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Crimson Dragon

Crimson Dragon

Como um sucessor espiritual da saga Panzer Dragoon para a Sega Saturn, Crimson Dragon consegue reanimar boas memórias.

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Dito isto, é também um exemplo chocante do quanto os jogos evoluíram desde essa altura. Este tipo de estrutura tão guiada, quase que em carris (On-Rails, se preferirem), está hoje em dia limitada a alguns momentos muito específicos de jogos de ação, mas já ninguém utiliza esta mecânica como a base para o seu jogo.

Ilusão ou não, a habilidade de escolher como abordar os objetivos de cada jogo aumentam o interesse do jogador. Regressar a este género tão clássico levanta o seu grau de nostalgia, mas as diferenças - a evolução - marcadas nos últimos anos da indústria, são difíceis de esquecer enquanto jogamos. As evidências das limitações são demasiado evidentes, mais ainda porque o design de Crimson Dragon está longe de perfeito. Todo o espetáculo no ecrã não esconde o quão enferrujados estão estes "carris" do género.

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Crimson DragonCrimson DragonCrimson Dragon
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Vão encarnar o papel de um cavaleiro de dragões no planeta Draco. Uma doença devastadora espalhou-se pelo mundo, causando a dizimação da população humana. Tendo sobrevivido a uma infeção desta doença, o protagonista consegue estabelecer uma ligação com dragões. Assim sendo, serão recrutados para salvarem o mundo, enquanto o percorrem às costas de um dragão. Para fazerem isso devem destruir tudo o que aparece pelo caminho. Simples.

Ao completarem missões vão evoluir de novatos a veteranos. Pelo caminho vão gastar a maior parte do tempo a evitar uma fornada de ataques roxos, laranjas e amarelos que são um verdadeiro assalto aos sentidos. O ecrã às vezes está tão cheio de cor que chega a ser desconcertante, enquanto tentam perceber o que se passa e onde devem apontar.

O design dos inimigos merece destaque, assumindo muitas formas e feitios. Os bosses, em particular, estão fantásticos e os dragões controlados pelo jogador são também impecáveis. Existem seis criaturas que podem controlar, distinguidas pelo tipo de ataque ao seu dispor.

Crimson Dragon
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Cada dragão pode alternar entre dois ataques, pressionando o gatilho esquerdo. Embora o ataque principal não possa ser alterado (depende do tipo de criatura que estão a comandar), o ataque secundário pode ser trocado por habilidades que desbloqueiam no fim das missões. Essencialmente variam entre os muito poderosos, mas difíceis de apontar, e os certeiros, mas menos poderosos.

O mesmo é verdade para os atributos físicos de cada tipo de dragão, que variam significativamente. Alguns têm defesas robustas, mas ataques medíocres, outros são rápidos e ágeis, mas não conseguem suportar muito dano.

Independentemente do tipo de ataque que usam, ou do inimigo que enfrentam, o método não muda. Devem mover a mira para cima do alvo e pressionar no gatilho direito para disparar. Com certos ataques podem passar o nível todo com o dedo no gatilho, bastando escolher a direção do ataque.

Cada missão tem três objetivos, e a maioria inclui uma batalha com um Boss. Devem derrotar o máximo de inimigos possível, evitar dano e recolher bolas enquanto navegam alguns elementos mais traiçoeiros do cenário. Algumas missões variam a ordem dos objetivos, mas mesmo assim vão repeti-los tantas vezes que vão perder o interesse rapidamente.

Crimson Dragon

Para terminarem os níveis vão precisar de bons reflexos para evitarem os ataques. Podem navegar a área limitada ao ecrã com o analógico esquerdo, utilizando os botões de topo para rolar de um lado para o outro.

O jogo vai conduzir o vosso progresso através do nível automaticamente, embora não o faça necessariamente por caminhos seguros. Por vezes surgem obstáculos no ecrã que devem evitar, movendo o dragão para os lados.

