Na última década assistimos ao lançamento de vários títulos Sherlock Holmes produzidos pela Frogwares, mas para este "Chapter One" a abordagem é diferente. O estúdio pretende apresentar uma nova versão do detetive mais famoso do mundo, uma espécie de história de origem, que será em simultâneo o projeto mais ambicioso do estúdio até à data.
Esta é a segunda vez que jogámos Sherlock Holmes Chapter One (pode ler as nossas primeiras impressões aqui), e na altura escrevemos sobre o facto de Chapter One ser um jogo de corpo inteiro, e de se passar num mundo aberto, em vez de ter a estrutura linear típica da saga. Nesta segunda visita à ilha fictícia de Cordona ficámos ainda mais impressionados com o local, que é um misto de inspirações italianas e gregas. A ilha está dividida em cinco distritos de grande variedade, e embora não tenha a dimensão e o número de atividades que pode ver em jogos como os da Ubisoft, mostra grande vida e cor.
Sherlock Holmes Chapter One passa-se no final do século XIX, e Cordona apresenta-se como parte do Império Britânico, o que resulta em grandes contrastes culturais e políticos entre a sociedade. Os funcionários britânicos trabalham em confortáveis casas de tijolos, e desfrutam de bebidas fresquinhas em restaurantes à sombra, enquanto que a população local - um misto de raças de todo o mundo -, trabalham em minas, fábricas, e mercados lotados, para depois viver nas piores zonas da ilha.
Antes de conseguir ver tudo isto e o que Cordona tem para oferecer, terá de investigar um caso num luxurioso hotel. É uma forma do jogo apresentar mecânicas ao jogador num ritmo mais controlado e linear. Depois disso, contudo, irá investigar várias localizações distintas, como escavações arqueológicas e armazéns abandonados. Ã semelhança do Agente 47 em Hitman, Sherlock Holmes pode assumir diferentes disfarces - não para eliminar alvos, mas para se misturar melhor com o resto das personagens e conseguir melhores informações. Porém, vão existir situações em terá de ter uma abordagem mais direta.
O último jogo da Frowares tinha sido The Sinking City, e uma das grandes críticas a esse título foi ao sistema de combate. Por isso mesmo o estúdio garantiu que colocou o código de todo o combate desse jogo de lado e começou do zero. Em Sherlock Holmes Chapter One pode optar por uma abordagem letal ou não-letal, e embora a segunda opção seja preferível - até para manter boas relações com outras personagens -, também será mais difícil. Seja como for, terá acesso a armas, explosivos, armadilhas, e combate corpo-a-corpo, num sistema que nos parece muito mais dinâmico do que o que vimos em The Sinking City. O tempo também abranda quanto aponta, e destaca elementos do ambiente que pode usar a seu favor, reforçando a ideia de que Sherlock é alguém com muito mais atenção ao detalhe que a maioria. O jogador terá de saber usar o ambiente a seu favor, porque força bruta raramente será a solução para os confrontos.
Embora o combate seja muito mais dinâmico, e nos pareça uma excelente forma de intervalar a exploração e as investigações, continua a apresentar vários defeitos, incluindo ao nível da inteligência artificial dos inimigos, que é deplorável.
Como referimos em cima, Chapter One funciona como uma espécie de história de origem para Sherlock Holmes, e no início do jogo irá ganhar acesso à antiga mansão da sua família. Todos os móveis foram leiloados há algum tempo, mas felizmente parece que o resto da população não partilha do mesmo gosto para decoração, e a maioria dos itens continuam a venda. Por outras palavras, pode investir na aquisição dos móveis e itens da mansão para voltar a decorá-la. Não é nenhum Animal Crossing, mas pareceu-nos uma atividade secundária engraçada.
O mesmo pode ser dito de muitos dos objetos e marcos que poderá encontrar na ilha, que geralmente lembram Sherlock e Jon (pode ficar a saber mais sobre Jon na nossa antevisão anterior) de algumas façanhas e experiências passadas. Para refrescar as suas memórias, contudo, terá de realizar uma pequena investigação mental e reconstruir esses eventos. Existem várias outras missões secundárias, que segundo a Frogwares podem formar uma experiência de jogo a rondar as 40 horas. A Frogwares garante ainda que estas missões podem ser também elas bem longas e complexas, e que serão muito mais do que mero conteúdo para 'encher chouriço'.
Com um sistema de combate mais dinâmico, investigações sólidas, e um mundo aberto interessante, a Frogwares parece estar de facto pronta para apresentar um jogo de qualidade superior ao que vimos no passado, quer de Sherlock Holmes, quer de The Sinking City. Dito isto, é evidente que Chapter One não tem o mesmo orçamento ou qualidade que outros jogos semelhantes. O grafismo e em particular as animações não estão bem ao nível do que temos visto ultimamente, e também nos parece que alguns casos e investigações ainda têm de ser ajustados - ou correm o risco de se tornarem demasiado frustrantes.
A menos que algo mude até ao lançamento a 16 de novembro, não nos parece que Sherlock Holmes Chapter One venha a ser um dos destaques do ano, mas também não precisa de ser. Basta ser competente em certas áreas técnicas para deixar que o resto fale por si, nomeadamente em termos de história, exploração, e mistério. Se assim for, parece-nos que poderá ter argumentos suficientes para atrair fãs de aventura e investigação.