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State of Decay 2

State of Decay 2

Depois de um decepcionante Sea of Thieves, será este o primeiro grande exclusivo de Xbox One em 2018?

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A Bethany está a morrer. Ela foi mordida por um zombie e ficou infetada com a "Blood Plague", uma condição que só pode ser curada nos momentos seguintes à mordidela, caso contrário, transforma o hospedeiro num zombie. Neste ponto, Bethany já não tem cura possível, o que apenas permite duas opções: matá-la com um tiro na cabeça de forma misericordiosa, ou expulsá-la da comunidade para que tente a sua sorte até se transformar. Este é um exemplo das decisões que terão de tomar durante State of Decay 2, um jogo que tenta seguir o caminho de The Walking Dead, no sentido em que aproveita o contexto de um apocalipse zombie para colocar os sobreviventes em situações extremas.

À semelhança do antecessor, State of Decay 2 volta a colocar o jogador num mundo aberto devastado por uma civilização transformada em mortos-vivos. Agora cabe aos sobreviventes colaborarem para tentarem criar uma comunidade capaz de se aguentar neste ambiente terrível. Logo de início terão de tomar uma decisão, nomeadamente sobre o duo de sobreviventes com que vão começar o jogo. Cada par tem a sua própria estória, desde um casal homosexual que está sempre a discutir, a dois velhos amigos, passando por irmãos. Essa escolha, contudo, não é assim tão relevante, já que não vão estar sempre a jogar com eles. Aqui vão assumir o controlo de uma comunidade, onde todos os membros são jogáveis, e onde todos podem morrer, e não apenas de uma ou duas personagens.

Em relação ao antecessor, State of Decay 2 faz um esforço para tornar os membros da comunidade mais interessantes, oferecendo personalidades e objetivos a cada um deles. Apesar deste esforço, será inevitável que acabem por criar laços com alguns, que acabem por eleger alguns favoritos. Isso vai determinar quais as personagens que vão evoluir mais ao longo do jogo, e que personagens vão assumir papéis mais determinantes na comunidade.

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Um líder do grupo terá muito com que lidar. Existe o lado mais prático da liderança, de sair e procurar sobreviventes, recursos, e possíveis áreas para expandir ou mudar. Depois é preciso gerir o grupo e os recursos. Construir equipamento, distribuir comida, orientar tarefas, definir a construção de áreas úteis, e outras tarefas semelhantes. Cada sobrevivente tende a ser melhor numa ou noutra especialização, e cabe ao jogador saber como melhor potenciar essas características. Alguém com capacidade militar será mais indicado para sair da base, enquanto que engenheiros e médicos são mais úteis no recinto. Existe uma grande profundidade neste aspeto do jogo, com muitas opções e números para considerar, mas também é preciso considerar a personalidade e a felicidade de cada personagem.

Não esperem um grande desempenho do vosso grupo se estiverem doentes, com fome, ou com sono. Precisam de criar camas, arranjar comida e onde cozinhá-la, e criar centros médicos improvisados onde os médicos possam trabalhar. Como já referimos, existe muito por onde explorar, mas o jogo podia ser melhor na forma como explica ao jogador como tudo funciona. Por exemplo, podem receber uma mensagem a dizer que o grupo ficará mais contente se tiver água corrente, mas depois não explica como isso se faz. Existem vários casos semelhantes, que deviam ser mais claros para o jogador.

No mundo vão encontrar várias estruturas, como casas, garagens, pátios, armazéns... e tudo pode ser explorado e até conquistado pelo jogador. Se não gostarem de uma base, podem mudar de localização, embora não seja um processo simples. Isso requer veículos onde possam transportar a comunidade e os recursos, e isso é arriscado, já que muita coisa pode correr mal durante o caminho. E antes de tomarem uma base, têm de eliminar todos os zombies na área. O mapa em si não é gigantesco, e é minúsculo comparando com algo como Assassin's Creed: Origins, por exemplo, mas é grande o suficiente para os propósitos do jogo.

Além do lado de gestão e de evolução, existe a jogabilidade mais direta. State of Decay 2 funciona como um jogo de ação na terceira pessoa, com combate físico, ação furtiva, e tiroteios, além de incluir ainda a condução de veículos. Nenhuma componente é particularmente brilhante, mas todas funcionam bem. Podem aceder a uma série de armas, de curto alcance a armas de fogo, mas têm também de considerar factores como o barulho que as armas podem fazer - um disparo de uma pistola vai alertar todos os zombies de uma zona. Caso se dediquem a explorar, também existem armas e acessórios raros que podem ser uma boa ajuda.

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O jogo não tem uma estrutura linear para seguir. O objetivo passa por explorar, conquistar bases, destruir infestações, recolher recursos, e gerir a comunidade. O grande objetivo a longo prazo passa por erradicar a Blood Plague, uma nova doença que é ainda mais agressiva que a mordidela típica dos zombies. Para a derrotar têm de encontrar Blood Hearts, grande pedaços de carne que são o epicêntro da doença. É quando chegam a este ponto, depois de terem uma comunidade estabelecida, que o jogo se torna particularmente repetitivo, entrando num ciclo previsível. Além deste 'objetivo geral', também existem outros objetivos a cumprir, específicos para cada personagem eleita como líder.

Uma forma de quebrar a monotonia que se instala em State of Decay 2 é participar no modo cooperativo. Podem jogar com amigos, ou podem usar o sistema de emparelhamento para se juntarem ao mundo de desconhecidos ou vice-versa. A diferença é que, ao visitarem o mundo de outro jogador, só vão ficar com a experiência, as armas, e os recursos que conseguirem. O progresso do mundo em si será exclusivo do jogador desse mundo.

State of Decay 2 tem alguns problemas técnicos, mas não encontrámos nenhum que classificássemos como grave, ou que tivesse prejudicado significativamente a nossa experiência de jogo. O grafismo em si é notoriamente superior ao antecessor, embora não seja nenhum portento gráfico. Estamos a falar de um jogo com um orçamento reduzido em relação aos grandes AAA, e isso significa que os níveis de produção visíveis no ecrã correspondem à realidade do seu orçamento.

O apelo de State of Decay 2 encontra-se algures entre a jogabilidade emergente e as consequências permanentes, falhando apenas nas horas finais de jogo quando tudo se torna repetitivo e previsível. Construir uma comunidade a partir do nada e geri-la tem um grande apelo, e os momentos de tensão que surgem durante a jogabilidade tornam a experiência entusiasmante. Em cima disso existem as decisões difíceis que terão de tomar enquanto líderes de uma comunidade que procurar sobreviver a todo o custo. Se são fãs deste género de sobrevivência, e em particular deste contexto de zombies misturado com drama humano, é bem possível que venham a apreciar imenso State of Decay 2, mais ainda se partilharem a experiência com um amigo. Pena que, mais uma vez, seja visível aqui o potencial para se fazer muito mais e melhor, mas que isso não tenha sido possível.

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07 Gamereactor Portugal
7 / 10
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Mecânicas de jogabilidade e design permitem a criação de situações interessantes e espontâneas. Ligação real com as personagens.
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Algumas mecânicas não são devidamente explicadas, e isso causa frustração. Repetição. Algumas oportunidades falhadas.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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