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Beyond: Duas Almas

Beyond: Duas Almas

As duas almas de Beyond - cinema e videojogos - e os paralelismos evidentes entre as personagens do jogo e os meios que o influenciam.

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Como devem ser definidos os videojogos atuais? E o cinema contemporâneo? Estas foram as duas perguntas que assombraram a nossa mente enquanto jogávamos Beyond: Duas Almas, o novo jogo da Quantic Dream que esteve ontem a ser apresentado em Portugal. Depois de Heavy Rain, a produtora francesa pretende novamente proporcionar uma experiência que toque o coração do jogador. Existem semelhanças com Heavy Rain, mas Beyond: Duas Almas vai introduzir inovações importantes e procurar uma mutação para um meio diferente que não é jogo... nem filme.

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O Gamereactor teve acesso a uma última versão de Beyond: Duas Almas antes da análise, que nos permitiu experienciar três períodos diferentes na vida da protagonista Jodie. Também obtivemos um pequeno vislumbre da relação com Aiden, a entidade invisível que tem vínculo eterno com Jodie desde o seu nascimento.

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A primeira sequência arrancou sem nos dar qualquer pista sobre o que estava a acontecer: o jogo não segue um progresso linear da vida de Jodie, servindo antes a história através de saltos pela memória da protagonista. A narrativa é como uma espécie de puzzle, um pouco como o filme Amnésia (Memento), mas será novamente influenciada pelas ações e decisões do jogador.

Heavy Rain já tinha exibido coragem pela fora complexa com que abordou a narrativa, permitindo seguir a história através de várias ramificações, embora sempre com um fio condutor comum e um padrão linear. Para Beyond, porém, a Quantic Dream prepara algo ainda mais ousado. A produtora optou por construir uma história que não é linear, e que pretende expandir e caracterizar a experiência do jogador, dividido-o simultaneamente entre o papel de interveniente e espetador

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Seguindo essa lógica, é evidente que um dos aspetos mais fascinantes de Beyond: Duas Almas é a dicotomia que emprega, uma bifurcação que resulta deste fusão entre filmes e jogos. Uma relação entre os dois meios que de certa forma parece espelhada na própria ligação entre Jodie e Aiden. Enquanto Jodie tem uma prestação sobretudo coreografada, interpretada pela atriz Ellen Page, Aiden representa o conceito de videojogos na sua forma mais pura. Será através de Aiden que o jogador vai encontrar a verdadeira liberdade interativa de Beyond.

Enquanto controlam Jodie, além de movimentarem a protagonista, vão tomar decisões e pressionar alguns botões em sequências QTE, mas pouco mais que isso. Com Aiden terão muito mais liberdade. O capítulo "O aniversário" é o exemplo perfeito: a pequena Jodie é trancada injustamente num armário e pede ajuda a Aiden para se soltar. Aqui, o jogador tem duas hipóteses: ou solta Jodie e esquece o que se passou ou utiliza os poderes de Aiden para se vingar. Como somos grandes fãs de Quentin Tarantino, a hipótese de simplesmente abandonar a casa não nos passou pela cabeça, mas a situação descontrolou-se quanto incendiamos alguns acessórios. Enquanto jogam com Jodie têm de obedecer a muitas restrições impostas pela natureza narrativa do jogo, mas Aiden tem muito mais para oferecer no lado interativo.

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A grande força de Beyond: Duas Almas será o elemento narrativo e até agora estamos impressionados com o que vimos das intepretações de Ellen Page no papel de Jodie e de Willem Dafoe como Nathan Dawkings, um cientista que vai tomar conta de Jodie enquanto criança.

No entanto, temos de confessar algum descontentamento com certas ações do jogo. A liberdade de Aiden é refrescante e tem um potencial tremendo, mas os momentos com Jodie pareceram-nos excessivamente predefinidos. Mesmo em sequências de maior ação, como perseguições ou combates, tudo o que terão de fazer é pressionar alguns botões no momento certo. De qualquer forma estamos curiosos para ver como vai funcionar com o PlayStation Move e, sobretudo, com a aplicação Beyond Touch para plataformas móveis, mas para já estamos dececionados com a ausência de controlo.

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A experiência com esta demonstração jogável foi de forma geral positiva, mas acabou por deixar ainda mais perguntas que resposta. Como é que vai acabar isto tudo (existem mais de 20 fins possíveis)? E o que é afinal Aiden? Já falta pouco para obtermos as respostas a estas e outras perguntas. Louvamos a coragem da Quantic Dream, porque deve ser difícil trabalhar num cruzamento tão sensível entre filmes e videojogos, uma relação que por vezes parece ser de amor/ódio, tal como a de Jodie e Aiden.

Beyond: Duas Almas não é um jogo no sentido normal do termo, mas também não é correto acusá-lo de ser cinema interativo. Esta promiscuidade não vai ser louvada por alguns jogadores tradicionais, inclusive devido à ausência de um sistema de jogo canônico ou dos arquétipos típicos dos dois meios que o influenciam. Seja como for, estamos a torcer para que esta experiência tão ousada corra pelo melhor.

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