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Liga da Justiça de Zack Snyder

Liga da Justiça de Zack Snyder

Zack Snyder teve finalmente a oportunidade de lançar a 'sua' versão de Liga da Justiça. Mas será assim tão superior ao filme de 2017?

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A Liga da Justiça deve ser um caso único na história do cinema, um filme envolto em trocas de realizador, grandes mudanças estruturais, petições, e finalmente, um relançamento inédito numa plataforma de streaming. Tudo começou em 2017, quando Zack Snyder teve de abandonar o projeto devido ao suicídio da filha. Na altura, Joss Whedon, que realizou os primeiros dois filmes dos Vingadores, e que estava contratualmente ligado à Warner para realizar Batgirl (entretanto foi despedido), assumiu o projeto. A pedido da Warner, que queria um filme mais ligeiro e com duração máxima de duas horas, Joss Whedon re-filmou cerca de 65% do guião, e o resultado foi um filme com um tom incoerente, que ignorou muito do foi feito nos filmes anteriores do "Snyderverse", e que acabou por desiludir os fãs.

A desilusão foi de tal ordem, que se criou o movimento "Justice League's Snyder Cut", com petições, mensagens, e até anúncios pagos em Times Square, para pressionar a Warner Bros. a libertar uma nova versão do filme. Depois de muita insistência, Zack Snyder e Warner aceitaram o desafio, e decidiram libertar Liga da Justiça de Zack Snyder como um filme de quatro horas, em exclusivo para o serviço de streaming HBO (sai em Portugal no dia 18 de março, tal como nos outros territórios).

É uma história incrível, que daria o seu próprio filme, mas colocando tudo isso de lado, é a Liga da Justiça de Zack Snyder superior ao filme de 2017? Sim, é, muito superior.

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A premissa da história do filme é a mesma, centrando-se em Batman, e nos esforços do Cavaleiro das Trevas para reunir um grupo de heróis. É que a ameaça de uma invasão alienígena, agora que o Super-Homem está morto, é bem mais séria, e alguém tem de estar preparado para quando isso acontecer. Já com Mulher-Maravilha do seu lado, Bruce Wayne decide procurar Aquaman, Flash, e Cyborg, para que juntos possam combater Steppenwolf e o seu exército de Parademons. O objetivo deste extra-terrestre? Recuperar as poderosas Motherboxes que estão escondidas na Terra, de forma a preparar o planeta para a chegada de Darkseid e o seu processo de terraformação.

Liga da Justiça de Zack Snyder

Esta premissa é portanto idêntica, e claro que existem cenas parecidas ou até iguais, mas o tom é completamente diferente, e com mais duas horas de filme (mais que isso até, já que as filmagens de Whedon não foram usadas), há muito material novo para apreciar nesta versão. O filme acaba por ser bem mais negro e sério, e apresenta-se como um filme para maiores de 16 anos, ao contrário do original de 2017 que era para maiores de 13. Agora sim, existe uma coerência em termos de tom, que está em linha com o que vimos em O Homem de Aço e Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça.

Além do tom, muitas personagens ganharam arcos bem mais completos, com particular destaque para Flash e Cyborg - e até certo ponto, também Steppenwolf. Não só podemos ver muito mais das suas motivações e do seu passado, como alguns traços das suas personalidades parecem completamente diferentes. Zack Snyder disse em várias ocasiões que Cyborg - Victor Stone - é o coração de A Liga da Justiça, e depois de ver o filme é fácil perceber porquê. Por outro lado, Batman aparece também como alguém bem mais competente, sem alguns momentos semi-senis do filme original. É um Batman muito mais próximo da visão de Frank Miller, como sempre foi a intenção de Zack Snyder.

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Super-Homem é também tratado de forma diferente. Zack Snyder sempre disse que a sua visão para a personagem era de um longo percurso, até se tornar no "símbolo de esperança" que todos conhecemos. Ora, no Liga da Justiça de 2017, Super-Homem parece chegar a esse ponto, mas de forma muito forçada... e agora é óbvio porquê. Zack Snyder apresenta um Kal'El muito mais sério e determinado, que respeita o legado da saga "A Morte e o Regresso de Super-Homem" da banda desenhada, e com todas as nuances que isso implicaram na altura. Prova disso mesmo é o fato negro de Super-Homem, que embora não acrescente muito ao filme, surge como uma tremenda homenagem a um dos seus maiores momentos na BD.

A Mulher-Maravilha é talvez a personagem que menos muda desde o original, embora, felizmente, acabe por não ter alguns dos momentos embaraçosos desse filme. Além disso, a sua sequência de abertura é bem mais longa e tem um tom de seriedade bem mais pesado nesta versão.

Liga da Justiça de Zack Snyder não é um filme perfeito, e provavelmente não vai mudar a opinião de quem odiou os filmes anteriores. É também um claro filme de autor, como é disso exemplo a duração de quatro horas e o formato IMAX, além de incluir referências e abrir portas a eventos que provavelmente nunca serão realizados. Mas é um filme muito superior ao de 2017, e é o filme que Zack Snyder merecia fazer, e que os seus fãs mereciam ver. E se pertence a esse grupo, dificilmente ficará desiludido com Liga da Justiça de Zack Snyder.

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08 Gamereactor Portugal
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