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The Matrix Resurrections

Matrix Resurrections - Análise Sem Spoilers

Um epílogo moderno e corajoso, que se perde um pouco a meio do caminho.

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Quando ouvimos falar de que iria sair um novo filme de Matrix, ficámos entusiasmados, mas também algo preocupados, considerando que as sequelas anteriores nunca conseguiram captar a magia do original. Depois vieram os trailers, e embora tenha sido agradável ver Neo e Trinity novamente, também ficou o receio de que Matrix Resurrections poderia ser uma espécie de paródia aos filmes anteriores. Bem, isso é parcialmente verdade, embora nem sempre o seja mau.

Lana Wachowski decidiu fazer um filme totalmente consciente de si mesmo, não como um reboot ou um remake, mas de forma muito peculiar. Primeiro colocou Thomas Anderson/Neo (Keanu Reeves) num contexto curioso, que permite uma interação conflituosa e bizarra com o seu psiquiatra (Neil Patrick Harris). Sem entrar em muitos spoilers, o novo trabalho de Neo envolve videojogos, e isso é uma desculpa para que o psiquiatra possa apresentar imagens e referências dos filmes anteriores como memórias das personagens... e dos fãs dos filmes.

Isto significa que existem muitas imagens e segmentos dos filmes anteriores no novo Matrix, numa verdadeira auto-referência do filme a si mesmo. É uma abordagem muito arriscada por parte de Lana Wachowski, mas que acaba por resultar, sobretudo graças ao humor consciente da primeira metade do filme. Keanu Reeves está particularmente bem nessa sua interpretação colorida, pela forma como lida com a sua aparente loucura, o que se reflete em brincadeiras e piadas sobre filmes antigos, as personagens, e o que significavam.

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Matrix Resurrections aborda vários tópicos, alguns que evoluíram desde o original, como Controlo, Ilusão, e Escolham e outros são mais modernos, como ligação, perceção própria, conformismo, e metaverso. Cabe ao espetador interpretar tudo isto à sua maneira, conforma aprecia vários diálogos e até monólogos intercalados com alguma ação - e claro, sequências em câmara lenta. E quem viu Sense8, também de Lana Wachowski, vai certamente reconhecer o tom visual do filme e também alguns atores.

Infelizmente existem também algumas sequências francamente más, quase patéticas. Não nos importamos com a abordagem mais auto-consciente e cómica do filme, mas alguns momentos exigiam maior seriedade e propósito por parte de todos os envolvidos. Por outro lado, algumas decisões narrativas e explicações para o que aconteceu depois de Revelations são quase brilhantes, e fãs de ficção científica vão certamente apreciar algumas invenções e abordagens ao mundo das máquinas. Mas é difícil ignorar os buracos gigantescos que existem no enredo.

O terceiro ato tenta de certa forma compensar com uma grande história de amor e várias sequências de ação explosiva, mas não nos convenceu. Não gostámos do ritmo, e algumas conclusões não têm o impacto devido porque o filme nunca nos fez realmente investir nas personagens e no mundo.

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Lana Wachowski é honesta e humilde, mas ao mesmo tempo aventureira quando se trata de homenagear o trabalho que mudou a vida dela e da sua equipa, marcando toda uma geração. A estrutura e a proposta de Matrix Resurrections surpreendem até na forma como usam o material original, mas esse tipo de fan service não é suficiente para conter a história humanista mais insignificante, a falta de contexto, ou as sequências irregulares de ação. Dito isso, se é fã de Matrix, acreditamos que deve ver Resurrections, nem que seja pelo enorme valor nostálgico do filme.

The Matrix Resurrections
06 Gamereactor Portugal
6 / 10
overall score
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