor
análises
The Pillars of the Earth

The Pillars of the Earth (Nintendo Switch)

Das páginas do romance ao ecrã da Nintendo Switch, damos uma vista de olhos a esta história de amor, traição e a passagem do tempo à sombra de um andaime de catedral.

HQ

Os Pilares da Terra é, acima de tudo, um dos melhores romances de ficção histórica da literatura. É uma dessas histórias que todo mundo já leu de uma forma ou de outra. A meu ver, é um daqueles romances que já faz parte do imaginário coletivo, como O Código Da Vinci, ou as histórias de Harry Potter. Uma adaptação para a TV foi feita em 2010 e, o videogame de que estamos falando hoje foi lançado mais recentemente. Quanto ao jogo, foi lançado em 2017 para PC, PS4 e Xbox One. Um ano depois, foi relançado para iPhone, e há algumas semanas foi remasterizado ligeiramente para o Nintendo Switch. Após o seu lançamento, o jogo não fez muito barulho, mas hoje podemos dar-lhe uma segunda chance.

The Pillars of the EarthThe Pillars of the Earth

A história que as pedras cantam

Primeiro, é importante destacar uma coisa: The Pillars of the Earth é um jogo muito lento. Não é necessariamente uma coisa ruim, mas tem a lentidão necessária para ferver um guisado. Isso nos leva a um universo tênue entre a aventura gráfica e o romance interativo. Uma característica que às vezes será difícil de digerir para os jogadores mais impacientes, mas um verdadeiro prazer para aqueles mais acostumados a esse tipo de gênero.

Como no romance, as histórias dos personagens são construídas lentamente, como as pedras de um pilar, em direção à pedra angular da abóbada. A história conecta as paixões e sonhos de uma série de pessoas que convergim magistralmente em algo belo e comum, um objetivo capaz do pior e do melhor. E é disso que trata Os Pilares da Terra, não a história deste ou daquele personagem, nem de salvar este ou aquele país, é sobre a vida da Catedral de Kingsbridge , que é o verdadeiro protagonista deste conto. Cada um dos personagens que manuseamos está intimamente ligado à construção do majestoso edifício, alguns cativados por sua beleza e outros por seu destino.

Publicidade:

No jogo (e no romance anterior, é claro), a construção da catedral é apenas a desculpa perfeita para contar a história real. É um reflexo fenomenal da sociedade inglesa do século 12. Tempos turbulentos após a virada do milênio, ainda muito suscetíveis a medos apocalípticos. O diabo por trás das más ações dos homens, paixões e medos. No jogo, experimentamos a vida de um mosteiro, o tumulto das guerras feudais e, especialmente, a construção de catedrais. Estes são os tempos confusos em que a arquitetura românica começou a dar lugar ao gótico na construção de igrejas. Todos esses fatores terão que ser levados em conta, já que em Os Pilares da Terra também teremos que tomar algumas decisões importantes.

The Pillars of the EarthThe Pillars of the EarthThe Pillars of the Earth

Um sistema de jogo do tempo das catedrais

As decisões que tomamos são incorporadas no jogo e, no final de cada capítulo, seremos lembrados das ações que tomamos. É estranho que já saibamos o final do romance (ou pelo menos sabemos que existe um), por isso pode parecer estranho que possa haver uma opção diferente para o final canônico. No entanto, em Os Pilares da Terra não há mudanças, ou pelo menos não muito grandes. De uma forma ou de outra, apesar de pequenas variações, acabaremos em situações muito semelhantes às do livro.

Publicidade:

Mecanicamente, além do sistema de decisão, o jogo pode se tornar chato e tedioso. Enfim, é um formato que vemos há anos em outros jogos e não traz nada de novo. Um sistema de apontar e clicar que não é nada inovador e até parece desatualizado. É uma pena, pois, para aqueles jogadores que não conseguem mergulhar na história, é improvável que sejam cativados pela jogabilidade. A maior dificuldade está em um sistema de esmagamento de botões que é notavelmente simples quando a história precisa que você a supere.

De fato, as situações mais interessantes são encontradas em momentos muito específicos, quando os personagens se movem por grandes distâncias no mapa. Nesses momentos, o jogo muda um pouco, adotando um formato de vinheta em que a situação é descrita e uma decisão deve ser tomada rapidamente antes que um temporizador se esgote. Essas decisões terão consequências imediatas no destino de nossos personagens.

Como já dissemos, os pilares mais importantes deste jogo são a sua narrativa e diálogos. Certamente a história é a espinha dorsal do jogo, e é por isso que a escolha do formato de diálogo de Daedalic é tão estranha. Os textos, tanto em conversas quanto em descrições, aparecem sobre cabeças e objetos, sem qualquer tipo de moldura ou interface para identificar diálogos com os personagens. Um sistema confuso e tedioso, especialmente se pensarmos na quantidade de linhas de texto que veremos ao longo da aventura. Como em muitos jogos desse tipo, no final a observação dentro das ações se torna inútil e repetitiva, então acabaremos usando apenas o botão de interação, exceto em casos muito específicos.

The Pillars of the EarthThe Pillars of the EarthThe Pillars of the Earth

Luzes e sombras

Visualmente e artisticamente, Os Pilares da Terra acerta em cheio. O jogo explora diferentes cenários, de florestas solitárias a cidades movimentadas, e sempre parece real e imersivo. Um trabalho excepcional é feito no uso de fotos inteligentes e iluminação para criar cenas memoráveis no enredo épico. O uso da cor é elegante e sutil, fazendo com que nos sintamos sempre dentro desta época.

Além disso, a trilha sonora, o ruído ambiente e as vozes estão em um nível incrível. Os idiomas das vozes que podemos escolher são inglês e alemão, e podemos selecionar o idioma das legendas. A acessibilidade é uma grande desvantagem aqui, pois não há nenhuma. Não há possibilidade de modificar a aparência de legendas ou texto para maior legibilidade.

Em termos de desempenho, o Nintendo Switch está mais do que pronto para lidar com um jogo dessa magnitude e, exceto por alguns pequenos bugs, não tivemos nenhum problema.

Em última análise, The Pillars of the Earth perde uma oportunidade de se tornar um jogo sublime. Os novos recursos que estavam presentes na época de seu primeiro lançamento ainda parecem frescos e modernos, mas o núcleo do jogo permanece arcaico. A obra de arte é linda, mas não consegue esconder animações desgastadas e simples. E, finalmente, a história é magnífica, mas é contada através de uma proporção terrível. O final do jogo é uma catedral que continua de pé, mas não entrará para a história.

The Pillars of the EarthThe Pillars of the Earth
07 Gamereactor Portugal
7 / 10
+
Uma grande adaptação do romance.
-
A interface parece um jogo de 15 anos atrás. Não há inovação alguma.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

Textos relacionados



A carregar o conteúdo seguinte