Embora ninjas sejam sempre algo porreiro, a verdade é que a nível pessoal nunca tive a oportunidade de jogar a trilogia Ninja Gaiden. Durante todos estes anos estiveram arrumados num armário, juntamente com uma longa lista de outros títulos que "vou jogar um dia". Bem, esse dia chegou, e finalmente tive a oportunidade de jogar a trilogia através de uma coleção remasterizada para PC e consolas.
Se gosta de ninjas, então vai adorar assumir o papel de Ryu Hayabusa, ao longo de aventuras repletas de artefactos místicos, armas devastadoras, e correrias ao longo de paredes. Estamos a falar de três (sobretudo os dois primeiros) dos melhores jogos de ação de todos os tempos, e essa ação continua tão gloriosa como sempre, recompensada com desmembramentos e muito sangue. Não espere, contudo, facilidades. Pelo contrário.
Ninja Gaiden é infame pela sua tremenda dificuldade, e posso confirmar que são realmente jogos muito exigentes. A ação é tão rápida, que terá de dominar a jogabilidade de tal forma para que jogue quase por instinto. Entre bloqueios, saltos, e desvios, terá de aplicar combinações de golpes leves com ataques fortes, 'voando' através das investidas inimigas. Em Ninja Gaiden raramente terá tempo para respirar durante os combates, embora existam momentos de exploração que ajudam a equilibrar a experiência de jogo.
Além do design dos níveis e dos inimigos, o que realmente ajudou Ninja Gaiden a distinguir-se dos outros jogos foi a perícia dos controlos, que continuam soberbos mesmo passados todos estes anos. Depois de memorizar algumas combinações, e absorver os controlos na sua memória muscular, a jogabilidade torna-se num violento balé envolvido por tripas e membros. Isto é verdade para os dois primeiros jogos, já que a jogabilidade no terceiro jogo é algo diferente. Enquanto Ninja Gaiden 1 e 2 estão focados nos controlos e na habilidade do jogador, Ninja Gaiden 3 está mais virado para o espetáculo visual, com sequências predefinidas de botões e ações automáticas. Ninja Gaiden 3 não é um mau jogo, mas os dois primeiros são superiores.
O único problema comum aos três jogos, e que ainda é bem evidente nos dias de hoje, é a câmara. A forma como segue Ryu (ou as outras personagens jogáveis), não é muito eficaz, deixando inimigos fora de visão e até atrapalhando em algumas secções de plataformas. A câmara melhora de sequela para sequela, mas nunca deixa de ser algo problemática. Mas, o que realmente prejudica esta coleção, é a remasterização.
Sim, cumpre os requisitos obrigatórios, de elevar a resolução de jogo, mas pouco mais que isso. As sequências de vídeo foram 'esticadas' da resolução original, e estão horríveis, sobretudo as do primeiro jogo. Depois, as sequências de diálogos com o motor gráfico estão a correr a 30 frames por segundo (a jogabilidade em si é 60 frames por segundo), e além da resolução, não existem melhoramentos gráficos. Pior ainda, os dois primeiros jogos surgem nas suas versões Sigma, quando é evidente que muitos fãs preferem as versões originais (as Sigma não incluem decapitações, por exemplo). Pelo menos Ninja Gaiden 3 está na versão superior Razor's Edge.
Depois do que a Bioware fez com Mass Effect Legendary Edition, é difícil não ficar desiludido com o quão básica é a remasterização desta coleção. A coleção inclui a maioria dos DLC originais, na forma de personagens jogáveis e fatos extra, mas é essencialmente só isso. A trilogia Ninja Gaiden, que é tida como uma das melhores entre o género de ação, merecia uma remasterização superior. Se não tem outra forma de jogar estes jogos, então continua a ser uma boa opção, já que são dois jogos de grande qualidade - e um terceiro razoável. Contudo, se tem acesso aos originais na Xbox One X ou na Xbox Series X|S, então talvez seja melhor considerar essas opções.