Português
Gamereactor
especiais
The Order: 1886

Entrevista The Order: 1886

Ru Weerasuriya - "Sabíamos que podíamos maximizar o hardware da PlayStation 4."

HQ

The Order: 1886 será lançado a 20 de fevereiro, em exclusivo para a PlayStation 4, e na passada sexta-feira, 13 de fevereiro, realizou-se um evento em Lisboa que contou com a participação de dois produtores, incluindo Ru Weerasuriya, CEO da Ready at Dawn. O Gamereactor teve a oportunidade de conversar com Ru, numa entrevista que podem ler em baixo.

São reconhecidos pelo trabalho que fizeram com licenças já estabelecidas, mas abordar um jogo original é um processo completamente diferente. Era este o vosso objetivo quando criaram a Ready at Dawn?

Honestamente, sim. Não há duas formas de abordar a questão. Criámos a companhia precisamente para isto, para criar jogos originais. Passámos os primeiros anos a aprender a ser uma empresa e a ser uma equipa, ou a dominar a tecnologia. É preciso um grande esforço para fazer um jogo, por isso não podíamos ser presunçosos ao ponto de pensar que podíamos fazer um jogo original logo no primeiro projeto. Os primeiros seis anos foram de aprendizagem, e depois desse tempo, falámos com a Sony e dissemos que queríamos fazer isto.

Quando abordaram a Sony para criar um projeto original, já tinham definido o conceito de The Order ou isso veio depois?

Publicidade:

Sim. Quando falámos com a Sony já tínhamos o conceito delineado para o jogo, a base para a história e os pilares principais para a jogabilidade. Sabíamos claramente o tipo de jogo que queríamos fazer. A Sony tinha a PS4 já em produção e nós sabíamos que podíamos maximizar o hardware da consola e fazer um jogo com um grafismo impressionante.

Em 2015 vão sair vários projetos que têm a era vitoriana e Londres como inspiração, como Bloodborne e aparentemente, Assassin's Creed: Victory. O que motivou este interesse no tema?

Penso que é algo que há já algum tempo não é explorado devidamente nos videojogos. Não sei o porquê de haver um interesse crescente neste preciso momento, mas no nosso caso já queríamos fazer este jogo há muito tempo. Há sete ou oito anos, para dizer a verdade. É um sinal dos tempos, suponho, quando alguém vê algo e pensa "também gostaria de explorar este tema". Independentemente do que os outros possam fazer, nós tivemos uma abordagem muito fiel à era vitoriana. Penso que Bloodborne tem uma abordagem mais gótica, enquanto que Assassin's Creed não vai bem fazer o que nós estamos a fazer. A nossa versão de Londres é muito mais baseada na realidade, mesmo considerando os toques extra que estamos a acrescentar.

Foi importante manter um certo realismo, mesmo com todos os elementos sobrenaturais?

Publicidade:

Foi muito importante, porque queremos que as pessoas acreditem nisto. Por incrível que pareça, e mesmo considerando os elementos sobrenaturais, queríamos que as pessoa pensassem que a história podia ter tomado este rumo. Isso também é um dos motivos porque não investimos mais no elemento sobrenatural, porque como está, é possível convencer algumas pessoas de que isto podia ser uma alternativa viável. O nosso objetivo e doutrina foi sempre essa, a de fazer com que a equipa de produção se pergunte constantemente se alguém era capaz de acreditar no que estavam a fazer. Só se fosse relativamente plausível éramos capazes de avançar.

The Order: 1886

E também não convém quebrar as regras do vosso próprio universo...

Sim, nunca se devem quebrar as regras do universo. É um dos maiores erros que se podem fazer com ideias originais. Existem vários jogos que já fizeram isso, que quebraram as suas próprias regras, e depois pagaram o preço por isso. Algo que queremos obviamente evitar com The Order.

Quais são, na sua opinião, os maiores pontos fortes de The Order?

Penso que é o ritmo. O ritmo da jogabilidade e a forma como todas estas mecânicas se juntam. Não queríamos ser um 'pónei de um só truque', ou ser definidos como "tudo o que se faz no jogo é disparar contra pessoas". Queríamos estar sempre a surpreender o jogador, a introduzir elementos novos. Por vezes vão só interagir um pouco, noutras situações é tudo sobre o jogador, noutras ocasiões podem relaxar e observar as sequências cinemáticas. Na minha opinião os maiores pontos fortes de The Order são o ritmo e a variedade de mecânicas.

Então e fraquezas? O que gostariam de mudar para a sequela?

Para uma sequela? Bom... para dizer a verdade, gostava de melhorar um elemento, embora a maior parte das pessoas ache que já está bom, mas gostava de fazer mais com a forma como contamos a história. Usar mecânicas diferentes para abordar a história seria um dos meus objetivos, mas o tempo é limitado para fazer um jogo e mesmo com o que já está no jogo, foi complicado em termos de tempo. Pelo menos temos muitas ideias para o futuro, esperemos que as possamos usar.

Alguns rumores indicam que a campanha pode ser terminada em cinco horas. Existe alguma verdade nisto?

Esse número começou a surgir há mais de uma semana, mas está totalmente incorreto. Quanto alguém liberta informação que não é real, não costumamos tentar desmentir. Seja como for, não sei como esse indivíduo chegou a esse número, mas posso dizer que The Order: 1886 tem para oferecer uma verdadeira campanha a solo, ao nível do que é feito noutros jogos do género.

Com esses rumores surgiram também algumas queixas sobre o jogo, sobretudo de pessoas que ainda não o experimentaram. Como lidam com essas críticas e que gostariam de lhes dizer?

Trabalhamos numa indústria muito estranha. Somos provavelmente a única indústria em que se tenta falar de um conceito, uma ideia ou uma história nova e toda a gente cria logo as suas expetativas do que devia ser. Pensam logo e tentam dizer-nos "este é o jogo que devem fazer". Noutras indústrias as pessoas esperam para tentarem perceber o que é o projeto e tentam apreciá-lo pelo que é. Nós, por algum motivo, não somos assim. Também existem pessoas que têm expetativas justas sobre o que esperar, mas no fim do dia somos produtores de videojogos e temos paixão pelo que fazemos e é difícil trabalhar em algo desenhado apenas para agradar às pessoas.

Também podem ler as nossas últimas impressões de The Order: 1886 aqui e amanhã iremos publicar algumas citações dos atores da versão portuguesa.

The Order: 1886

Textos relacionados

3
The Order: 1886Score

The Order: 1886

ANÁLISE. Escrito por Christian Gaca

Provavelmente o jogo mais belo da nova geração ou até de sempre. Mas será que isso chega?



A carregar o conteúdo seguinte