Vivemos numa era de videojogos onde o acesso antecipado é algo comum, sobretudo no PC. Vários jogos estão hoje disponíveis antes de estarem completos, e nos casos em que resulta, o acesso antecipado permite ao estúdio desenvolver o seu jogo com o apoio da comunidade. Subnautica é o mais recente exemplo disso mesmo, um jogo que tem estado no acesso antecipado desde 2014, mas que foi agora lançado em definitivo no PC. O jogo também está no programa Preview de Xbox One, mas o lançamento definitivo nessa plataforma ficou marcado para mais tarde.
Embora grande parte da experiência já esteja disponível há imenso tempo, entrámos nesta versão final de Subnautica com pouco conhecimento sobre o jogo, e esse foi um dos maiores problemas que tivemos. O início é bastante parco em tutoriais, o que causou alguma frustração enquanto tentávamos adivinhar os controlos e o que fazer. Isso não será um problema para quem se familiarizou com Subnautica durante o acesso antecipado, mas para novatos, é um processo de entrada algo duro.
O jogador pertence à tripulação de uma enorme nave, a Aurora, que se despenhou num planeta desconhecido. O jogo não perde tempo, colocando de imediato o protagonista numa cápsula de fuga, para logo de seguida ficar inconsciente com os abanões. Quando acordarem terão de apagar os fogos com o extintor, e abrir a cápsula, que está a boiar no meio do oceano junto aos restos da nave. Usando esta premissa como analogia, é como se o jogo atirasse o jogador para o meio do mar, sem lhe ensinar a nadar e sem bóias. Contudo, se persistirem, eventualmente vão entender o ritmo e a estrutura do jogo, e a experiência começa a tornar-se mais apelativa.
Vão pesquisar recursos para criar equipamento, analisar criaturas, e fazer os possíveis para sobreviver e avançar na exploração do oceano.
Inicialmente terão de se preocupar com os elementos mais básicos, como tanques de oxigénio e barbatanas, mas à medida que avançam vão desbloqueando novos planos para construírem, alargando consideravelmente as opções do que podem produzir e criar. Grande parte desses planos surgem da análise de destroços e peças da Aurora que vão encontrando no oceano, incluindo veículos. Por exemplo: se inicialmente devem construir barbatanas, eventualmente vão construir um moto aquático, que mais tarde podem substituir por um mini-submarino.
Subnautica tem um bom sistema de progresso, onde é claro qual é o próximo objetivo para construir, e o tipo de opções que essa construção pode abrir. Depois é uma questão de procurar pelos recursos necessários.
É uma experiência de sobrevivência, mas que não ignora a estória. Não é um jogo de grande exposição narrativa, mas existe um fio narrativo para seguir, que oferece um final à experiência. O vosso objetivo é o de encontrar uma forma de fugir do planeta, mas eventualmente vão começar a interceptar mensagens de rádio de outros sobreviventes, e isso oferece algum contexto narrativo interessante. O jogo surpreendeu-nos ao nível de surpresas que tem reservadas para o jogador, sobretudo no último ato, e o mistério foi mais um incentivo para continuar a jogar. Ainda assim, é preciso que fique claro que Subnautica é um jogo de sobrevivência e exploração, e não uma experiência narrativa.
Embora possa ser um jogo exigente, no início terão acesso a uma série de opções que permitem personalizar a experiências de jogo e a dificuldade. O modo Hardcore, por exemplo, exige que tenham atenção à fome e à sede, e não disponibiliza alertas para a falta de O2 - é algo que o jogador terá de observar por si só. Ah, e a morte é permanente neste modo. Survival é menos exigente, mas mesmo assim ainda têm de ferir a fome e a sede. O modo Freedom apenas pede que tenham em conta a vossa saúde, enquanto que Creative abre o jogo sem limitações ou preocupações. Ou seja, independentemente do vosso ritmo e gosto, vão encontrar algo para vos acomodar.
Supomos que vale a pena referir que não estão sozinhos neste planeta e oceano desconhecido. Vão encontrar muitos animais e plantas que habitam estas águas, e a maioria até é dócil. No entanto, acabarão por defrontar criaturas muito mais ferozes e perigosas, e até algumas plantas podem causar problemas caso se aproximem demasiado.
Subnautica não é perfeito, e tem alguns problemas técnicos e gráficos menores, como texturas pixelizadas e 'pop-ups' de modelos, mas de forma geral tem um bom aspeto, e a exploração aquática é uma maravilha. Desde largos sistemas de cavernas iluminados por algas e peixes luminosos, aos raios do sol que atravessam a água, existem aqui alguns momentos impressionantes. O jogo beneficiou claramente de estar tanto tempo em produção e em acesso antecipado, e o resultado é um jogo de sobrevivência muito bem equilibrado, enriquecido por uma narrativa misteriosa. Se são fãs do género, têm de o experimentar.