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Wonder Woman

Mulher-Maravilha

É o filme que a heroína já merecia há muitos anos.

A primeira aparição da Mulher-Maravilha no cinema não foi no seu próprio filme, mas há pouco mais de um ano, em Batman v Superman: Despertar da Justiça. Gal Gadot teve uma aparição curta nesse filme, mas a atriz israelita rapidamente conquistou a maioria dos fãs da DC. Agora, no filme que conta a origem de Diana Prince/Mulher-Maravilha, Gal Gadot volta a impressionar.

A base do filme, com o mínimo de spoilers possível, é a seguinte: Diana vive numa ilha paradisíaca criada por Zeus, Themyscira, juntamente com uma tribo de amazonas guerreiras imortais. Estas amazonas vivem isoladas do mundo para se esconderem de Ares, o Deus da Guerra, que começou a aumentar a sua influência no mundo. Treinada para ser uma guerreira superior, a vida de Diana na ilha é interrompida quando Steve Trevor (Chris Pine) se despenha junto à ilha. Logo atrás de si, um grupo de soldados alemães da Primeira Guerra Mundial, que acabam por invadir a ilha.

Diana decide então partir com Steve Trevor, de forma a tentar parar esta guerra terrível. Antes disso, contudo, Diana passa a conhecer um mundo muito diferente do que estava habitada na ilha. É um mundo muito mais conservador e machista do que temos atualmente, o que choca como um camião na educação da própria Diana. É uma estória clássica de "peixe fora de água", cheia de momentos de humor engraçados, que equilibra bem a seriedade da guerra. Eventualmente, Diana vai também conhecer o General Erich Ludendorff (Danny Huston), um general alemão que existiu na realidade, mas que é aqui alvo de grandes liberdades criativas para assumir o papel de vilão.

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O filme tem várias sequências de ação, a maioria de grande qualidade. Não deixa de ser interessante e especial assistir a uma mulher capaz de se erguer acima da guerra, um conflito lutado esmagadoramente por homens nos dois lados. No campo de batalha Diana não é uma mulher confusa pelo mundo, pelo contrário, é onde se sente em casa, sempre pronta a assumir a frente de combate. Não é, contudo, imune à crueldade da guerra e do homem, e esses sentimentos são uma grande parte do tornam a Mulher-Maravilha numa personagem fantástica.

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Embora a realizadora seja Patty Jenkings (excelente trabalho), nota-se também o dedo de Zack Snyder, que é uma espécie de supervisor para o universo cinematográfico da DC Comics. A sua influência nota-se em particular nas sequências de combate, que usam bastante câmara lenta. São um grande espetáculo visual, e Gal Gadot (juntamente com os duplos) estão também em grande nestas sequências. Seja a desviar balas com as braceletes, a enrolar inimigos com o laço da verdade, ou esmagar a cabeça de alguém com o escudo, Diana é sempre o centro das atenções no ecrã.

Por se passar na Primeira Guerra Mundial, e ser uma estória de origem, é difícil não recordar o primeiro filme do Capitão América com Chris Evans (embora neste caso fosse a Segunda Guerra Mundial). Existem os seus paralelismos entre os dois filmes, mas no fundo acabam por ser muito diferentes - com vantagem para Mulher-Maravilha. Este filme faz algumas perguntas incómodas, e tem uma abordagem mais crua à guerra, o que acaba por deixar também mais marcas no espetador.

Se partilhavam o receio de que Steve Trevor acabasse por ser o herói masculino que ia guiar Diana, estejam descansados. A personagem de Chris Pine nunca é superior, ou inferior, à de Diana, e tem grandes momentos para brilhar. A química entre as duas personagens é excelente, e no fundo o filme passa uma mensagem de igualdade real entre os géneros, não de supremacia do género feminino, como outros também temiam.

Antes de terminarmos, não podemos deixar de mencionar novamente Gal Gadot. A atriz nasceu para interpretar Diana Prince, e é de longe o destaque do filme. É forte, e poderosa, com grande presença, mas nunca é intimidante, pelo contrário, transmite também o lado gentil e até inocente que Diana deve ter nesta altura da sua estória (em BvS vimos uma versão bem menos inocente da personagem).

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Se formos obrigados a apontar defeitos ao filme, temos de referir o último ato, que tem algumas linhas de diálogo algo forçadas e até incoerentes com a mensagem que Diana pretende passar. Mas a verdade é que estas duas horas e vinte de filme formam uma excelente experiência de cinema e super-heróis, bem mais focada que qualquer outro filme do universo cinematográfico recente da DC. É algo convencional na sua estrutura (estamos a falar de uma estória de origem), mas isso não impede Mulher-Maravilha de se afirmar como um filme triunfante.

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08 Gamereactor Portugal
8 / 10
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