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Final Fantasy XV

Final Fantasy XV: Episode Duscae - Impressões

Qual é afinal a nova direção de Final Fantasy? Tentamos responder a essa pergunta depois de jogarmos a nova demo.

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Não digam a ninguém, mas na década de 1990, durante uma visita a Singapura, conseguimos uma cópia pirateada da demo jogável de Final Fantasy VIII. Quando chegámos a casa, arranjámos maneira de pôr-la a funcionar na nossa PlayStation original, através de "magia arcana". O único senão? Corria a preto e branco, mas isso não nos desmotivou. O facto de termos ali uma pequena amostra da nova visão dos criadores de Final Fantasy VII, na altura o nosso jogo favorito, era um luxo incrível.

É fácil lembrar o entusiasmo que acompanhava a série nessa altura. Há pouco tempo bastou ver uma arte de Final Fantasy VII no facebook, para que a equipa inteira do Gamereactor perdesse uma boa parte da tarde de trabalho a relembrar os momentos favoritos do jogo. Em parte é tudo nostalgia em estado puro, mas a verdade é que nessa altura nunca tínhamos visto nada assim - mundos vivos, com personagens ricas e algumas reviravoltas no enredo que deixaram marcas. Final Fantasy VII foi como um evento sísmico, e os capítulos VIII e IX foram as respetivas réplicas.

Como tudo mudou deste então.

Final Fantasy não tem tido uma vida fácil nos últimos anos. As mudanças na jogabilidade pareceram forçadas, numa tentativa óbvia de manter a série 'atual', e os mundos em si falharam em transmistir o mesmo encanto e magia que no passado. Isto apesar de tecnicamente, a série continuar a ser um marco assinalável. Aos poucos, Final Fantasy parece estar a perder a sua identidade e isso é preocupante para os fãs.

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Final Fantasy XV, que chega 18 anos depois de Final Fantasy VII ter colocado a série definitivamente no mapa dos jogadores ocidentais, é por isso mesmo encarado com grande cuidado por parte dos jogadores. Recentemente tivemos a oportunidade de jogar uma hora da demonstração, que será incluída com Final Fantasy Type-0 HD, e podemos finalmente partilhar as nossas impressões iniciais do jogo.

Final Fantasy XV

Os corredores lineares de Final Fantasy XIII foram substituídos por uma abordagem mais próxima de um mundo aberto, no caso da demo que experimentámos, passada no campo. Vão encontrar muita vida animal a habitar o local, alguns amigáveis, outros nem por isso. Se são fãs de conteúdo secundário e gostam de explorar o cenário à procura de segredos, vão encontrar muitos motivos para sorrir.

É difícil perceber em que ponto da história se situa a demo, mas sabemos que o carro avariou e o nosso grupo ficou apeado. Agora precisam de dinheiro para saírem da zona e a melhor forma de o conseguirem passa por caçar um Behemoth que está a aterrorizar a população local, e recolher a respetiva recompensa. Este é o objetivo principal do segmento que está na demo, mas existe muito para explorar no espaço incluído, desde florestas e ruínas, a pântanos com criaturas medonhas.

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Em Final Fantasy XV vão controlar o príncipe Noctis, acompanhado pelo brincalhão Ignis, o enorme Gladiolus, e o amante de armas Prompto. O trio, controlado pela inteligência artificial, não tem problemas para comentar pontos de interesse, situações curiosas, ou tirarem as suas armas para atacarem os inimigos.

Graficamente, Final Fantasy XV começou a impressionar logo a partir dos trailers, mas esses vídeos também levantaram muitas questões relacionadas com os combates. Depois de jogarmos uma hora, acreditamos que a nova demo vai reforçar ainda mais essa discussão. De certa forma é uma continuação do combate de Lightning Returns, com controlo total dos movimentos da personagem e várias habilidades mapeadas para os botões. A grande diferença é que os combates em Final Fantasy XV não têm nenhuma transição - tudo decorre no mundo de jogo.

Os combates iniciam-se, ora com um ataque do jogador, ou com uma investida inimiga. Quando um oponente se apercebe da vossa presença, serão avisados através de uma mensagem no ecrã, para que tentem escapar a tempo se for esse o vosso desejo. Isto significa que os combates aleatórios foram eliminados de vez e que podem escolher as vossas batalhas.

Sabíamos que o jogo final terá um ciclo de noite e dia, mas não esperávamos encontrá-lo da demo. Felizmente, está presente, e permite enfrentar alguns inimigos mais poderosos que só saem durante a noite. Em alternativa (e por vezes é o mais aconselhável), podem fazer uma fogueira e descansar até de manhã.

