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Phoenix Point

Phoenix Point

Era muito antecipado por fãs de Xcom, mas terá cumprido com as expetativas?

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Phoenix Point foi um jogo que começou a gerar bastante expetativa entre os fãs do género de estratégia por turnos, sobretudo os que apreciam a série Xcom, já que foi produzido com o auxílio do criador original dessa saga, Julian Gollop. Mas considerando que o género evoluiu imenso ao longo dos anos, em particular com os lançamentos mais recentes de Xcom, estará este Phoenix Point ao nível do esperado? Bem, a resposta não é tão simples quanto pode pensar.

Isso deve-se ao facto de que, embora Phoenix Point tenha alguns defeitos que prejudicam a experiência, tem também vários fatores positivos, a começar pela história inspirada nas obras de Lovecraft. A premissa habitual de uma invasão alienígena foi trocada por algo ainda mais sinistro, na forma de um vírus antigo que estava congelado nos icebergues, e que ficou a descoberto devido ao aquecimento global. Este vírus transforma as pessoas em bestas horríveis com carapaças estilo caranguejo e alguns poderes macabros. Quando o jogo arranca, o vírus tomou conta da maioria da população, e a pouca humanidade que resta tenta lutar pela sobrevivência.

O degelo dos icebergues não tem apenas importância por causa do vírus, já que o nível da água subiu de tal forma que desfigurou a face do próprio planeta. Os governos também desapareceram, e no seu lugar surgiu um trio de fações com propósitos diferentes - uma que defende a humanidade pura, outra que é toda a favor de tecnologia, e outra que não está assim tão incomodada quanto isso com mutações. Enquanto líder do Phoenix Project terá de interagir com estas fações, numa tentativa de resgatar a humanidade de um fim anunciado.

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Como Xcom, a jogabilidade de Phoenix Point apresenta duas componentes distintas. Uma envolve os combates no terreno, por turnos, enquanto controla os soldados que recrutou. A outra está mais virada para gestão, desenvolvimento, e táticas. Curiosamente foi esta segunda componente que acabou por nos conquistar, já que está bastante bem desenvolvida.

Vai começar a sua demanda com acesso a uma base e uma nave, que permite viajar para os vários pontos do globo onde se passam as missões. Quanto chega a uma região deve tentar conversar com os locais, tentar perceber o contexto do que se passa, e participar nas batalhas contra o inimigo. Ao contrário objetivos secundários estará também a ganhar a hipótese de recrutar mais soldados destas comunidades.

O sistema de três fações é uma peça interessante que permite várias abordagens e interações. No nosso caso acabámos por evitar grandes confrontos com qualquer uma delas, já que acreditámos que uma união seria a melhor solução, mas pareceu-nos que essa abordagem não foi a escolha acerta, como se não fosse a opção que o jogo gostaria que o jogador tomasse. É também através da exploração que irá descobrindo as várias mecânicas da jogabilidade o contexto da história, ainda que o jogo exija demasiada leitura nos anexos.

O seu progresso será medido, não só pelo avançar através das missões de história, mas também pelo estado da operação, com pesquisa e melhoramentos da base no topo da agenda. Até pode desfazer armas as que recolhe para fazer engenheira invertida e aprender o seu processo de criação. Os soldados também evoluem, encaixando num sistema de habilidades por classe, mas a possibilidade de escolher uma segunda classe depois do soldado evoluir um pouco, é uma opção que acrescenta ainda mais diversidade tática.

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Phoenix Point

Eventualmente irá chegar a altura de tomar o controlo do grupo no campo de batalha, e aqui tudo funciona à base de turnos num sistema por grelhas. Existe muita cobertura onde os soldados se podem abrigar e várias estruturas para explorar, tudo através de um sistema de geração automática de mapas. Isto significa que os mapas serão sempre diferentes, mas o lado negativo desse sistema é que acaba por faltar a perícia e a excelência de um design feito 'à mão'.

Isto leva-nos a um problema do jogo, que é a qualidade inferior da inteligência artificial. O seu comportamento está longe de ser brilhante, com uma gestão pouco cuidadosa das unidades, que frequentemente as coloca em situações de perigo. Isto acaba por retirar desafio e autenticidade ao sistema de combate, e consequentemente reduz a diversão que pode tirar do jogo. Não que seja assim tão frequente como isso, mas é realmente evidente quando a IA comete um erro.

Quanto à jogabilidade propriamente dita, inclui algumas alterações em relação ao que costuma ser habitual no género, já que em vez de apresentar um estilo de fazes, Phoenix Point inclui um esquema de pontos de ação, mais ao estilo de um Divinity: Original Sin. Preferimos este sistema, já que oferece maior flexibilidade ao jogador, e ainda existe uma mecânica em torno de força de vontade, que governa a capacidade para executar habilidades.

Outro sistema curioso é o de dano localizado, o que significa que um tiro na mão pode impedir a vítima de usar a sua arma no turno a seguir. O facto do inventário estar também muito bem organizado e de ambiente ser agradavelmente interativo, torna Phoenix Point num jogo bastante dinâmico. O senão é que entre todos estes elementos acabam por surgir alguns bugs e problemas técnicos, ainda que não tenhamos encontrado nada de muito grave.

Também apreciámos a variedade de tipos de inimigos, que obrigam a diferentes tipos de abordagem por parte do jogador. Isso ajudou a tornar algumas missões mais interessantes, já que por vezes o objetivo e a geração automática do mapa podem tornar a experiência em algo monótono. Uma palavra ainda para o grafismo, que se apresenta em boa qualidade, ainda que a banda sonora e a prestação dos atores deixem algo a desejar.

Estávamos muito curiosos para jogar Phoenix Point, que tem de facto algumas ideias e abordagens interessantes, mas em última análise acaba por ser prejudicado por alguns defeitos. Se alguns podem ser atribuídos a valores de produção reduzidos, outros recaem simplesmente em escolhas de design e alguma execuções menos conseguidas. Se vale a pena jogar? Sim, se é fã do género, mas Xcom 2 continua bem à frente na lista.

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Phoenix Point
Phoenix PointPhoenix Point
07 Gamereactor Portugal
7 / 10
+
Boas camadas estratégicas. Algumas inovações interessantes. Boa variedade.
-
Inteligência artificial não está à altura. Vários problemas técnicos.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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