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Elex

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Um mundo onde ficção científica e fantasia se fundem... mas não da melhor forma.

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A Piranha Bytes não é nenhuma estranha quando o assunto é o género RPG. No seu currículo conta com vários jogos das sagas Gothic e Risen, e ainda que nenhuma dessas séries seja brilhante, representam a experiência que o estúdio tem a abordar o género. Elex é o seu novo jogo, um projeto completamente original que tenta fundir elementos de fantasia com ficção científica. No fundo é um RPG massivo, em mundo aberto, onde vão explorar uma terra devastada num cenário pós-apocalíptico. É uma ideia interessante no papel, mas a execução está longe de ser perfeita.

A ação passa-se em Magalan, uma utopia tecnológica que foi devastada por um enorme cometa. Agora tudo o que resta são as ruínas de uma civilização outrora magnífica. Entre o cometa foi encontrado um novo elemento, Elex, que permitiu criar nova tecnologia e até formas de "magia". Por ser um elemento altamente viciante, mas também tóxico, Elex também causou que muitos se tornassem mutantes ou loucos. A partir desde novo contexto mundial ergueram-se quatro fações: Outlaws, Clerics, Berserkers, e Alb; cada um com a sua própria visão de como o Elex deve ser usado.

O jogador vai assumir o papel de Jax, um antigo comandante das forças especiais de Alb que foi condenado à morte, depois de ter falhado uma missão que iria "mudar o destino de Magalan." Depois de ser disparado de um desfiladeiro, e milagrosamente sobreviver, o jogador vai acordar sem armas e armadura, equipado apenas com um cano ferrugento para se defender. Como é óbvio que a Alb iria imediatamente caçar e eliminar Jax se descobrisse que estava vivo, o protagonista decide então juntar-se a uma das outras fações.

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A exploração é uma componente essencial de Elex, e bem cedo desbloqueiam a oportunidade para explorar o seu mundo massivo através de desertos, florestas, e ruínas vulcânicas. É impressionante, sobretudo porque não existem ecrãs de loading durante a jogabilidade, nem quando entram nas bases das fações. O mundo de jogo, e a variedade de ambientes que podem explorar é um dos pontos mais fortes de Elex, um mundo que parece a meio caminho entre algo como Fallout e The Witcher 3. Se num minuto estão a enfrentar soldados Albs equipados com fatos mecânicos, no outro podem estar em confronto com aranhas gigantes ou dinossauros. Até terão acesso a um Jetpack, que permite navegar o ambiente com grande facilidade.

Elex também consegue transmitir uma boa sensação de poder ao jogador, no sentido em que podem influenciar o jogo e a estória. Todas as personagens podem ser mortas, mas o jogo arranja forma de se adaptar, nem que isso signifique simplesmente terminar uma missão porque uma personagem essencial morreu. O simples facto de puderem escolher uma das três fações determina uma série de elementos, incluindo a evolução da estória, o equipamento, as armas, e até algumas habilidades que vão ter.

O progresso da personagem funciona de forma tradicional, permitindo subir de nível conforme eliminam inimigos e cumprem missões. Sempre que sobem de nível vão ganhar 10 pontos de atributos, que podem distribuir como quiserem. Isto permitirá aumentar a capacidade do inventário, o tipo de habilidades que podem usar, e outras vantagens semelhantes. Também podem desenvolver as capacidades de combate, sobrevivência, criação de itens, e personalidade, dependendo de missões que completam e conversas que têm com outras personagens.

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Elex inclui também um dos arsenais mais expansivos e variados que vimos num RPG de ação. Desde espadas a lança-chamas, de arcos e flechas a lança-mísseis, a escolha é tremenda. Até podem usar habilidades especiais para criar escudos, invocar drones, ou arremessar grandes ondas de choque. Apreciamos a escolha variada que o jogo oferece, ainda que alguns elementos de fantasia, próximos de magia, pareçam um pouco fora de sítio.

A Piranha Bytes chegou a mencionar a influência de Dark Souls no seu sistema de combate, e isso é evidente no jogo. A forma como a energia afeta o rendimento da personagem, obrigando a uma gestão cuidada, lembrou-nos de Dark Souls, tal como o sistema de desvio dos ataques. Infelizmente a execução está muito longe de atingir o nível a que os jogos da From Software nos habituaram. Além de ser um sistema de combate trapalhão, o equilíbrio entre ações e o consumo de energia não é tão preciso, o que causou alguma frustração. Reparámos também que os ataques à distância funcionam muito melhor que os combates a curto alcance, o que nos levou a preferimos esse método.

Além do combate medíocre, Elex sofre também às mãos de vários problemas técnicos e de uma pobre prestação do departamento sonoro. As animações das personagens são fracas, e em termos de faces, estão completamente descoordenadas com as vozes - que por sinal não beneficiam das melhores prestações dos atores. A banda sonora em si tem alguma qualidade, mas também aqui existem problemas técnicos, ao ponto de começar a tocar uma música durante uma conversa que impossibilita perceber o que a personagem está a dizer. Por último, encontrámos um mar de "bugs", erros, e falhas que prejudicaram seriamente a experiência de jogo e a imersão.

Em alguns momentos Elex teve-nos na mão, envolvendo-nos no seu mundo de fantasia e ficção científica, mas o jogo precisa claramente de mais trabalho. Falta polir muitos aspetos da experiência, desde o combate às animações, e isso afeta demasiado a diversão de que está a jogar. Não sabemos o que o futuro reserva a Elex. Talvez a Piranha Bytes decida dedicar os próximos meses a melhorar a experiência de jogo com atualizações? Isso seria bom, mas como está, é difícil recomendá-lo, mesmo considerando tudo o que faz bem.

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06 Gamereactor Portugal
6 / 10
+
Mundo aberto expansivo. Muita variedade de armas. Conceito interessante.
-
Combate trapalhão. Muitos problemas técnicos. Animações medíocres.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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