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Especial Cosplay em Portugal: Parte 2

Leonor Grácias fala da sua experiência no estrangeiro, da Associação de Cosplay, e do lado profissional dos cosplayers.

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Depois de uma agradável conversa com Adriana Silva, Mafalda Mendes, e Alexandra Realista, na primeira parte do nosso especial Cosplay, partilhamos convosco uma entrevista com Leonor Grácias. Cosplayer há vários anos, e co-fundadora da Associação de Cosplay em Portugal, Leonor falou connosco das suas experiências em Portugal e no estrangeiro, dos objetivos da Associação, e do lado mais profissional dos cosplayers.

Para quem não sabe, podes explicar o que é a Associação de Cosplay?
É uma associação sem fins lucrativos, criada há dois anos, para tentar colmatar uma ausência importante na comunidade de cosplayers em Portugal. O objetivo é que seja uma ponte entre a comunidade e o público em geral, um sítio que explique o que é exatamente o cosplay, que possa informar os pais e as famílias sobre o cosplay. Temos cosplayers na associação que já praticam cosplay há mais de 14 anos, e isso só é possível porque a família ajuda. Sem o apoio ou o incentivo das famílias, torna-se muito mais difícil. Acreditamos que o Cosplay é um aglomerado de artes que ajuda a desenvolver várias habilidades na juventude, e também pode ser algo que aproxime as famílias.

Como os cosplayers costumam fazer os seus fatos, e precisam de ajuda com perucas, carpintaria, e outras ações, isso pode criar uma interação interessante e divertida entre os cosplayers e as suas famílias. Portanto, no fundo, é esse o objetivo da Associação - trazer ainda mais as famílias para o cosplay.

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Freddie Mercury e Sherly, dois Cosplays que mostram bem a diversidade de Leonor.
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Quais são os requisitos para alguém se juntar à Associação?
Basta gostar de cosplay, nem sequer precisam de praticar. Na verdade, temos imensos sócios da Associação que não são cosplayers, mas que gostam de participar de alguma forma. Praticamente cosplay em atividades como estas, como o Rock in Rio, não é fácil, e algumas pessoas gostam de ajudar voluntariamente através da associação. O nosso objetivo é que os cosplayers tenham as melhores condições e conseguiam ganhar algo por participarem profissionalmente em eventos como este.

As empresas normalmente entram em contacto connosco para participarmos em iniciativas destas, na grande maioria porque gostaram do que fizemos noutras iniciativas, como o Iberanime ou a Comic Con, por exemplo. Depois informam-nos que querem cosplayers para os seus stands ou eventos, seja para animar, para tirar fotos, ou para entregar panfletos, por exemplo. No caso do Rock in Rio, eles já tinham feito cosplay no Brasil, e eu conhecia quem tratou disso. Depois foi fácil entrar em contacto com o Rock in Rio português.

Durante uma conversa que tivemos com Roberta Medina, ela afirmou a sua paixão pelo cosplay, mas afirmou que no Brasil o Cosplay já está bem mais avançado que em Portugal. A que se deve essa diferença?
Penso que isso se deve sobretudo a nunca ter havido ninguém que guiasse ou exigisse mais condições para os cosplayers portugueses. Muitas vezes as empresas exigem muito dos cosplayers que contratam, que tenham fatos espetaculares, mas não pagam esses fatos. Sem apoio torna-se mais difícil criar fatos de grande qualidade. Em Portugal somos menos, temos menos recursos, não temos o mesmo tipo de lojas especializadas, não temos parceiros... enfim, não temos ninguém em Portugal que invista realmente no cosplay.

Felizmente essa tendência começa a mudar aos poucos e poucos, como é disso exemplo o facto de estarmos no Rock in Rio. Eventos 'mainstream' como este ajudam a catapultar muito os cosplayers para o grande público, e penso que dão esperança aos nossos membros que já estivessem a pensar desistir da arte. É um investimento muito grande, e o retorno é praticamente inexistente. É algo feito realmente por paixão. Procuramos encontrar um equilíbrio, procurando manter os fatos mais simples, e mais práticos.

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Normalmente só escolhemos fatos mais complexos e vistosos para competições oficiais, tanto Europeias, como Mundiais. Diria que os fatos para um evento rondam no máximo os 100 euros, enquanto que um fato de competição pode chegar aos 800, por exemplo. Já fomos participar em Inglaterra, Holanda, França, China, e Japão, por exemplo. Em agosto vou, juntamente com uma colega, representar Portugal num evento mundial de cosplay, e aí os fatos têm de ser 100% feitos pelos participantes.

Fotos tiradas do Deviant Art

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A nível pessoal, como nasceu a tua paixão pelo cosplay?
Bem, para começar tenho de dizer que cresci nos anos 90, altura em que se deu o boom da animação japonesa em Portugal. Dragon Ball, Navegantes da Lua, Cavaleiros do Zodíaco, Samurai X... e eu desde muito cedo que comecei a acompanhar o Anime que dava na televisão. Depois fiquei com vontade de me mascarar como estas personagens no Carnaval, e eventualmente acabei por descobrir o cosplay. Aos 14 anos comecei a fazer o meu primeiro cosplay.

Supomos que também tens quem te inspire no estrangeiro...
Claro. A minha maior inspiração é internacional, a YaYa Han, que já faz cosplay há 18 anos. É americana, faz os seus próprios fatos, e costuma participar em júris internacionais. Aliás, ela fez parte do júri na eliminatória que me permitiu ir para o Japão, o que significa que fui avaliada pelo meu ídolo. Felizmente correu tudo muito bem e ela é muito simpática.

O cosplay feminino acaba por ter muita atenção do público masculino, por vezes, supomos, em demasia. Como lidam com isso?
Felizmente, em Portugal não é muito grave. Por norma participamos em eventos muito seguros, e pedimos aos nossos cosplayers que, assim que uma situação desconfortável aconteça, falem com a organização ou a segurança. Por exemplo, no Brasil este problema é muito maior, existe muito assédio, enquanto que em Portugal é muito raro acontecer algo do género.

Conselhos, para quem quiser começar a sua aventura no cosplay?
Escolham fatos simples para começar, e mesmo que não corra bem, não desistam. Tentem ir a um evento, mesmo que vão sozinhos, porque se forem de cosplay a um evento, essa é uma barreira importante que acabam por quebrar. Mesmo que sejam tímidos, tentem antes encarnar a personalidade da personagem, porque fazer cosplay não é apenas vestir os fatos. Precisam de estudar a personagem e a sua personalidade, e devem encarná-la quando estão a fazer cosplay, em termos de comportamento e poses, por exemplo. Se precisarem de ajuda, dicas, etc, também podem ser participar na Associação de Cosplay.

Fica por aqui o nosso especial de Cosplay em Portugal. Se quiserem, podem acompanhar a Associação de Cosplay no seu site oficial ou no facebook, e se quiserem seguir Leonor, também o podem fazer através da sua pagina de cosplay.

Fotos da Associação Cosplay

Especial Cosplay em Portugal: Parte 2
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