Somos fãs de Max Payne, Stranglehold, e Hotline Miami, os três jogos que mais influenciaram The Hong Kong Massacre, logo, esperávamos o lançamento deste jogo com alguma expetativa. A questão que se coloca então é: "corresponde ao potencial?". Bem, nem por isso, mas The Hong Kong Massacre tem, ainda assim, alguns pontos a seu favor. Para começar, o jogo descarta por completo qualquer tipo de narrativa real, apresentando um antigo polícia que procura vingança pelas próprias mãos.
As triads de Hong Kong mataram o seu parceiro, e o protagonista tudo fará para que as máfias chinesas paguem pelos seus crimes. A história em si não é brilhante, mas o pior é mesmo a forma como é apresentada, através de flashbacks com a personagem a relatar acontecimentos sentada numa sala de interrogação. Entre estas sequências carregadas de texto, vão ver alguns momentos cinemáticos, embora sejam muito simples e básicos. Talvez algo mais subtil e misterioso como Hotline Miami fosse mais interessante, mas felizmente para The Hong Kong Massacre, ninguém o vai jogar pela história, e sim pela jogabilidade.
A jogabilidade não é perfeita, nem está afinada ao nível de Hotline Miami, mas foi suficiente para nos agarrar durante algum tempo, e mesmo quando desligávamos Hong Kong frustrados com alguma bala perdida que terminou a nossa sessão quase perfeita, acabaríamos sempre por voltar mais tarde. Os controlos são muito sólidos, e visualmente, The Hong Kong Massacre está também muito bem realizado. Ambos são elementos vitais para a experiência, já que basta uma bala para perderem.
À primeira vista, The Hong Kong Massacre parece uma cópia descarada de Hotline Miami, com a sua perspetiva de topo, tiroteios intensos, e base de tentativa e erro. Existe, contudo, um elemento que ajuda a distinguir The Hong Kong Massacre, na forma de uma mecânica que abranda o tempo quando a personagem se atira pelo ar. É uma mecânica popularizada por Max Payne, mas que encaixa bem com o design de Hotline Miami, e assim formando a base de The Hong Kong Massacre.
Cada nível está recheado de inimigos, e entrar numa sala com mais de dois oponentes, pode acabar com tudo muito rapidamente - ter uma sala cheia de balas, quando basta uma para matar o jogador, está longe de ser uma situação ideal. O facto dos inimigos também terem a capacidade de evitar balas só ajuda a complicar a situação, forçando o jogador a avaliar bem cada sala. É um processo de tentativa e erro, suavizado pelo facto dos loadings serem quase instantâneos. Ao todo vão atravessar 35 níveis, que não são muito grandes, e cada um tem desafios extra. Infelizmente, tanto esses desafios como os próprios cenários, apresentam escassa variedade, o que pode provocar uma certa fadiga do jogo bastante rapidamente.
Passar de um restaurante para uma garagem e depois para um apartamento, pode parecer diversificado, mas como são todos estruturados da mesma forma, essa variedade acaba por ser falsa. Ver os mesmos tipos de inimigos, portas, janelas, e desafios ao longo de vários níveis, torna-se bastante aborrecido, e facto de só existirem cinco bosses que seguem comportamentos muito semelhantes, não melhora a situação. A única variedade que é realmente oferecida ao longo do jogo surge na forma das diferentes armas que podem usar, mas só isso não chega.
Essa repetição é o grande pecado de The Hong Kong Massacre, algo mais difícil de perdoar do que a abordagem à narrativa do jogo. É uma pena, porque a nível de controlos, The Hong Kong Massacre é bastante sólido, e a forma como jogo 'explode' o ecrã com vidros, objetos partidos, balas, e pedaços dos inimigos, é extremamente satisfatório. Se são realmente fãs de Hotline Miami, vale a pena considerar The Hong Kong Massacre, desde que tenham a consciência de que não será tão bom como esse jogo.