No entanto o jogo nem sempre é evidente com as direções que devem tomar para evitar o cenário. Por vezes a câmara muda de uma forma inesperada e como o movimento é limitado pela área do ecrã, podem acabar ainda mais próximos do objeto que estavam a tentar evitar.

Na série de Panzer Dragoon exista um elemento de estratégia e planeamento que completava a natureza frenética da ação. Podiam inclinar a câmara manualmente para os quatro lados do dragão - frente, flancos e traseira - de forma a controlar melhor as ondas de inimigos. Um pequeno radar deixava indicações de onde podiam surgir as próximas vagas de inimigos.

Aqui também podem inclinar a câmara, mas num ângulo mais limitado. E também existe um radar no ecrã, mas como a localização indicada dos inimigos é baseada na direção para onde a câmara está inclinada, pode ser confuso conjugar os dois elementos. Por vezes parece que é necessário aprender os níveis de cor antes de avançar.

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Existem algumas sequências onde vão abandonar a estrutura por carris em favor de secções em arenas. Muitas das batalhas com Bosses envolvem abordar vários alvos em simultâneo e nestes momentos estão livres para voar em qualquer direção que desejem. Os botões de topo deixam de permitir rolar para em vez disso mudarem a direção do vosso dragão.

Nestes momentos os controlos são horríveis. Crimson Dragon foi desenhado originalmente como um título exclusivo de Kinect, até que os fãs se manifestaram e exigiram que o jogo suportasse um comando tradicional. Talvez por isso os controlos não sejam tão precisos como deviam. O analógico direito controla a câmara e a mira, dificultando o posicionamento correto, mas até os movimentos mais simples parecem rígidos e de resposta limitada.

Visualmente, Crimson Dragon é decente, mas não há aqui nada que nos pareça de "nova geração". As cores são muito vivas e o ecrã está sempre cheio de inimigos e cenários. É um visual excitante, mas nada de impressionante.

As secções de história entre missões são outra desilusão. Vão ver imagens estáticas de hologramas de outras personagens que conduzem o avanço da narrativa. A falta de vida destas cenas quebra qualquer incentivo que pudessem ter para continuar a campanha. Cada personagem olha para o vazio, congelados numa única pose, debitando diálogos que são normalmente fracos e sem interesse. A própria história é circinal e confusa, com conspirações e traições. Se conseguirem manter o interesse até ao fim serão presenteados com uma conclusão abrupta. É difícil perceber o motivo do conflito, porque era tão importante vencer ou como as nossas ações mudaram fosse o que fosse. É ainda mais difícil manter o interesse.

Os elementos RPG estendem a longevidade além da primeira sessão pela campanha. Ao evoluírem os seis dragões vão desbloquear mais de 100 habilidades diferentes e ainda existe uma loja que vende ampolas que aumentam os atributos e até outros dragões, por isso é crucial a repetição de conteúdo para recolher mais créditos, se pretenderem atingir os 100% de jogo.

Alguns dragões podem ser melhorados, mas são bloqueados em níveis específicos, até que recolham itens específicos que permitem continuar o processo. Estes itens são recolhidos a partir de criaturas raras, que aparecem ocasionalmente durante as missões.

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É uma pena que Crimson Dragon não inclua maior variedade na jogabilidade. Os objetivos constantemente repetidos e os controlos medíocres impedem uma experiência satisfatória. Com maior diversidade entre missões e controlos mais precisos, Crimson Dragon podia ter sido bem mais relevante.

Se pertencem ao grupo de fãs dos Panzer antigos, Crimson pode parecer muito tentador, mas esta é uma versão muito mais faltosa e vazia da experiência que o mito, o mundo e as mecânicas da trilogia original da Sega apresentaram. Não merece o tempo dos fãs da saga e existem jogos bem melhores no lançamento da Xbox One.

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04 Gamereactor Portugal
4 / 10
+
Design dos inimigos e dos dragões. Muito para fazer.
-
Está datado. Controlos medíocres. História fraca e mal apresentada.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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ANÁLISE. Escrito por Jon Newcombe

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