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Análise PlayStation Classic

Vale a pena fazer esta viagem ao passado?

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Adoramos os videojogos modernos, mas de vez em quando também gostamos de satisfazer o nosso lado nostálgico e fazer pequenas viagens ao passado. Isso tem sido possível nos últimos anos com o re-lançamento de consolas antigas, como as mini NES e SNES, e agora é a vez da PlayStation Classic nos levar de volta à era das 32 bits.

A PlayStation foi o ponto de entrada da Sony no mundo dos videojogos, na década de 90, intrometendo-se num mercado que até aí era dominado por Sega e Nintendo. Com 32 bits, e a capacidade para suportar o CD-Rom, a PlayStation conseguiu apresentar grafismo 3D (ainda que bastante básico, sobretudo no ciclo inicial de vida), e complementar os seus videojogos com vídeos, alguns produzidos em computador (CGI), outros filmados com pessoas reais. A era das 32 bits marcou também um grande salto em termos de efeitos sonoros e capacidade para bandas sonoras, elementos que vieram contribuir e muito para a capacidade dos produtores contarem histórias com os videojogos.

A consola viu nascer várias sagas que marcaram a história dos videojogos, e foi casa para alguns dos títulos mais queridos de muitos jogadores, e parte deles está nesta versão modernizada da PlayStation, que passaremos a detalhar em baixo.

Análise PlayStation Classic
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A Consola
Esteticamente, a PlayStation Classic é essencialmente uma versão miniatura da PlayStation original, sendo 45% mais pequena. Existe, contudo, várias diferenças em termos de hardware. Para começar, a PlayStation Classic não inclui qualquer leitor de CD-ROM, já que a "tampa" no topo da consola é apenas para enfeitar. Ao nível de comandos, suporta dois, incluídos com a consola, que se ligam via cabos USB cinzentos, semelhantes à cor dos cabos originais. Contudo, é preciso realçar que estes cabos são bastante pequenos, o que pode ser incomodativo para quem não se quer sentar próximo da TV.

Quanto aos comandos em si, são posteriores à era dos analógicos, o que é um pouco estranho para os padrões atuais. Precisámos de algum tempo de habituação, para jogarmos exclusivamente a partir do D-Pad, e jogos na primeira pessoa foram particularmente complicados, mas funcionam bem para a maioria dos jogos, tal como na altura.

A nível do que é exibido no ecrã, vão estar a regressar a uma era anterior à alta definição. Mais, vão regredir para uma era posterior ao formato widescreen, o que significa que os jogos são apresentados no seu formato original quadrado de 4:3. Como as televisões modernas já não têm esse formato, o espaço que falta para preencher o formato de 16:9 é preenchido com barras pretas, uma de cada lado. A nível da qualidade de imagem, que corre a 720p, apresenta-se bem numa televisão moderna, mas há uma questão que tem de ser referida. Na altura existia uma grande diferença entre jogos PAL (Europa) e NTSC (América), em que a versão NTSC era sempre mais fluída. É por isso estranho que nove dos 20 jogos presentes estejam no seu formato PAL. Teria sido mais vantajoso, e até consistente, se todos os jogos estivessem no seu formato NTSC.

Outra desilusão surgiu pela ausência de qualquer filtro visual ou apresentação especial. A interface do menu principal é simples, apresentando os 20 jogos numa roda, permitindo aceder aos respetivos dados, incluindo saves. Podem guardar jogos de forma tradicional, usando um cartão de memória virtual, ou usar o botão Reset para suspender um jogo e retomá-lo de onde o deixaram mais tarde. Um pequeno toque de modernização, mas que não é suficiente para compensar o facto de que a Sony podia ter feito mais ao nível de apresentação e história de cada jogo. Essencialmente, a PlayStation Classic cumpre os mínimos, quanto poderia ter realmente feito mais para tornar esta viagem ao passado em algo mais memorável.

