Bloodborne: The Chalice Dungeons

Bloodborne é o novo jogo dos criadores de Dark Souls, a From Software, e existem muitas semelhanças óbvias entre as duas séries, mas também diferenças. Esta não é uma sequela de Dark Souls, nem se passa no mesmo universo, e por cada elemento que é notoriamente idêntico, existe outro que o ajuda a distinguir-se de Souls.

A que é de imediato mais evidente é o tema e o cenário. Enquanto a série Souls se baseia em fantasia medieval, Bloodborne passa-se numa Inglaterra da era vitoriana. É como se o inferno tivesse transbordado para cima de uma Londres do século XIX. Bloodborne é sinistro, sombrio e está repleto de detalhes arrepiantes.

O movimento da personagem é muito semelhante ao de Dark Souls, embora Bloodborne seja notoriamente mais rápido. Não existe um foco tão evidente em jogabilidade defensiva, mas antes em armas de fogo, que podem atordoar os inimigos antes de partirmos para o combate direto. Por esta amostra, Bloodborne incentiva a um estilo de jogo mais agressivo, e serão mais eficazes a evitar ataques com desvios rápidos do que a defendê-los. Apesar das diferenças, se estão habituados a Dark Souls terão a vida facilitada para se iniciarem em Bloodborne.

Infelizmente não conseguimos jogar durante muito tempo. Experimentámos explorar vários percursos diferentes da mesma área, uma cidade debaixo do manto escuro da noite, enquanto enfrentávamos inimigos diabólicos (alguns que apareciam dos cantos, prontos a surpreender o jogador). As dicas deixadas por outros jogadores foram muito apreciadas, mas mesmo assim não conseguimos evitar várias mortes - o que já é esperado de um jogo da From Software.

Vão encontrar várias classes no jogo, cada uma com as suas habilidades, fraquezas e vantagens específicas. A personagem que experimentámos estava mais focada em velocidade, mas outra parecia bem mais forte e resistentes, equipada com um martelo massivo. No evento tivemos ainda a oportunidade de conhecer uma das novas funções do jogo, apresentada pelo próprio criador Hidetaka Miyazaki - as Chalice Dungeons.

Miyazaki fez questão de mencionar, repetidamente, que esta função ou modo de Bloodborne é muito inspirado por jogos Roguelike, embora não seja necessariamente um. A grande semelhança entre estas masmorras e a de jogos como Spelunky é que são geradas aleatoriamente, mas não existem muitas mais semelhanças. Curiosamente, os jogadores poderão guardar as suas versões das masmorras e partilhá-las com outros jogadores.

Estas masmorras chamam-se Chalice Dungeons porque vão encontrar cálices onde podem realizar vários rituais, abrindo outras áreas da masmorra - é assim que são geradas aleatoriamente de forma faseada. Somos fãs de jogos Roguelike e de conteúdo gerado desta forma, mas isso choca com um dos melhores elementos da série Souls - o soberbo design dos níveis. Seja como for, estas masmorras serão uma componente integral da experiência (não um modo separado), mas não serão o grosso da campanha.

O que a From Software deseja atingir com estas masmorras é um crescimento da comunidade em torno do jogo, como já acontecia com Souls. A produtora pretende incentivar a cooperação entre jogadores, independentemente de serem personagens de grande nível ou baixo: "Ao conseguirem partilhar experiências ou informações sobre vários elementos de Bloodborne, pensamos que existe um grande número de possibilidades que podem acontecer," informo-nos Miyazaki.

"A forma mais simples do que estamos a descrever será, por exemplo, quando um jogador Hardcore conseguir ultrapassar um obstáculo, uma área ou um inimigo muito poderoso, tornando-se numa lenda ou numa espécie de herói entre a comunidade. Isso é o tipo de evento que pode acontecer, mas o oposto também é verdade. Um grupo de jogadores menos experientes pode encontrar algo interessante, ou descobrir formas de derrubar um obstáculo."

"Em Bloodborne existe essa oportunidade para que qualquer um se torne numa espécie de lenda, ou seja capaz de encontrar algo significativo; e isso é uma sensação fantástica. A forma como construímos o jogo, e como permitimos que partilhem algo com outros jogadores, significa que não são só os jogadores Hardcore, mas todos têm a hipótese de serem heróis, de serem os primeiros, e de se tornarem numa lenda. É algo que estamos ansiosos para observar, porque não conseguimos imaginar tudo. Vão existir algumas surpresas que não esperamos e isso será fantástico de seguir após o lançamento do jogo," concluiu o produtor.

A ideia parece-nos muito interessante, porque em cima do que é normalmente o tremendo volume de conteúdo que a From Software costuma criar, vão existir estes níveis partilhados entre jogadores. Parece-nos que o objetivo é que seja a comunidade a eleger as melhores versões das masmorras, adaptadas aos gostos de vários jogadores, sobretudo os que procuram os desafios mais difíceis ou únicos.

Diablo III foi uma das referências para Bloodborne, como admitiu o próprio Miyazaki, embora sejam obviamente jogos muito diferentes. As masmorras que experimentámos tinham uma verticalidade inesperada, com cerca de três camadas ou pisos por ambiente. Tivemos a oportunidade de assistir a uma sessão de jogo programada, onde um caçador desbastou vários inimigos até chegar a um boss. Eventualmente, encontrou um segundo jogador e ambos derrubaram um tremendo cão de guarda. Imaginem um cão gigante em chamas e furioso. Pareceu-nos claramente que o adversário só foi derrubado porque ambos agiram cooperativamente - isolados teriam tido muitas mais dificuldades. Estas novas masmorras parecem-nos à primeira vista uma excelente adição para Bloodborne e para a estrutura Souls, acrescentando ainda mais longevidade.

As Chalice Dungeons são apenas um elemento extra de Bloodborne, que pretende claramente ganhar nome em paralelo com Dark Souls II. Daí a dúvida: porquê Bloodborne e não Dark Souls III? Segundo o produtor, Bloodborne é algo diferente e o objetivo passava por criar um ambiente completamente distinto do de Dark Souls. Seja como for, os fãs da série Souls vão receber uma versão de nova geração de Souls II em abril.

"Isto deu-nos uma grande liberdade criativa, já que não estávamos presos ao cenário e ao tema habituais de Dark Souls. Isto é algo completamente novo. É algo que nos tem dado um gozo tremendo produzir. É fantástico estar de volta a um novo jogo, mas a liberdade criativa que Bloodborne nos deu é provavelmente o melhor aspeto do projeto."

Bloodborne será lançado em exclusivo para a PlayStation 4 a 25 de março. E nós mal podemos esperar.