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Ao passarem uma noite a descansar, vão perder algumas oportunidades, mas existem vários incentivos para o fazerem. Para começar, os pontos de experiência só são transmissíveis à personagem depois de irem dormir - e quando acordarem na manhã seguinte terão vários efeitos benéficos que vão durar todo o dia. A questão então é: vão arriscar à noite enquanto procuram desafios mais duros ou jogam pelo seguro? A escolha - e o risco - é vosso.

As armas também têm os seus próprios efeitos benéficos. Uma permite recuperar pontos de mana para praticar magia e outra consegue baixar as defesas inimigas, por exemplo. Podem mapear as armas para os botões, num sistema que pretende a criação de combinações fáceis de golpes.

É uma mecânica e um sistema que exige algum tempo de habituação, mais do que a hora que conseguimos passar com o jogo. Neste momento é difícil dizer se o combate tem realmente a profundidade necessária, até porque a nossa hora foi bastante confusa. Podem prender a mira numa personagem com o R1 e mudar de alvo com o analógico direito, mas mesmo com esse sistema de mira preso, o combate de Final Fantasy XV pareceu-nos confuso.

Tanto os inimigos, como os companheiros controlados pela inteligência artificial, não têm problemas para deixarem tudo no campo de batalha, encenando uma grande batalha à nossa volta. É um sistema que nos lembra mais de Kingdom Hearts do que Final Fantasy, e rapidamente suspiramos por uma opção que permita abrandar o tempo e coordenar táticas, ao estilo de Dragon Age: Inquisition.

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A magia sempre foi o núcleo das batalhas de Final Fantasy e em FFXV vão encontrar um medidor no ecrã que define a vossa estratégia. A maioria dos vossos ataques - excepto os mais simples - consomem um medidor de magia no ecrã, que recarrega com o tempo. Na demo, bastavam alguns golpes para esgotar rapidamente a barra.

Enquanto pressionam no L1, podem bloquear ataques inimigos, embora possam evitar golpes a custo de magia. Também existe um sistema de contra-ataque, que permite responder com alguns golpes de grande dano se carregarem no botão com o timing certo. Durante a hora de jogo tivemos a oportunidade de lutar em colinas, penhascos, rochas e planícies. É bom encontrar uma variedade de cenários, mas não encontrámos grandes benefícios por tentarmos usar o cenário em nosso favor.

Ainda estamos a tentar perceber como tudo isto funciona, quando entramos na masmorra desta área, uma floresta coberta de nevoeiro por onde seguimos o rasto do Behemoth. A câmara tem alguns problemas em acompanhar a ação durante combates com várias personagens, mas melhora quando chega o confronto com o boss.

A sequência que antecede o confronto é um dos destaques da demo, enquanto tentamos localizar o Behemoth através de um grosso nevoeiro branco, até encontrarmos o seu lar. Esta é uma criatura que faz parte da mitologia de Final Fantasy, mas nunca foi tão assustador como na sua versão de XV - imaginem uma pantera diabólica do tamanho de um camião e com apetite por carne humana. O ambiente da floresta e os efeitos sonoros, incluindo os grunhidos do Behemoth, ajudam a aumentar a tensão do momento. E com razão.

A batalha em si acaba prematuramente, enquanto somos esmagados até à morte. É preciso aprender a evitar os ataques e ler os sinais de aviso que antecedem cada investida do Behemoth. Um maior período de exploração, para conseguirmos dominar melhor o sistema de combate, seria a solução ideal para este problema, mas para isso precisaríamos de tempo que não tínhamos.

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Temos algumas reservas quanto ao sistema de combate, não o vamos esconder, e é impossível fazer qualquer tipo de análise antecipada à história ou às personagens por uma hora de jogo. O que esta demo vos pode mostrar realmente, é uma amostra do mundo de Final Fantasy XV, e nessa parte cumpre com distinção.

Apesar do tempo escasso com o jogo, deu para perceber que o grupo de quatro heróis segue o legado de muitas outras personagens de Final Fantasy, e parecem ser todos bastantes familiares uns com os outros. Isto é um grupo que se conhece há bastante tempo, não um bando de mercenários juntos por acaso.

Teremos de passar muito mais tempo com o grupo, para percebermos se estão à altura dos padrões a que nos habituamos nos RPG modernos. Da mesma forma que precisaremos de mais horas para percebermos se as mudanças na jogabilidade são a nova identidade que Final Fantasy precisa, ou se continuará a atravessar o seu penoso e longo período de transição.

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