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Lost Sphear

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Tem os seus toques de modernismo, mas no coração é um RPG da velha guarda.

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Da Tokyo RPG Factory chegou-nos este Lost Sphear, uma espécie de sucessor espiritual de I Am Setsuna. Como esse jogo, também Lost Sphear pisca o olho à década de 90 dos RPG, lembrando títulos como Chrono Trigger e Final Fantasy VII, não só ao nível visual, mas também em termos de substância. É um jogo com personagens fortes, uma batalha pela paz contra a tirania, enormes mundos, e masmorras para explorar. O sistema de combate também é um derivado do clássico ATB (Active Time Battle), no sentido em que cada personagem - do jogador e do oponente - tem de recarregar antes de realizar uma ação.

Lost Sphear passa-se num mundo em que as memórias estão a ser esquecidas, monstros terríveis caminham pela terra, e várias aldeias começaram a desaparecer num estranho nevoeiro branco. A personagem principal é Kanata, que depois de um sonho bastante vívido, descobre que a sua aldeia desapareceu. Com a ajuda de um grupo de aventureiros, Kanata desvenda um mistério relacionado com as memórias, que lhe permite reintroduzir essas recordações no mundo.

Se apreciam o estilo visual dos jogos que referimos em cima, vão gostar do grafismo de Lost Sphear. Tem uma palete de cores muito suave, quase a lembrar aguarelas, e ajusta-se de forma dinâmica ao que está a acontecer na estória. Na PS4, Lost Sphear corre ainda a 60 frames por segundo, enquanto que na Switch fica pelos 30 frames. Naturalmente que a versão PS4 é por isso superior, mas 30 frames são suficientes para terem uma boa experiência de jogo. Gostámos do grafismo e do trabalho artístico da Tokyo RPG Factory, mas não esperem grandes sequências de vídeo ao estilo de Final Fantasy. Lost Sphear é bem mais comedido em termos de valores de produção. Isso não parece ter afetado a qualidade da banda sonora, que é maravilhosa. Existem aqui faixas melancólicas, mas também bastante poderosas, e algumas que ficaram presas no nosso imaginário mesmo depois de jogarmos.

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O grosso da estória de Lost Sphear é exposto através de diálogos à base de texto, um elemento que por si só pode desapontar alguns jogadores. O facto de não existirem vozes só agrava esse problema. Se não são grandes fãs de ler textos durante os jogos, podem sempre acelerar a passagem dos textos ou ignorá-los completamente, embora com isso percam alguns momentos importantes. Nas definições podem ativar uma série de funções que visam poupar tempo ao jogador, incluindo meios de acelerar os eventos, e até o sistema de combate.

Por falar no combate, não será muito estranho para quem jogou I Am Setsuna. Como já referimos, utiliza o sistema ATB, mas um dos principais destaques é a forma como o posicionamento das personagens pode ter impacto no desenrolar das batalhas. Cada personagem tem um estilo distinto de combate. Algumas preferem combater à distância, outras mais próximas. Algumas têm habilidades capazes de causar dano a várias unidades, outras são mais indicadas para combater alvos únicos, e assim por diante. O que referimos em termos de posicionamento pode ser descrito com a personagem Van, que tem um ataque capaz de perfurar vários inimigos em linha, maximizando o seu dano. Cada personagem tem ainda acesso a um poder mais poderoso, que fica disponível depois de uma barra encher durante o combate.

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O sistema de combate tem ainda uma mecânica de habilidades que as personagens podem explorar, mas que não é muito explicado pelo jogo, e cujo custo é bastante dispendioso. Isto significa que não é fácil experimentar com estas habilidades. Para as ativarem precisam de Spiritnite, um cristal com propriedades mágicas que podem comprar em lojas, e que podem ser enriquecido com efeitos extra, como poder de cura ou dano de fogo, por exemplo.

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Ainda mais complicadas que as habilidades são as armas e a armadura. Cada peça de equipamento pode ser fortificada com Spiritnite colorida, e dependendo da combinação de cores, podem aumentar imenso a respetiva capacidade de dano ou de proteção. O problema é que nunca têm acesso ao valor base de um item que melhoraram, o que significa que é difícil perceber se uma arma nova é melhor ou pior do que a arma que têm atualmente na sua forma inicial. Considerando que vão ter meia dúzia de personagens, com diferentes peças de equipamento, pode tornar-se bastante complicado gerir este lado do jogo - para não dizer dispendioso.

O jogo também tem algumas funções desnecessárias, como pesca. Podem pescar para conseguir ingredientes para refeições, mas considerando que podem ir comprar refeições feitas nas aldeias, e que existem muitos outros ingredientes de efeito semelhante, a pesca torna-se virtualmente inútil - a menos que sejam os maiores fãs de pesca do mundo.

Gostámos das 20 horas que passámos com Lost Sphear, uma duração que nos pareceu perfeita antes que o jogo se tornasse aborrecido. É uma experiência agradável, com um visual apelativo, excelente banda sonora, e uma estória algo interessante, mas que tem também algumas falhas - além de nunca chegar a ser realmente especial ou memorável. É uma proposta interessante para os grandes fãs do género JRPG, mas fora isso e algum valor nostálgico, não há muito mais a destacar em Lost Sphear.

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06 Gamereactor Portugal
6 / 10
+
Visual apelativo. Boa longevidade. Banda sonora agradável. Sistema de combate tem qualidade.
-
Ausência de vozes pode incomodar alguns jogadores. Alguns sistemas são excessivamente complexos. Tem funções desnecessarias.
overall score
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ANÁLISE. Escrito por Graham Bellars

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