Como é praticamente impossível falar de Dragon Quest Builders sem mencionar Minecraft, tratemos de tirar já esse assunto do caminho. Sim, os dois jogos partilham várias semelhanças, e Minecraft parece evidentemente a inspiração para este jogo da Square Enix, apesar das diferenças. Joga-se na terceira pessoa e não na primeira, e tem o estilo típico da saga, mas este jogo está muito mais próximo da experiência de Minecraft do que está da experiência RPG de Dragon Quest.
Inspiração à parte, é importante perceber que Dragon Quest Builders funciona, e é um jogo bastante bom por mérito próprio. O facto de incluir um estilo de animação semelhante ao de Akira Toriyama (criador de Dragon Ball), e de utilizar uma vasta gama de referências de Dragon Quest, garantem-lhe um encanto e uma alma diferente da de Minecraft. Enquanto o jogo da Mojang é uma viagem pelo desconhecido, Builders vai levar-vos por mundos que não são totalmente estranhos para fãs da saga, e que merecem ser explorados. Existe mais estória, e mais objetivos, mas no grosso da aventura está na extração de recursos e na construção de estruturas.
É uma narrativa muito simples, mas eficaz. Vão acordar numa espécie de masmorra, num mundo onde a humanidade está à mercê de terríveis monstros. Existem habitantes espalhados por várias ilhas que, sem a ajuda do jogador, não serão capazes de se organizar. O jogador vai assumir o papel de "O Construtor", uma espécie de Messias que tem o poder de construir estruturas com grande facilidade. É por isso que o vosso primeiro objetivo real é o de criar uma casa que possa habitar humanos. Depois devem construir uma fornalha, uma cozinha, e uma cama. Lentamente vão expandido esse conceito, e formando uma comunidade. Eventualmente terão de viajar para outras ilhas, na esperança de conseguirem mais recursos para continuarem a expandir o vosso espaço com estruturas mais complexas.
Ao contrário de Minecraft, o mundo de Dragon Quest Builders tem limites muito bem definidos. Vão sobretudo viajar através de portais, que vos levarão para outros locais. Aqui podem encontrar recursos e inimigos diferentes, e até alguns segredos e mistérios que podem ajudar a melhorar as vossas capacidades e a aldeia. Quando a narrativa que envolve a construção desta primeira cidade termina, o jogo empurra-vos para um segundo capítulo onde terão de começar tudo de novo, mas com as opções já desbloqueadas de raiz. Esta campanha está estruturada por episódios, e capítulo permite preparar-os para a aventura seguida. Esta estrutura de mundo impede o charme da descoberta que existe em Minecraft, mas por outro lado permite ter uma boa curva de aprendizagem, e objetivos mais claros. O facto de não ser gerado aleatoriamente é outro elemento que pode desagradar a fãs de Minecraft, mas foi este design mais linear que a Square escolheu.
As limitações de Dragon Quest Builders não são, infelizmente apenas em termos de tamanho dos mapas ou esta divisão por capítulos, mas também ao nível das construções. O máximo de altura de edifício é de 32 blocos, por exemplo. Dentro desse limite, podem normalmente criar o que imaginarem, mas em algumas missões vão encontrar projetos que têm de seguir à risca, seja para desenhar um quarto específico ou uma estrutura de segurança. Isso significa que vão criar uma cidade ou aldeia com vários edifícios funcionais e práticos, mas também retira alguma liberdade criativa ao jogador.
Dragon Quest Builders vive imenso das largas dezenas de missões que existem no jogo, e que vos podem ocupar até 100 horas ou mais. Estas missões são também muito lineares, no sentido em que os objetivos estão perfeitamente indicados no mapa.
Embora seja mais limitado que Minecraft em muitos sentidos, Dragon Quest Builders é divertido. Partilha vários elementos com a saga tradicional de Dragon Quest, o que irá agradar a alguns jogadores, e desiludir outros. Pela parte que nos toca, divertimos-nos a construir a nossa cidade e a ver a comunidade crescer. Em termos de diferenças entre a versão Switch e as restantes, não há muito a assinalar, excepto a capacidade portátil da consola, que casa muito bem com este tipo de jogo - podem ligar durante 15 minutos, recolher alguns materiais, e desligar, por exemplo.
Adorámos jogar a versão de Nintendo Switch em modo portátil, mas o modo TV foi uma desilusão. Aqui são demasiado evidentes as diferenças entre esta versão e as restantes, com um grafismo inferior ao nível de definição e detalhe. Não é algo que estrague por completo a experiência, mas esperávamos que o modo TV estivesse um pouco mais trabalhada do apresentar a versão portátil numa escala maior.
Talvez não seja o jogo que vai tirar os fãs de Minecraft do seu jogo, sobretudo porque é muito mais limitado, mas tem trunfos na manga que podem atrair outros grupos de jogadores. O facto de ter um aspeto tão engraçado, e de seguir uma estrutura mais linear e narrativa, permite-lhe ter outro tipo de solidez e foco. Uma boa proposta, independentemente de estarem a jogar na Switch ou nas outras plataformas.