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Na caixa, além da consola e dos dois comandos com os respetivos cabos, vão encontrar um terceiro cabo USB que serve como fonte de alimentação. Este cabo, contudo, tem de ser ligado a uma fonte de energia, seja um adaptor de telemóvel, um computador, ou outra consola, por exemplo. Uma palavra ainda para o facto de não existir qualquer forma de regressar ao menu através do comando, o que significa que terão de se levantar e carregar no Reset da consola sempre que quiserem mudar de jogo. Por último, de referir que a PlayStation Classic não tem qualquer forma de ligação online, o que significa que não pode ser atualizada ou receber jogos novos. A impossibilidade de ligar ao nosso perfil e desbloquear troféus, por exemplo, parece-nos uma oportunidade perdida.

Infelizmente a PlayStation Classic não é a celebração da história gloriosa da PlayStation que poderia ter sido, limitando-se a apresentar uma PlayStation capaz de suportar as televisões e alguma tecnologia moderna. A Sony podia ter feito bem mais a nível de funções online, apresentação, e conteúdo histórico.

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Os Jogos
Tão ou mais importante que a consola, são os jogos que inclui, e neste caso, são vinte. Como a consola não tem ligação online, nem suporta discos, estarão presos a estes 20 jogos, mas pelo menos é uma lista competente. São jogos de grande nome, que cobrem uma série de géneros. Claro que existem ausências notáveis, já que a lista de grandes jogos da PlayStation foi muito superior a 20, mas os que aqui estão merecem-no.

Desde o Resident Evil original (versão Director's Cut), ao espetacular Metal Gear Solid, passando pelo épico Final Fantasy VII, é uma lista que inclui largas dezenas de horas que fizeram história no mundo dos videojogos. A nossa maior queixa prende-se com o género de corridas, já que clássicos como Gran Turismo e Wipeout ficaram de fora. No seu lugar vão encontrar Ridge Racer 4, Twisted Metal, e Destruction Derby. São três jogos com história, mas Gran Turismo e Wipeout teriam feito mais sentido.

Já os fãs de luta vão encontrar o fantástico Tekken 3, que continua a ser extremamente divertido, e também Battle Arena Toshinden. O género de plataformas faz-se representar por Jumping Flash, o Rayman original, e Oddworld: Abe's Odyssey - estes dois últimos retêm todo o encanto que tinham na altura. Infelizmente, Crash Bandicoot e Spyro ficaram de fora, presumivelmente porque foram lançados remasters recentemente. Se apreciam os GTA modernos, então podem gostar de saber que podem ver como tudo começou, com o jogo original em 2D. Syphon Filter é um jogo que não tem grande nome hoje em dia, mas na altura conquistou vários fãs de ação furtiva, e a sua presença será certamente apreciada por esses jogadores. Outro jogo do género, mas que infelizmente envelheceu bastante mal, é o Rainbow Six original.

Se gostam de investir horas em RPG japoneses, além de Final Fantasy VII vão também encontrar o Persona original e Wild Arms. Bons jogos, mas a ausência de Xenogears é uma desilusão pessoal nossa, já que somos fãs da saga. Também existem alguns jogos de puzzles, na forma de Super Puzzle Fighter II Turbo (continua divertido a dois jogadores), Intelligent Qube, e Mr. Driller. A completar a lista, com uma proposta de desportos radicais, está Cool Boarders 2, um jogo que trocaríamos de bom grado por Tony Hawk's Pro Skater.

Já referimos uma série de ausências notáveis, mas nenhuma nos chocou tanto quanto a ausência de Tomb Raider. Não incluir a aventura original de Lara Croft é um pequeno crime, já que foi um dos jogos mais importantes da consola.

Em conclusão, a PlayStation Classic inclui alguns nomes de peso na sua lista de 20 jogos, mas é impossível não lamentar algumas das ausências mais importantes. Assim, é impossível considerar este produto como a coleção definitiva da PlayStation, o que não significa que não tenha o seu valor. A consola cumpre os mínimos, no sentido de permitir desfrutar de alguns clássicos de grande peso em dispositivos modernos, e se isso chega para vocês, então é inegável que a PlayStation Classic fica muito bem debaixo da árvore de Natal.

A PlayStation Classic será lançada a 3 de dezembro com um preço de € 99.99.

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