Português
Gamereactor
análises
Ghost Recon: Breakpoint

Ghost Recon: Breakpoint

Tem os seus momentos e as suas qualidades, mas em última análise, Breakpoint não nos encantou.

HQ
HQ

Ghost Recon: Wildlands marcou uma nova viragem para a série, encaminhando-a para um espaço em mundo aberto com muito mais conteúdo secundário e liberdade de abordagem. Ghost Recon: Breakpoint é, em muitos aspetos, a expansão óbvia desse conceito, introduzindo elementos RPG, um sistema de loot, e um foco maior na interação social. Infelizmente, maior nem sempre significa melhor.

A nível de história, Breakpoint deixa muito a desejar, o que também já tinha acontecido com Wildlands. É uma narrativa quase descartável, muito previsível e seca, que apresenta um rol de personagens artificiais e sem brio, à exceção de Cole D. Walker, a personagem interpretada por Jon Bernthal. A sua presença eleva as cutscenes, sobretudo em termos de intensidade, e foi esse o único factor que nos manteve minimamente interessados na narrativa.

A jogabilidade é essencialmente a mesma de Wildlands, embora mais sólida e com algumas novidades. Ainda vai correr, conduzir, pilotar, disparar, rastejar, e usar coberturas, tal como no jogo anterior, embora agora esteja numa região fictícia. Enquanto Wildlands passou-se na Bolívia, Breakpoint passa-se em Auroa, um arquipélago fictício que mistura vida selvagem com tecnologia de ponta. Isto traduz-se em novas mecânicas de sobrevivência, mas também em desafios mais complicados, na forma de drones altamente poderosos que vão caçar os jogadores. Outras novidades incluem a introdução de mecânicas de camuflagem e de cuidados médicos, obrigando o jogador a perder segundos para usar ligaduras e outros itens, o que aumenta a tensão no combate.

Publicidade:

Ghost Recon: Breakpoint envolve jogabilidade de cobertura, e durante bastante tempo, terá de estar abrigado de fogo inimigo, mas não tem necessariamente de estar sempre protegido. Existem muitas opções de equipamento e habilidade, que acomodam vários estilos de jogo, e se preferir, pode transformar o seu Ghost numa máquina de guerra capaz de fazer o Rambo orgulhoso. Por outro lado, terá também mais opções para uma jogabilidade mais furtiva, incluindo a capacidade para tapar o corpo com lama. É uma excelente forma de preparar emboscadas ao inimigo, o que é particularmente delicioso se for uma ação coordenada com amigos. A nível de tiroteios, Breakpoint não é o melhor jogo por aí anda, mas é sólido e satisfatório o suficiente, com bom peso nas armas e no movimento, e bom feedback por parte dos inimigos aos tiros.

HQ

Em Breakpoint vai encontrar muitas opções para personalizar o seu Ghost, incluindo género sexual, cabelo, tatuagens, marcas... o habitual que normalmente pode encontrar num bom RPG. Também existem muitas peças de armadura, dispositivos, e armas, que podem ser personalizadas com pinturas, lentes, e outros acessórios semelhantes. Pode ainda escolher uma de quatro classes disponíveis, cada uma com as suas características e capacidades, que podem ser evoluídas ao estilo de um RPG.

Uma das nossas maiores desilusões foi Auroa, um mundo sem vida e desenhado sem inspiração. Existe alguma variedade de ambientes, que ajudou a manter a imersão durante as primeiras horas, mas esse sentimento desaparece rapidamente, e o que fica é a sensação de que Auroa é um mundo vazio e sem o polimento devido. Vai encontrar muitas estruturas semelhantes, o mesmo tipo de patrulhas, inúmeros colecionáveis sem interesse, os mesmos objetivos... enfim, algo que infelizmente começa a ser cada vez mais típico nos jogos da Ubisoft, e que começa a tornar-se bastante fatigante. Para piorar a situação, o jogo não consegue distinguir bem entre vários objetos próximos, e normalmente atrofia a interação dos jogadores nessa situação e aumenta a frustração.

Publicidade:

Breakpoint tem também um sistema de loot, à semelhança do que a Ubisoft fez para The Division e Assassin's Creed, mas mesmo essa parte não é muito profunda, e se podemos ser completamente honestos, parece mais algo para incentivar a micro-transações do que uma mecânica desenhada para tornar o jogo melhor. Nunca nos sentimos prejudicados pelo sistema, ou uma grande necessidade de fazer 'grind', mas também nos parece que Ghost Recon não precisava de todo de um "gear score". Não devia ser esse o foco de Ghost Recon, mas antes o incentivo para jogabilidade tática, coordenação, e reposta rápida. Nem todos os jogos têm de ser um "live service", Ubisoft.

HQ

Pior ainda é o facto de Breakpoint estar longe de ser uma experiência polida. Encontrámos problemas de fluidez, animações bizarras, texturas que demoraram demasiado a carregar, objetos flutuantes, inúmeros bugs, e comportamentos absurdos da inteligência artificial. Infelizmente a Ubisoft optou por produzir quantidade em vez de qualidade, e parece-nos que essa não devia ser a filosofia por trás de um Ghost Recon, de todo.

Felizmente existe uma parte do jogo bem mais concentrada e focada, que é Ghost War, um modo multiplayer competitivo entre duas equipas de jogadores estão em conflito. Em Ghost War, todos os jogadores estão nivelados, o que permite que sejam as suas capacidades como jogador a fazer a diferença. Gostámos imenso de Ghost War, sobretudo jogando com amigos, e foi aqui que os melhores momentos "Ghost" aconteceram, não na campanha.

Ghost Recon: Breakpoint tem momentos de diversão, boa jogabilidade, e muito conteúdo, mas sobre imenso com uma crise óbvia de identidade, que o transforma cada vez mais em algo que não é Ghost Recon. Se gostou de Wildlands, então é provável que acabe por apreciar Breakpoint pelos mesmos motivos, mas esta fórmula que a Ubisoft teima em martelar em praticamente todos os seus jogos, está tornar-se demasiado cansativa. Os seus jogos estão cada vez mais semelhantes entre si, e isso não nos parece a melhor abordagem.

HQ
Ghost Recon: Breakpoint
Ghost Recon: BreakpointGhost Recon: BreakpointGhost Recon: Breakpoint
06 Gamereactor Portugal
6 / 10
+
Boa mecânica de tiroteios. Grande variedade de opções e possibilidades. Ghost War pode ser muito divertido.
-
História aborrecida. Auroa é um mundo desinspirado e sem vida. Sistema de loot sem profundidade. Repetição e problemas técnicos.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

Textos relacionados



A carregar o conteúdo seguinte